sexta-feira, 30 de julho de 2010

Arte Faraônica

  • Ao descobrir Karnak em 1828, Champollion exclamou:

Nós, europeus, não passamos de liliputianos. Nenhum povo antigo ou moderno concebeu a arte da arquitetura numa escala tão sublime, tão grandiosa, como fizeram os antigos egípcios... Uma só coluna de Karnak isoladamente é mais monumento que as quatro fachadas do pátio do Louvre.

De qualquer modo, nenhuma outra civilização deixou tantas maravilhas. Nenhuma alcançou esse grau de excelência tanto no colossal quanto no infinitamente pequeno. Os mesmos que conseguiram construir Karnak foram capazes de gravar hieróglifos em minúsculas ametistas. Ergueram as pirâmides e esculpiram em marfim a estátua de uma jovem nua, que, com seus 10 cm de altura, deixa admirados todos os visitantes do Louvre. Da delicadeza desconcertante à grandiosidade esmagadora, a arte egípcia é uma arte de extremos. É como se a imensidão do deserto, atravessada por um estreito vale, tivesse engendrado majestade e sobriedade.

Nada restou dos palácios e das casas da época faraônica, porque foram feitos com tijolo cru. Já as moradas dos deuses e dos mortos, destinadas à eternidade, exigiram materiais resistentes. Depois de terem utilizado barro, madeira, feixes de bambu e de papiro, os egípcios escolheram a pedra, admiravelmente trabalhada por eles com ferramentas rudimentares. Templos e túmulos sobreviveram aos séculos, com a ajuda da areia protetora.

Não há nada de gratuito nessa arte, essencialmente religiosa. Uma estátua não é a representação de uma pessoa ou de um deus, mas seu corpo sobressalente. Dispensava-se um grande cuidado aos afrescos que ornam as paredes dos túmulos: quanto mais perfeito o desenho, maiores as chances de ele fazer existir aquilo que ele representa. A eficácia aumenta quando as inscrições são em relevo. Esse desejo de perfeição e transfiguração produz a beleza peculiar à arte do Egito faraônico: quase todas as personagens representadas são soberbas, não há lugar para a feiúra ou para as deformidades físicas.

Nada de gratuito. Nada de arte pela arte. Mas sempre se pode imaginar que os palácios e as casas também abrigavam obras-primas para o simples prazer dos olhos. Nas ruínas de Tell el-Amarna, foram encontrados fragmentos de piso pintado que evidenciam isso, além das muitas peças de louça e das jóias que chegaram até nós.

Nessas paredes cobertas de baixos relevos, os rostos parecem intercambiáveis. Não vemos nem o caráter da pessoa representada, nem seus estados de ânimo passageiros. Trata-se de mostrar coisas essenciais, que ultrapassam o indivíduo e o instante. A iluminação do momento é ignorada: as figuras destacam-se perfeitamente, sem efeitos de luz e sombra. É a totalidade do real que deve ser apreendida. Não o real como o vemos, mas como o representamos.

A arte egípcia é imediatamente reconhecível, pois respeita convenções muito peculiares. As personagens, por exemplo:
  • Estão ao mesmo tempo de frente e de perfil, como se nada devesse ser escondido.
  • Vemos os dois ombros, os dois braços e as duas pernas e todos os dedos alinhados.
  • O polegar está malposicionado: essas figuras tem duas mãos direitas ou duas esquerdas.
  • Não há perspectiva, mas enxergamos através dos objetos: conteúdo e continente aparecem simultaneamente.
  • Um mesmo desenho pode conter escalas diferentes, já que o tamanho das personagens corresponde à sua importância na escala social: um rei é maior que um alto funcionário público, e este ultrapassa em uma cabeça um simples soldado.
  • As cores também obedecem as regras aparentemente não realistas: a pele dos homens é de um ocre avermelhado, enquanto a das mulheres exibe um ocre mais amarelado.

No campo da escultura, os egípcios não rivalizam com os gregos. Suas estátuas são estáticas e geralmente ostentam uma pose afetada, com os braços colados ao corpo. Muitas obras trazem a marca do bloco inicial de onde saíram: são estátuas cubos – dotadas de um pedestal e de um pilar dorsal. Homem e pedra são um só. Apesar das poses rígidas, os rostos são marcantes, e certos olhares, perturbadores. Exemplos magníficos estão no museu egício do Louvre, como o escriba agachado e a estátua em granito rosa de Sekhemka.

Salvo raras exceções, nenhuma obra é assinada. Sabemos o nome de quem as financiou, não o do artista. Eram mais artesãos do que artistas: mesmo uma simples estátua passava por várias mãos e era fruto de um trabalho de equipe. Nada mais tocante que os esboços feitos por esses anônimos e encontrados nos túmulos, nos baixos relevos inacabados ou nos fragmentos de objetos de terracota.

Os artesãos aplicavam escrupulosamente as regras fixadas por volta de 3 000 aC, regras que perdurariam, com algumas atenuações, até a época romana, mais de 30 séculos depois. A arte floresceu enquanto reinava a ordem. Atingiu o ápice quando o faraó estava no auge do poder. Uma arte real.

Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cuche



Cuche foi uma civilização que se desenvolveu na região norte-africana da Núbia, localizada no que é hoje o norte do Sudão, a partir do século XXXII aC. Uma das primeiras civilizações a surgir no vale do rio Nilo, os Estados cuchitas controlaram a região antes do período das incursões egípcias na área.



Etimologia e grafia
O nome dado a esta civilização é proveniente do Velho Testamento, que registra um personagem bíblico, Cuche (ou Cuxe, ou Cus), um dos filhos de Cão que se estabeleceu no nordeste da África. Na Idade Antiga e na Bíblia, uma grande região que abrangia o norte do Sudão, o sul do Egito e partes da Etiópia, Eritréia e Somália era conhecida como Cuche. Outros estudiosos afirmam que a Cuche bíblica localizava-se no sul da Arábia.

Em português, o nome do personagem bíblico varia conforme a versão do Velho Testamento. O dicionário Houaiss e a tradução de João Ferreira de Almeida atualizada empregam a forma Cuche. Já a Bíblia Ave Maria, católica, prefere a grafia Cus, cusita.
  • O gentílico de Cuche é cuchita ou cuxita.

Origens
As primeiras sociedades a se desenvolver na área surgiram na Núbia antes da Primeira Dinastia do Egito (3100-2890 aC). Em cerca de 2500 aC, os egípcios começaram a avançar na direção sul e é por meio deles que a maior parte das informações sobre Cuche ficou conhecida. Mas esta expansão foi detida pela queda do Médio Império no Egito. A expansão egípcia recomeçou em aproximadamente 1500 aC, mas desta vez encontrou resistência organizada. Os historiadores não têm certeza se esta resistência foi oferecida por cidades-Estado múltiplas ou por um império unificado, e debatem se o conceito de Estado surgiu ali de modo independente ou se foi tomado do Egito. Os egípcios lograram vencer a resistência e fizeram da região uma colônia sua, durante o reinado de Tutmósis I, cujo exército mantinha ali um certo número de fortalezas.

No século XI aC, disputas internas no Egito permitiram aos nativos derrubar o regime colonial egípcio e instituir um reino independente, governado a partir de Napata, na Núbia.

Napata
Este novo reino, com sede em Napata, foi unificado por Alara no período entre 780 e 755 aC. Alara era visto pelos seus sucessores como o fundador do reino cuchita. O reino cresceu em influência e veio a dominar a região meridional egípcia de Elefantina e até mesmo Tebas, no reinado de Kachta, sucessor de Alara e que logrou no século VIII aC. forçar Chepenuepet I, meia-irmã de Takelot III e "esposa do deus Amon", a adotar Amenirdis I, filha do soberano cuchita, como sucessora. Com isto, Tebas passou ao controle de fato do reino de Napata. Seu poder chegou ao auge com Piye, sucessor de Kachta, que conquistou todo o Egito e fundou a XXV dinastia.

Quando os assírios invadiram em 671 aC, Cuche tornou-se uma vez mais um Estado independente. O último rei cuchita a tentar retomar o controle do Egito foi Tantamani, que foi definitivamente derrotado pela Assíria em 664 aC. Subseqüentemente, o poder cuchita sobre o território egípcio declinou e extinguiu-se em 656 aC, quando Psamético I, fundador da XXVI dinastia, reunificou o Egito. Em 591 aC, os egípcios invadiram Cuche – possivelmente porque esta, governada por Aspelta, preparava-se para atacar o Egito – e saquearam e incendiaram Napata.

Meroé
Diversos registros arqueológicos mostram que os sucessores de Aspelta transferiram a capital para Meroé, mais ao sul do que Napata. A data exata da mudança não é conhecida, embora alguns historiadores acreditem que o fato ocorreu durante o reinado de Aspelta, como reação à invasão egípcia da Baixa Núbia. Outros estudiosos pensam que a transferência deveu-se à atração do ferro, já que Meroé, ao contrário de Napata, possuía vastas florestas que serviam de combustível para os altos-fornos. A chegada de mercadores gregos na área também sinalizou o fim da dependência cuchita do comércio ao longo do Nilo, pois agora podia exportar seus produtos via o mar Vermelho e as colônias mercantis gregas ali localizadas.

Uma teoria alternativa afirma que havia na verdade dois Estados separados mas estreitamente interligados, um em Napata e outro em Meroé. Com o tempo, o último teria eclipsado o primeiro. Não se encontrou até o momento uma residência real ao norte de Meroé e é possível que Napata fosse apenas um centro religioso, mas este permaneceu uma cidade importante, onde os reis eram coroados e sepultados, mesmo se houvessem residido em Meroé.

Em cerca de 300 aC, os soberanos cuchitas começaram a ser sepultados em Meroé. Alguns entendem que este fato indicaria uma ruptura com os sacerdotes de Napata. Diodoro Sículo relata a história de um soberano meroítico chamado Ergamenes, quem recebera a ordem de se suicidar mas teria rompido com a tradição e ordenado a execução dos sacerdotes. Uma explicação mais simples é que a capital sempre fora em Meroé.

Em algum momento, Cuche deixou de usar os hieróglifos egípcios e desenvolveu uma nova escrita, chamada meroítica, para representar a língua meroítica, que ainda não foi completamente decifrada. Em 23 aC, o governador romano do Egito, Petrônio, invadiu a Núbia em reação a um ataque núbio contra o sul da província e saqueou Napata (22 aC).

Declínio
O declínio de Cuche é um assunto altamente controverso. Após o século II, os túmulos reais começam a reduzir-se em dimensões e esplendor e a construção de grandes monumentos cessou. Os sepultamentos reais em pirâmides cessam a partir de meados do século IV. Segundo a teoria tradicional, Cuche teria sido destruída por uma invasão do reino etíope de Axum, por volta de 350. Entretanto, alguns pensam que o relato axumita parece descrever a repressão a uma revolta em terras que os etíopes já controlavam. Ademais, refere-se apenas aos nubas (um povo dos montes Nuba, no atual Sudão), sem mencionar os governantes de Meroé. O último rei de Meroé chamava-se Sect Lie; pouco mais é conhecido a seu respeito.


Por volta do século VI, novos Estados se haviam formado na área antes controlada por Meroé. Ao que parece, os nobatas (mencionados em fontes romanas anteriores e que alguns estudiosos associam com os nubas) evoluíram para formar o Estado da Nobácia (um reino cristão africano na Baixa Núbia) e outros na região. Os outros dois Estados da área, Makúria e Alodia, eram similares. Falavam núbio antigo e escreviam com uma versão do alfabeto copta. A língua meroítica e sua escrita parecem ter desaparecido.





Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Hermópolis Magna


Hermópolis Magna foi uma cidade do Antigo Egito, cujas ruínas estão situadas a cerca de 50 km ao sul de Mínia, perto da moderna cidade de Mallaui. Os egípcios chamavam esta cidade de Khmunu, o que significa "A cidade dos oito deuses", numa alusão aos oitos deuses que integravam uma cosmogonia desenvolvida na localidade, que se denomina de Ogdóade. Atualmente o local é designado em árabe como El-Achmunein, nome derivado do egípcio Khmunu.

O principal deus da cidade era Tot, divindade lunar associada à escrita, o qual foi identificado pelos antigos gregos com o seu deus Hermes. Em consequência a cidade ficou conhecida como Hermópolis "a cidade de Hermes". Situada no coração do Médio Egito, Hermópolis foi a capital da décima quinta província (nomo) do Alto Egito.

Após a conquista do Egito pelos árabes no século VII, Hermópolis foi sujeita a destruições. No local subsistem apenas ruínas de templos do tempo do Império Médio e do Império Novo, como um pilone (porta monumental) dedicado ao deus Amon mandado erguer pelo faraó Ramsés II (XIX dinastia).

Este pilone utilizou nos seus alicerces 1500 blocos de rocha (talatats) retirados de monumentos de Akhetaton, cidade mandada construir como nova capital egípcia pelo "herege" Akhenaton em meados do século XIV aC e que seria mandada destruir mais tarde, devido ao fracasso da experiência política e religiosa de Akhenaton.

No local há também ruínas de um templo dedicado a Tot que alcançou grande importância na época ptolemaica. Da época cristã, uma basílica bizantina.

Em Tuna el-Gebel, a necrópole da cidade situada a cerca de 12 km a oeste, uma equipe egípcia descobriu nos anos trinta do século XX catacumbas relacionadas com o culto de Tot. Nesta necrópole encontra-se também o conhecido túmulo de Petosíris.

Fonte: Wikipédia

domingo, 25 de julho de 2010

Sais


Sais ou Sa el-Hagar foi uma cidade egípcia na parte ocidental do Delta. Foi a capital do Antigo Egito durante a XXIV dinastia. Seu nome no Antigo Egito era Sau e o deus patrono era Neith.

Heródoto – escreveu que Sais é onde o túmulo de Osíris foi localizado e onde o sofrimento do deus foi mostrado como um mistério na noite em um lago adjacente.

Diodoro Sículo – atestou que foram os atenienses que contruiram Sais antes de um cataclisma e, enquanto todas as cidades gregas foram destruídas durante o cataclisma, as cidades egípcias, incluindo Sais, sobreviveram.

Plutarco – conta que o santuário de Ísis em Sais continha a inscrição: "Eu sou tudo o que foi, é, e será; e meu véu nenhum mortal levantou até agora"

Atualmente, não há traços da cidade antes da época Baixa (1100 aC) por causa da grande destruição da cidade pelo Sebakhin (retirada de tijolos de argila para fazer fertilizante) restando apenas poucos blocos conservados.

No tratado Timeu, de Platão – Sais é a cidade em que Sólon recebeu de um sacerdote egípcio a hisória de Atlântida, seu plano de ataque militar grego contra o Egito e sua eventual derrota e destruição por uma catástrofe natural. Platão também observou que a cidade foi a terra natal do faraó Ahmés II e indentificou o deus patrono, Neith.

Fonte: Wikipédia

sábado, 24 de julho de 2010

Sacerdotes

Sacerdotes egípcios:


Os Sacerdotes no Antigo Egito estavam na hierarquia social abaixo apenas no Faraó. Dotados de enorme prestígio e poder, eram os Sacerdotes os responsáveis pela religião e por variadas funções na administração do Império Egípcio. Eram considerados os sábios do Egito.



Maneton
Sacerdote e historiador egípcio de Sebenitos que viveu durante a era ptolomaica, no século III aC. Autor de Aegyptiaca, uma história do Antigo Egito, que se perdeu em grande parte, mas que é uma referência para os egiptólogos que procuram estabelecer a cronologia dos reis do Antigo Egito.

Sebenitos é uma cidade do Delta do Nilo onde Maneton viveu, foi a capital do Antigo Egito durante a XXX dinastia. Viveu durante os reinados de Ptolomeu I e de Ptolomeu II.

Aegyptiaca
Aegyptiaca, "História do Egito", foi a obra mais importante de Maneton. Foi escrita por ordem de Ptolomeu I (ou Ptolomeu II segundo outros autores), soberano que pretendia aproximar o Egito da Grécia. Dividiu os reis do Egito em dinastias, algo que foi uma novidade na época.


Menkheperre
Filho do Faraó Pinedjem I com sua esposa Henuttawy (filha de Ramsés XI com sua esposa Tentamon), era o Sumo Sacerdote de Amon, em Tebas, no Egito Antigo, de 1045 a 992 aC e o governante de fato do sul do Egito.

Com seu irmão mais velho no comando em Tanis como o Faraó Psusennes I, o poder de Menkheperre, como também o de seu predecessor como Sumo Sacerdote, seu irmão Masaherta, deve ter sido algo restrito. Menkheperre intitulou-se o "Primeiro Profeta de Amon", assim como o avô dele, Herihor o fez, talvez uma indicação desse papel diminuído, embora ele tenha mantido as ornamentações, ao contrário de seus sucessores no templo.

Menkheperre casou-se com sua sobrinha, filha de seu irmão Psusennes I e sua cunhada Wiay, e foi sucedido pelo filho Smendes II, também conhecido como Nesbanebdjed II. Outros filhos do casal foram Henuttawy ou Henttawy II, Pinedjem II e Istemkheb. Pinedjem II e Istemkheb casaram-se e foram pais de Psusennes II, sucessor de Siamun; Henuttawy casou-se com Smendes II, e eles foram pais da outra esposa de Pinedjem II, Nesjons ou Nesikhons.


Piankh
Recentes estudos nas inscrições dos templos e nos monumentos de Piankh (ou Payankh) e Herihor no Alto Egito indicam que Piankh foi, na verdade, antecessor e sogro de Herihor, embora se acreditasse, no passado, que o contrário fosse verdadeiro. Seja como for, a esposa de Piankh foi Hrere, filha de Herihor, enquanto o filho dele foi Pinedjem I. Piankh liderou um exército contra Pinehesy, vice-rei de Kush, que havia conquistado grande parte do Alto Egito e foi bem sucedido em fazê-lo recuar em direção a Núbia.

Piankh acumulou muitas posições oficiais incluindo o Alto Sacerdócio de Amon. Foi sucedido tanto por Herihor como também por Pinedjem I, seu filho.


Pinedjem II
Pinedjem II ou Pinudjem II foi Sumo Sacerdote de Amon na cidade de Tebas de 990 a 969 aC, após a morte do seu irmão Smendes II. A sua origem era proveniente de uma linhagem do sul. Reinou no Terceiro Período Intermédio de 1070 a 656 aC.

Quando Pinedjem II morreu, a sua múmia, junto com a das suas esposas e pelo menos a múmia de uma das suas filhas foi colocada no tumulo de El-Bahri de Deir, no templo mortuário de Hatshepsut.

Foi durante o seu reinado que as múmias de outros faraós de origem na cidade de Tebas, seus antecessores, incluindo os da XVIII dinastia e da IX dinastia egípcia, mais recentes como Ahmose I, Amenhotep I, Thutmose I, Thutmose II, Thutmose III, Ramesses I, Seti I, Ramesses II, e Ramesses IX, e também Psusennes I, foram recolhidas e colocados também neste túmulo, que foi descoberto em 1881. Foi procedido por Smendes II e sucedido por Psusennes III. Pai de Psusennes II, que igualmente foi Sumo Sacerdote de Amon em Tebas e filho de Menkheperre de Tebas e de Istemkheb.

Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Papiro de Turim


O Papiro de Turim ou Cânone Real de Turim, também conhecido como Lista de Reis de Turim ou Papiro Real de Turim, é um papiro com textos em escrita hierática, guardado no Museu Egípcio de Turim, ao qual deve o seu nome.



O texto está datado na época de Ramsés II (embora possa ter sido escrito posteriormente) e menciona os nomes dos faraós que reinaram no Antigo Egito, precedidos pelos deuses que "governaram" antes da época faraónica.

O papiro, de dimensão 170 cm por 41 cm, consta de uns 160 fragmentos, a maioria muito pequenos, faltando muitos pedaços.


História
Quando foi descoberto pelo explorador italiano Bernardino Drovetti em 1822, nas proximidades de Luxor, parece que estava quase íntegro, mas quando o rei da Sardenha o doou à coleção do Museu Egípcio de Turim já estava muito deteriorado.

A importância do papiro foi reconhecida de imediato pelo egiptólogo francês Jean-François Champollion, e posteriormente por Gustavus Seyffarth, empenhando-se na sua reconstrução e restauração. Embora se conseguisse ordenar a maior parte dos fragmentos na posição correta, a diligente intervenção destes dois homens também chegou tarde, já que muitos pedaços deste importante papiro se tinham perdido.

Não sabemos que fontes utilizou o escriba para organizar a lista, se a copiou simplesmente de um papiro já existente, ou a compôs tendo acesso aos arquivos dos templos, compilando a lista utilizando antigas notas de impostos, decretos e documentos; a primeira possibilidade parece mais provável e implicaria que a Lista Real de Turim é realmente um documento de extraordinário valor histórico.


Texto
O papiro contém de um lado uma lista de nomes de pessoas e instituições. No entanto, é o outro lado do papiro que suscitou a maior atenção, pois contém uma lista de deuses, semideuses, espíritos, reis míticos e humanos que governaram o Egito, presumivelmente desde o principio dos tempos até à época de composição deste inestimável documento.

O principio e o final da lista perderam-se, o que significa que não temos a introdução da lista – se houve tal introdução – e a relação dos reis que houve depois da XVII dinastia.

O papiro cita nomes de governantes, agrupando-os por vezes e dá a duração do governo de alguns destes grupos, que correspondem, em geral, ao resumo das dinastias de Maneton. Mostra ainda em anos, meses e dias a duração do reinado de muitos faraós. Tem ainda os nomes de governantes efêmeros, ou mandatários de pequenos territórios, que apenas se conhecem aqui, pois geralmente estão omitidos noutros documentos. A lista inclui os governantes Hicsos, normalmente excluídos de outras listas de reis, e embora os seus nomes não estejam escritos dentro de um cartucho, juntou-se o texto hieroglífico Heqa Jasut para indicar que eram governantes estrangeiros.

O texto começa com uma relação de deuses e reis míticos. O primeiro nome de faraó aparece na epígrafe 2.11 (Meni). Embora estejam agrupados de diferente forma em relação à lista de reis de Maneton, para facilitar a datação juntou-se na listagem a classificação dinástica manetoniana, a mais utilizada pelos historiadores modernos.
  • 1.x - 1.21: Ptah e a Grande Enéade
  • 1.22 - 2.3: Horus e a Pequena Enéade
  • 2.4 - 2.8: Os Espíritos
  • 2.9/10: O deus Ré
  • 2.11 - 2.18/19: Dinastia I
  • 2.20 - 3.3: Dinastia II
  • 3.4 - 3.8: Dinastia III
  • 3.9 - 3.16: Dinastia IV
  • 3.17 - 3.27: Dinastia V
  • 4.1 - 4.7: Dinastia VI
  • 4.8 - 4.13/17: Dinastia VII e Dinastia VIII
  • 4.18 - 4.26: Dinastia IX
  • 5.1 - 5.9/11: Dinastia X
  • 5.12 - 5.17/18: Dinastia XI
  • 5.19 - 6.3: Dinastia XII
  • 6.4 - 7.23: Dinastia XIII
  • 8.1 - 10.12/13: Dinastia XIV
  • 10.14 - 10.20/21: Dinastia XV (hicsos)
  • 10.22 - 10.29/30: Dinastia XVI (hicsos)
  • 11.1 - 11.14: Dinastia XVII. Soberanos tebanos, contemporâneos das dinastias XV e XVI.


Fonte: Wikipédia

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A conhecedora e maga


Como revelam os arquivos de Deir el-Medina, existia em todas as comunidades, uma "mulher sábia, conhecedora", para resolver mil e um problemas.
  • Vidente, capaz de dar a uma criança o nome na qual estaria contido o seu destino;
  • Curandeira, previa o futuro, aliviava os males psíquicos e físicos;
  • Sabia encontrar objetos perdidos e distinguir a verdade da mentira;
  • Guardiã das tradições, transmitia oralmente os mitos, as lendas e os contos;
  • Era capaz de dizer se a pessoa era habitado por forças positivas ou negativas e neste caso como se libertar.
Essas "conhecedoras" exerceram influência considerável na vida diária dos antigos egípcios.

Enquanto ciência que dava acesso às leis universais, a magia está presente no universo egípcio, onde a fronteira entre a vida e a morte é mera aparência. As divindades residem na Terra e impregnam com seu poder as menores atividades diárias, reclamando aos camponeses, artesãos e donas de casa uma consciência do sagrado. Por isso utilizavam meios carregados de magia, como escaravelhos e amuletos.

A "conhecedora" é também uma maga. A expressão "grande, rica em magia" designa ao mesmo tempo a coroa real, a serpente uraeus erguida na fronte do faraó e de várias deusas, entre as quais Ísis. A maga nada ignora acerca dos malefícios e das virtudes de seres perigosos. Identificada com os quatro ventos, a maga abre as portas dos céus, estende o seu olhar até os confins da Terra, percorre o caminho da luz e da água e vive na unidade que existia antes do nascimento da multiplicidade.

Fonte: 'As Egípcias' de Christian Jacq

sábado, 17 de julho de 2010

A mudança no conceito de soberania

Médio Império


Esse período é significativamente diferente dos precedentes, quando o rei imponente e endeusado era a manifestação do deus falcão Hórus e filho de Rá.

No final da 6ª dinastia o poder do Estado instalado em Mênfis sofreu um declínio, com o estado centralizado fragmentando-se aparentemente em unidades menores. Essa descentralização política também liberou a arte provinciana, até então desprezada – especialmente a das áreas do interior do Alto Egito – do domínio dos modelos obedecidos em Mênfis. As mudanças drásticas, fugindo da tradição que prevalecia durante os 160 anos que ocorreram entre o fim da 6ª e da 11ª dinastia, são evidentes na decoração mural e nas estelas pintadas das tumbas particulares encontradas no Médio e no Alto Egito, como as de Naga al-Deir, as de Tebas e as de Mo'alla. Suas figuras alongadas, afetadas e desproporcionais, que geralmente parecem flutuar no espaço em decorrência da ausência de linhas que representem o chão, foram claramente libertadas do antigo e rígido cânone de proporções.

Essa fase do desabrochar do provincialismo foi logo substituída, no Alto Egito, pela nova ordem artística e política dos governadores tebanos, em meados da 11ª dinastia, especialmente a do rei mais poderoso da época, Mentuhotep Nebhepetre. Apesar das tentativas, por parte dos artistas tebanos, de recriar o estilo de Mênfis, suas obras são infundidas pelos motivos e pelos elementos oriundos do Alto Egito. Essa mistura de estilos é bem documentada em objetos encontrados na primeira parte do reinado de Montuhotep. Os sarcófagos de pedra calcária da princesa Kawit e da rainha Ashayt, encontrados no templo do rei em Deir el-Bahri, com decoração em relevo retrata a maestria dos artistas, que pareciam bem treinados no entalhe da madeira. Os novos temas não dependem dos protótipos de Mênfis, como no Antigo Império e elevam os até então motivos menores, como os servos enfeitando a rainha ou os operários tirando leite das vacas.

Depois de uma longa batalha, Mentuhotep venceu os governantes de Heracleópolis, em meados de seu reinado. Uma capela do rei em Dendera pode ser vista como um monumento a sua vitória. A decoração e as inscrições dão a ideia de que ela foi construída no santuário da deusa Hathor para comemorar a vitória do rei e a reunificação do país. Relevos nas paredes da capela retratam a glória militar do faraó, os aspectos divinos do soberano, de estilo recém estabelecido do Alto Egito.

O mais significativo monumento arquitetônico da época é o templo de Mentuhotep em Deir al-Bahri, Tebas, que foi dedicado a Montu, ao rei e depois a Amon-Rá. Sua estrutura exibe um terraço e corredores abertos com pilares cercando a parte central do templo, parece ter sido originada nas ideias arquitetônicas do Alto Egito. Uma figura em tamanho natural do rei sentado, esculpida em arenito pintado, foi enterrada em sua própria tumba, a 70 m abaixo do templo. O corpo poderoso, a face redonda e os olhos grandes demostram o despertar das potentes forças rurais da província de Tebas, que até aqui permaneciam dormentes.

A geração seguinte a Mentuhotep Nebhepetre desenvolveu um novo estilo, influenciado por Mênfis. O colorido mundo pictórico retratado nas paredes das mastabas do Antigo Império quase desapareceu com o final da 6ª dinastia. A partir desse período, as cenas da vida cotidiana eram escondidas sob a terra, aparecendo nas pinturas murais das câmaras funerárias e no formato de miniaturas em madeira que retratam ferramentas, armas e barcos, assim como figuras de animais e humanos em várias ocupações. Esses modelos eram confeccionados para servir de provisões para o lar do falecido na outra vida.

A autonomia e o domínio de Tebas chegaram ao fim quando, por motivos desconhecidos, Amenemhet I transferiu sua residência da capital do Antigo Império, Mênfis, e fundou seu novo lar em Iti-tawi, a moderna Licht. Depois do reinado aparentemente atribulado de Amenemhet, seu filho Senusret I conseguiu restabelecer o antigo esplendor do Egito. Esse fato foi destacado pela construção de uma grande pirâmide em Licht, mas também por uma intensa atividade de construção em todos os santuários importantes do país.

A tendência da 12ª dinastia foi em olhar para trás e voltar ao arcaico. Dez figuras de Senusret I sentado, em tamanho descomunal, encontrado em seu complexo de pirâmides em Licht, são de pedra calcária branca, sem pintura, nunca foram colocadas no templo. A expressão rígida e impassível de sua face, com seu sorriso congelado, une essas figuras com a escultura do final do Antigo Império. Senusret I também construiu santuários em Karnak, associados ao festival de renovação real, o heb-sed. O mais espetacular é a Capela Branca (foto). As obras dessa época irradiam a aura de um mundo seguro, harmonioso e jovial, governado pela ideia de um maat duradouro e perfeito. Essa visão tornou-se nublada no período seguinte, a terceira e última fase dessa dinastia, dominado por dois governantes de destaque:
  1. Senusret III e
  2. Amenemhet III
Seus reinados, cuja riqueza é absolutamente evidente, foram marcados por profundos distúrbios políticos religiosos e artísticos.

A região de Tebas era o local de várias estátuas monumentais de Senusret III em granito. Um aspecto importante da soberania é representado por um monumental portão de pedra calcária de Senusret III.

Várias estátuas de Amenemhet III, filho de Senusret III, estão preservadas, encontradas nas escavações nas ruínas do templo de Tânis. Enquanto normalmente a cabeça da esfínge é inteiramente humana, aqui a face do rei é emoldurada por uma imensa juba de leão.

A estatuária real do final da 12ª dinastia e do início da 13ª não representa indivíduos envelhecidos, mas sim a antiga instituição da soberania.

O extraordinário número de governantes da 13 ª dinastia (aproximadamente 70) que surgiu nas listagens subsequentes dos reis ainda não foi totalmente explicado. O Estado central na região de Mênfis parece ter mantido o controle durante os próximos 130 anos. O número e a importância dos monumentos reais e particulares e da estatuária diminuíram consideravelmente, apesar da alta qualidade de algumas esculturas.

A transferência de grande parte do poder governamental do rei para o vizir, durante a 13ª dinastia, é refletida em um declínio da escultura real em favor da estatuária dos altos oficiais. As duas estátuas colossais de Semenkhare Mermeshau sentado, feitas de granito são caracterizadas pelo olhar intenso e sinistro, pela estrutura geométrica da superfície das pernas e do corpo e pela cintura surpreendentemente fina.

Por volta de 1650 aC, o declínio gradual da 13ª dinastia facilitou uma infiltração de estrangeiros do Delta, mais tarde conhecida como a invasão dos hicsos, que assumiram o poder, dando fim a 13ª dinastia. Iniciando assim um novo capítulo da história do Egito – o Segundo Período Intermediário.


Fonte: 'Tesouros do Egito' do Museu Egípcio do Cairo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Serápis

Serápis ou Sárapis foi uma divindade da fusão helenístico-egípcia da Antiguidade Clássica. Seu templo mais célebre localizava-se em Alexandria, no Egito.

Sob Ptolomeu Sóter diversos esforços foram feitos para integrar a religião egípcia com a de seus soberanos helênicos. A política de Ptolomeu consistiu em encontrar uma divindade que conquistasse a reverência dos dois grupos étnicos do país, a despeito das maldições imprecadas pelos sacerdotes egípcios contra os deuses dos antigos soberanos estrangeiros (como o deus Seth, que foi louvado pelos hicsos). Alexandre, o Grande havia tentado usar Amon para este propósito, porém este deus era mais cultuado no Alto Egito, e não tinha tanta popularidade entre os habitantes do Baixo Egito, onde havia maior influência grega.

Os gregos tinham pouco respeito por figuras com cabeças de animais, e portanto uma estátua antropomórfica (forma humana), no estilo grego, foi escolhida como ídolo, e proclamada oficialmente como equivalente o deus egípcio Ápis, extremamente popular. Foi chamado inicialmente, em egípcio, de Aser-hapi (ou seja, Osíris-Ápis), que se tornou Serápis; era tido como sendo o deus Osíris em sua totalidade, e não apenas a sua ka (força vital).



História
Admite-se que o culto a Serápis tenha sido introduzido em Alexandria, por volta do séc IVaC com o propósito de reunir em um sincretismo as tradições religiosas egípcia e helênica.
  • do lado egípcio, o deus identificava-se com Osíris, o marido de Ísis;
  • do lado grego, aproximava-se de Dionísio e dos seus mistérios.
Nas duas tradições, esses deuses presidiam à vegetação e governavam o mundo subterrâneo.

Por um certo tempo, Serápis ganhou o status de deus masculino universal ("o único Zeus Serápis"), e seu culto, geralmente associado ao de Ísis, disseminou-se pelo mundo Greco-Romano.

Com o triunfo do Cristianismo, seus seguidores passaram a ser perseguidos e seus locais de culto destruídos. No reinado do imperador Teodósio, em 391, o grande Templo de Serápis, em Alexandria, foi atacado e destruído por ordem do bispo Teófilo, perdendo-se não só o enorme templo como também a Grande Biblioteca de Alexandria Filha (a Biblioteca Mãe foi queimada por Júlio César, por acidente).



Serápis é representado com o aspecto de um homem de idade madura e semblante grave, usando barba e longos cabelos. O seu atributo é a corbelha sagrada dos mistérios, símbolo da abundância, juntamente com a serpente de Asclépio, uma vez que ele era, igualmente, um deus curandeiro.






Fonte: Wikipédia

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Batalha de Áccio

A Batalha de Áccio teve lugar em 2 de setembro de 31 aC, perto de Actium na Grécia, durante a guerra civil romana entre Marco Antônio e Otaviano (depois conhecido como imperador César Augusto). A frota de Otaviano era comandada por Marcus Vipsanius Agrippa e a de Antônio apoiada pelos barcos de guerra da rainha Cleópatra do Egito. O resultado foi uma vitória decisiva de Otaviano. Esta data é por isso usada para marcar o fim da República e início do Império Romano.



Antes da Batalha
O Segundo Triunvirato rompeu-se devido à séria ameaça que Otaviano sentia de Cesarion, o filho de Cleópatra e César. A base do poder de Otaviano era a sua ligação a César por adoção, que lhe garantia a sua muito necessitada popularidade e lealdade das legiões. Ao ver esta situação conveniente posta em causa após Marco Antônio ter declarado que Cesarion era o legítimo herdeiro de Júlio César, começou uma guerra de propaganda entre os aliados a destruir o segundo triunvirato no último dia de 33 aC.

O Senado retirou Marco Antônio do seu poder e declarou guerra contra Cleópatra. Um terço do Senado e ambos os cônsules juntaram-se ao lado de Marco Antônio, e em 31 aC a guerra começou quando o talentoso general Marco Vipsânio Agripa capturou a cidade grega e o porto naval de Methon que era leal a Marco Antônio, que era um excelente soldado, no entanto a sua falta de experiência em confrontos navais foi o seu fim.


A Batalha
As duas frotas eram constituídas por cerca de 400 navios cada uma. Este número é apenas uma estimativa, visto que as fontes históricas são contraditórias neste aspecto. A tática usada por Marco Antônio foi valer-se da maior tonelagem dos seus navios, carregá-los com artilharia e bombardear o inimigo. Os barcos comandados por Marco Vipsânio Agripa eram mais leves e manobráveis e conseguiram evitar estas investidas e eliminar o perigo. Durante a luta, Cleópatra decidiu fugir e Antônio depressa a seguiu. A fuga do comandante não foi descoberta e a luta prosseguiu até Agripa conseguir incendiar e afundar a frota de Antônio.

  • Cerca de um ano depois destes eventos, Otaviano invadiu o Egito e Antônio e Cleópatra suicidaram-se. Uma referência à batalha é feita na Eneida de Virgílio.



Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cleópatra, o derradeiro sonho faraônico

Os sábios do Egito tiveram consciência de sua morte programada, que se prolongou durante séculos. É certo que a instituição faraônica havia triunfado sobre muitos invasores, mas o mundo acabara por resvalar para um sistema político e econômico que não levava em conta nem Maât nem os valores antigos. E nunca mais as Duas Terras conheceriam a liberdade e a independência.

Uma mulher recusou submeter-se à História. Nascida em 69 aC, Cleópatra, 7ª princesa com esse nome, que significa "a glória de seu pai", perseguiu o sonho impossível de um império ressuscitado centrado na velha terra dos faraós.


Quem era Cleópatra
A confiar nos raros retratos da época, não devia possuir um aspecto muito notável, mas era uma intelectual e falava várias línguas. Culta, ambiciosa, não lhe faltava encanto, e possuía uma voz cativante – era uma delícia ouvi-la, e a sua língua era como uma lira de várias cordas.

A sua volta um mundo decadente e uma única potência: Roma. Em Alexandria, cidade mais grega do que egípcia, conserva a memória de Alexandre Magno, vencedor dos persas e libertador do Egito. A dinastia dos Ptolomeus está agonizante, os homens da família não possuem inteligência, vigor ou projetos políticos.

Acusada por Roma de utilizar processos mágicos para encantar os homens, Cleópatra tem outros horizontes. Sonha com um Egito poderoso e independente, como nos tempos antigos. Mas ela não é popular, desconfiam dela. Quando seu pai morre em 51 aC, o trono é partilhado entre ela e seu irmão Ptolomeu XIII, que se torna seu esposo teórico. Em 48 aC, é afastada do poder.


César seduzido pelo Egito e por Cleópatra
César não resistiu aos encantos conjugados de Alexandria e de uma jovem de 20 anos, viva, erudita e apaixonada. Afastada do poder e sem estima do povo, mesmo assim César decide a seu favor. Os rivais de Cleópatra são eliminados de forma brutal; e ela toma o poder sozinha. E se torna mãe de Cesarião, seu filho com César.

Em 46aC Cleópatra vai a Roma e instala-se nos Jardins de César, o atual Palácio Farnese. Manda colocar no templo de Vênus uma estátua de ouro à sua imagem. A 15 de março de 44 aC, César é assassinado e Cleópatra é obrigada a retornar ao Egito.


Cleópatra, a nova Ísis
Aos vinte e sete anos, sabe que pode contar com a sua cultura e o seu encanto. A rainha do Egito não é uma mulher vulgar, é a encarnação de uma deusa.

Marco Antônio, integrante do triunvirato, designado como o senhor do Oriente, vencedor da Batalha de Filipes, está descontente com a atitude da egípcia, que não o apoiou como ele desejava. E a chama em Tarso para explicar-se.

Uma deusa vem ao seu encontro. Sobe o Rio Cydnos e aparece como a encarnação viva de Ísis, a mãe universal, a esposa perfeita, a figura divina. Tenta persuadir Antônio de que ele se tornará o novo Osíris e de que juntos, formarão um extraordinário par. Antônio deixa se enfeitiçar, esquece a vida militar, a moral romana e é seduzido pelo luxo da corte de Cleópatra.

Cleópatra trabalha:
  • reforma o sistema monetário,
  • o saneamento,
  • o comércio,
  • acaba com os monopólios e
  • faz ressurgir o Egito no cenário internacional
Antônio lhe oferece o que faltava: o poder militar.

Antônio e Otávio partilham o mundo. O Ocidente para Otávio e o Oriente para Antônio e para selar esse pacto, Antônio deve casar com Otávia, irmã de Otávio, em 40 aC. Em 36 aC, Antônio volta para o Egito e desposa Cleópatra.


O sonho desfeito
Otávio declara guerra a Cleópatra. Áccio, 31 aC a frota egípcia é vencida, Antônio suicida-se em Alexandria. Aos 39 anos e sem grandes esperanças, Cleópatra tenta seduzir Otávio, mas falha.

Cleópatra se mata, é inumada no túmulo que mandara construir perto do Templo de Ísis.

  • Cleópatra foi a última representante de uma longa linhagem de mulheres de Estado que haviam reinado no amado país dos deuses.




* Leia também : Cleópatra



Fonte: 'As Egípcias' de Christian Jacq

domingo, 11 de julho de 2010

Os hicsos

Os hicsos "soberanos estrangeiros"; "reis pastores" foram um povo asiático que invadiu a região oriental do Delta do Nilo durante a 12ª dinastia do Egito, iniciando o Segundo Período Intermediário do Antigo Egito. São mostrados na arte local vestindo os mantos multicoloridos associados com os arqueiros e cavaleiros mercenários mitanni de Canaã, Aram, Kadesh, Sídon e Tiro.

Os Hicsos foram uma vaga de povos asiáticos do corredor sírio-palestino e dos desertos limítrofes que ocupou gradualmente o Delta do Nilo, em busca de alimentos. O período consistiu essencialmente na mudança de governantes e na forma de administração. Os hicsos na origem eram mais uma aliança de povos e um evento cultural e tecnológico, mais do que invasores militares propriamente ditos. Em copta, Hakasu: estrangeiros, pastores, nómades.

A morte do faraó Sebekneferu (aprox. 1780 aC) e a tomada de poder por Amósis I (aprox. 1570 aC) podem ser determinadas com uma certa segurança. Tendo a data da morte de Sebekneferu ocorrido aproximadamente em 1780 aC, e tendo Amósis tornado faraó por volta de 1570 aC, o Segundo Periodo Intermédio teve uma duração não superior a cerca de 220 anos.

Os vestígios arquelógicos atualmente disponíveis conhecidos não confirmam e nem negam a ideia que os Hicsos tenham conquistado militarmente o Delta do Nilo.

Maneton, segundo Flávio Josefo, apresenta os Hicsos como conquistando o Egito sem batalha, destruindo cidades e "os templos dos deuses", e provocando matança e devastação. São apresentados como se fixando na região do Delta. Por fim, diz-se que os egípcios se sublevaram, travaram uma longa e terrível guerra, com 480 mil homens, cercaram os Hicsos na sua cidade principal, Aváris, e então, de modo estranho, chegaram a um acordo que permitiu que os Hicsos deixassem o país sem sofrer danos, junto com suas famílias e seus bens, e daí, esses foram para a Judéia e construíram Jerusalém. (Contra Apião, Vol. I, pág. 73-105 § 14-6; pág. 223-232 § 25-6).

Como eles chegaram
Por volta de 1800 aC, iniciou-se uma onda migratória pacífica para o Egito, oriunda da Ásia Ocidental; as regiões do Oriente passavam por um período de seca e fome. Os povos nômades asiáticos não eram pessoas bem-vindas ao Egito, pois os egípcios desprezavam os asiáticos até então, referiam-se a estes como "vagabundos das areias". Todos os povos oriundos da Ásia eram instalados na região do Delta do Nilo, para evitar o acesso dos estrangeiros à parte mais civilizada e rica do país, e também evitar a miscigenação com a população natural. Nessas vagas de povos semitas ao Egito.

No final do reinado do faraó Amenemhet III (1843 a 1797 aC), iniciou-se uma lenta e constante decadência do poderio do Império Egípcio. Eles derrotaram a fraca 13ª Dinastia, cuja capital se situava perto de Mênfis, e governaram o médio e baixo Egito por volta de 1700 aC por um período de cerca de 100 anos.

A invasão iniciou com um banho de sangue na região do Delta, seguido pelos saques às cidades:
"Havia então um rei nosso chamado Timaios. Foi no seu reinado que isso aconteceu. Não sei por que os deuses estavam descontentes conosco. Surgiram de improviso, homens de nascimento ignorado, vindos das terras do Oriente. Tiveram a audácia de empreender uma campanha contra nossa terra e a subalugaram facilmente sem uma única batalha. Depois de haver submetido nossos soberanos ao seu poder, incendiaram barbaramente nossas cidades, destruíram os templos, os deuses, e todos os habitantes foram tratados barbaramente; mataram uma parte e levaram os filhos e as mulheres de outros como escravos. Por fim, elegeram rei um dos seus; o nome dele era Salatis; vivia em Mênfis e cobrava tributo ao Alto e Baixo Egito; instalou guarnições em lugares convenientes... Escolheram no Distrito de Saís (no Baixo Egito) uma cidade adequada para seus fins, que ficava à leste dos braços do Rio Nilo, junto a Bubaste, e chamaram-na de Aváris" - segundo o relato de Méneto.
Após a ocupação, coexistiram com a 13ª Dinastia Tebana. Nesse tempo, a Síria e Canaã (a terra de Retenu) estavam sob domínio do Egito. Era o início do período histórico conhecido como Segundo Período Intermediário.

Em 1704 aC, tem início do reino do faraó Aya (Merneferre). Desse ano até o ano de 1640 aC, sucederam-se outros 43 faraós no trono, mas, não sem oposição. Os vizires do Alto Egito e Baixo Egito adquiriram forças política cada qual em suas regiões administrativas e iniciaram a descentralização do país aproveitando a desordem que começou gradativamente com a chegada dos imigrantes asiáticos; o aumento das riquezas nivelou as famílias mais importantes, fragmentando em diversos nomos as 4 divisões em que Sesóstris III (1879 a 1843 aC) havia estabelecido no ano de 1878, agindo de forma independente. Os asiáticos se agrupavam cada vez mais no delta do Rio Nilo, chegaram a superar a população egípcia, muitos deles foram absorvidos pelas camadas mais pobres da sociedade, alguns alcançaram elevados postos na administração local.

O reino hicso
Em 1640 aC, no Baixo Egito, teve início a 15ª Dinastia Hicsa com Salitis (Swoserenre), o 1.º faraó não-egípcio. Seus domínios se estendiam do Delta do Nilo (Baixo Egito) até a cidade de Meir (Alto Egito). Dessa cidade até à 1ª catarata, estavam os egípcios divididos em diversas unidades políticas tributárias dos governantes hicsos; da 1ª até a 4ª catarata estava o Reino da Núbia (Sudão), sediado na cidade de Kerma, aliados dos Hicsos.

Entre os anos de 1640 e 1585 aC, sucederam-se 3 governantes hicsos no trono de Aváris:
  • Salatis,
  • Sheshi e
  • Khian.
Em 1585 aC, passou a reinar Apófis (Awoserre). Apóphis provocava os egípcios com os motivos mais banais, tentando-os à guerra.

O combate
A primeira guerra se deu entre o hicso Apófis e os egípcios com o faraó Seqenenré Tao II (de cogonome "o Bravo") da 17ª Dinastia. Exame da sua múmia mostrou que ele morrera violentamente, seu crânio apresenta uma perfuração, talvez tenha tombado em combate.

Em 1573 aC, o sucessor do faraó Seqenenré Tao II foi o Kamósis I conclamou o Alto Egito em levante contra o governante hicso; este se aliou com os Núbios no Sul, para conter a revolta. Os egípcios lutaram em duas frentes de batalhas, ao norte contra os hicsos e no sul contra os núbios e venceram ambas, levando a luta até as proximidades de Aváris no Norte, e Buhen no Sul. Mas, nada se sabe sobre ele depois dos 3 anos que durou o levante contra os invasores.

Em 1570 aC, o faraó Amósis I, filho de Kamósis, inaugura a 18ª Dinastia. No Sul do Egito, Amósis I derrotou os núbios, levando a fronteira até a 3ª catarata, voltando à mesma posição da época da 13ª Dinastia. Khamudi assume o trono de Aváris, e dá continuade à guerra contra os egípcios. Em 1532 aC, sucede Amósis I. Este continuou a guerra de expulsão dos Hicsos, iniciada por seu pai conseguindo seu objetivo após 10 anos de guerra contra Khamudi.

Termina os combates com vitória de Amósis I. Ele expulsou os Hicsos do Egito, perseguindo-os pela Canaã, Fenícia e Síria, até a cidade de Carquemis (Karkemish) junto do Rio Eufrates, onde se deteve militarmente perante os hurritas do Reino de Mitanni.


– As principais razões que atraíram os Hicsos foram:
  1. Escassez de alimentos na Ásia Ocidental, enquanto no Egito abundava alimentos;
  2. A desordem resultante da presença de estrangeiros e a falta de coesão;
  3. O atraso técnico e militar do Egito em comparação com alguns povos asiáticos; os exércitos egípcios eram formados essencialmente pela infantaria a pé. Como não dispunham de cavalos e não usavam carros de combate puxados a cavalo (pois, a roda não era "muito útil" no deserto), seriam uma presa fácil para qualquer exército que tivesse cavalaria.

– O período da ocupação Hicsa trouxe algumas vantagens para o Egito:
  1. Vulgarizaram o uso do bronze até então raramente empregado no país;
  2. Substituíram a liga de bronze importada, pela de cobre-arsênico;
  3. Introduziram a roda de oleiro aperfeiçoada;
  4. O tear vertical;
  5. O boi indiano (Zebu), mais resistente que o boi egípcio;
  6. Novas culturas de hortaliças e frutas até então desconhecidas no Egito;
  7. Uso do cavalo e do carro de guerra;
  8. A roda mais leve de arcos compostos;
  9. Novas formas de cimitarras - sabre oriental de lâmina curva;
  10. Novas armas e táticas militares;
  11. Forma de dançar modificada em relação aos períodos anteriores.


Os hicsos assim como os filisteus seriam povos asiáticos de origem européia, que por sua vez teriam origem no eixo Ásia Central-Mar Negro, só que ao invés de aportarem na atual Palestina como fizeram os filistóides, estes teriam aportado bem nos limes entre a península do Sinai e a Cirenaica Líbia, tendo então fugido da escassez do deserto para adentrar no Baixo Egito se aproveitando da expansão civilizacional egípcia para o Centro e Sul (Alto Egito).





Fonte: Wikipédia

sábado, 10 de julho de 2010

Os hititas

Os hititas eram um povo indo-europeu que, no II milênio aC, fundou um poderoso império na Anatólia central (atual Turquia), cuja queda data dos séculos XIII-XII aC. Em sua extensão máxima, o Império Hitita compreendia a Anatólia, o norte e o oeste da Mesopotâmia até a Palestina.

O Império Hitita foi tratado durante anos, desde que o homem se interessou pela história dos povos antigos, como um amontoado de tribos sem grande importância. O Egito e todas as maravilhas lá encontradas falavam de um império poderoso, que enchia os olhos dos exploradores e estudiosos com tantas descobertas deslumbrantes.

Antes mesmo da Bíblia, vamos achar menção aos hititas na Odisséia onde são chamados de Khetas.

No Antigo Testamento existem passagens que dão conta de um povo chamado Hittim, vistos como uma das muitas tribos que habitavam a Síria. Os hititas são muitas vezes mencionados na Bíblia mas há um trecho, que coloca o rei dos hititas no mesmo patamar dos faraós é em IV Reis, VII, 6:

Sem dúvida, que o Rei de Israel mandou assoldadar contra nós os reis dos Hititas e dos Egípcios, e ei-los aí, vem sobre nós


Os assírios mencionavam a Terra de Hatti em muitos documentos. Os egípcios se referiam aos Ht ou como foi criada uma fórmula para se pronunciar, os Heta. Nos muros dos templos egípcios havia muitas menções aos hititas, mas nada que houvesse chamado atenção para a grande importância desse povo. Todos estavam ainda abismados com as descobertas no próprio Egito. Quando foram encontradas, em Amarna, a cidade egípcia do faraó monoteísta Akhenaton, os arquivos registrados em tabuinhas de argila, contendo informações as mais variadas sobre os povos da época, os hititas começaram a tomar forma.

Akhenaton já estava situado na história (1370-1350 aC) e se o rei hitita, Supiluliumas escreveu a ele para parabenizar sua subida ao trono, estava portanto datado também. Através dos assuntos das cartas dos hititas, pode-se deduzir que eram um país em pé de igualdade com o Egito.


Localização geográfica e Império
No planalto da Ásia Menor, chamado Anatólia turca, onde hoje está localizada a Turquia. Na verdade, a península da Anatólia liga a Ásia e a Europa. Esse planalto é semi-árido e na região existem montanhas que deixam as regiões costeiras espremidas, são as costas do Mar Negro e do Mediterrâneo.

O rio Kızıl Irmak, chamado pelos antigos de rio Halis que foi citado por Heródoto, entra pela Anatólia central, corta as montanhas do norte e deságua no mar Negro. Os hititas o chamavam de rio Marassantiya, ele demarcava a fronteira da terra de Hatti, o coração do Império Hitita. Foi também a fronteira entre a Ásia menor e o resto da Ásia. No seu auge o império hitita englobava toda a Anatólia, além da Síria e oeste da Mesopotâmia.

Ainda não se sabe ao certo de onde vieram os hititas, mas acredita-se que esse povo tenha chegado à Ásia menor por volta de 2000 aC. Eles eram indo-europeus e o fato é, que eles conseguiram dominar as tribos que viviam no local, não apenas pela força, mas pela sabedoria e diplomacia e assim os tornaram seus súditos ao invés de seus inimigos. Criaram as primeiras cidades-estado, entre as quais Hattusa sua capital, na curva do rio Halis (hoje Boghazköy).

O rei Telepinus menciona os três pais do reino: Labarnas (cujo nome se tornou sinônimo de rei), Hatusilis I e Mursilis I.

  1. Labarnas foi o fundador,
  2. Hatusilis I reconstruiu Hattusa e dali partiu para conquistar novas terras,
  3. Mursilis I transformou o que era uma federação de cidades-estado em um império.
Por volta de 1600 aC havia três grandes potências no oriente: o Egito, a Babilônia e os Hititas. Não se pode afirmar que, em aproximadamente 600 anos os hititas tivessem formado um império na acepção da palavra. Eles tinham como forma de governo, uma monarquia com um rei poderoso e um concílio de nobres chamado Pankus.

– Podemos dividir para efeito de estudo a civilização hitita:
  • Reino antigo (1750-1500 aC.) Hattusa se torna capital
  • Reino médio (1500-1450 aC.)
  • Reino novo ou Império (1450-1180 aC.) Supiluliumas I conquista a Síria; Muwatali ataca o Egito em Kadesh.

Na realidade os períodos mais importantes são o antigo reino e o novo reino ou império. Entre esses dois períodos decorreram algumas centenas de anos pouco documentados, de modo que quase nada sabemos com relação à sua importância histórica. No reinado de Muwatalis o ponto alto é a batalha de Kadesh em 1296 a.C. onde o faraó Ramsés II é derrotado. O rei Hatusilis III sela a paz com o Egito dando uma de suas filhas em casamento a Ramsés II.



Cultura
  • O código de leis era mais tolerante, mais humano, especialmente se comparado com o assírio.
  • Na sociedade hitita, até mesmo os escravos possuíam direitos, as classes dos proprietários tinham deveres éticos e morais reconhecidos.
  • Os hititas não possuíam uma linguagem única. A escrita cuneiforme foi tomada dos assírios.
  • Religiosamente, pode se dizer que eles respeitavam todos os deuses, são conhecidos como o povo dos mil deuses. Eram tolerantes e misturavam cultos dos diversos povos dominados.
  • A arte hitita possui características distintas com traços hurrianos e assírios, mas não tem estilo. No período do império era monumental mas não eram elegantes e nem bem acabadas.
  • A arquitetura não dava valor aos detalhes, também os construtores não pareciam preocupados com a segurança das fortificações.
  • Na literatura, além das Preces no Tempo da Peste, de Mursilis, não conhecemos mais nada de relevante.
  • Impressionaram grandemente os outros povos pelo fato de usarem cavalos e carros de guerra leves. Eles eram mestre no adestramento de cavalos e na arte da equitação. É provável que tivessem aprendido com os hurrianos da Terra de Mitani, que eram mestres criadores de cavalos.
  • É muito provável que por volta de 1600 aC. os hititas já conhecessem o ferro. A história dá conta de que em 1400 aC. os hititas conseguiram aperfeiçoar a técnica da metalurgia do ferro. Para retirar as impurezas e obter um material resistente e maleável eles deveriam aquecer, martelar e resfriar o ferro muitas vezes. Esse metal era mais cobiçado do que o ouro e embora seja abundante na natureza, o importante era dominar a técnica de fabricar armas em quantidade. É muito possível que os hititas detivessem o monopólio da manufatura do ferro e dessa forma fossem muito bem preparados como guerreiros.







Queda
Enquanto os hititas estavam preocupados com os egípcios, os assírios se aproveitaram para atacar as rotas de comércio, atacar Mitani e se expandir até o Eufrates. O rei Tudhaliya IV foi o último governante hitita com poder suficiente para manter os assírios fora da Síria e até anexar, ainda que temporáriamente a ilha de Chipre. O último rei, Supiluliuma II conseguiu algumas vitórias, inclusive contra os Povos do Mar nas costas de Chipre.

Hattusa foi incendiada por volta de 1180 aC e o império hitita entra em decadência. Em 1160 aC os assírios pressionavam a parte norte da Mesopotâmia e o povo Gasga que eram antigos inimigos dos hititas vinham dos territórios montanhosos ao norte entre Hatti e o mar Negro e se juntaram a eles.

Assim os hititas formalmente desapareceram da história, porém a língua dos lídios, falada no oeste da Ásia menor até o 1º século aC aparentemente era descendente dos hititas. Um dos reis da Lídia conhecido pelos gregos chamava-se Myrsilis (Mursilis) que era um nome real hitita, o que pode indicar que até o 5º século depois de Cristo, podem ter permanecido alguns traços do povo hitita. Embora o desaparecimento dos hititas da maior parte da Anatólia seja demarcado após 1200 aC alguns reinos chamados neo-hititas sobreviveram no norte da Síria, em Carchemish, Zinjirli e na Cilícia, Karatepe.


Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Poema de Pentaur


Poema épico produzido pelo escriba egípcio, Pentaur, que narra a batalha de Kadesh, na qual se enfrentaram os exércitos de Ramsés II e do rei hitita Muwatalli II. Escrito anos depois da batalha, o poema glorifica a valentia de Ramsés II durante o combate, como uma grande vitória das armas egípcias.

O faraó ordenou que o boletim militar daquela batalha fosse divulgado nos principais templos do país e encontra gravado nas paredes dos templos de Abidos, de Karnak, de Abu Simbel, nos pilares de Luxor, e no Ramesseum. Na ala direita da grande sala hipóstila de Karnak, o texto do boletim, sóbrio e conciso, está acompanhado pelo Poema de Pentaur, mais descritivo e de caráter decididamente literário, e que também conhecemos na forma de papiro (Papiro Sallier III).

O poema diz que, no quinto ano de seu reinado, o faraó Ramsés II, à frente de suas tropas, avançou sobre a cidade-fortaleza de Kadesh, mas que, enganado por espiões de Muwatalli, caiu numa emboscada, sendo cercado pelo exército inimigo. Contando apenas com sua guarda pessoal, composta por sessenta e cinco carros, o faraó foi atacado por mais de dois mil carros de guerra hititas.

"Erguendo-se em toda sua estatura, o rei vestiu sua armadura de combate, e em seu carro puxado por dois cavalos, lançou-se no mais aceso da batalha. Estava só, muito só, sem ninguém junto a ele. ... Seus soldados e seu séquito o olhavam de longe, vendo-o atacar e se defender heroicamente. Rodeavam-no dois mil e quinhentos carros, cada um com três guerreiros, todos apertando-se para lhe deter os passos. Só e intrépido, não o acompanhavam nem príncipes, nem generais, nem soldados..."

"Andam por um terreno coberto de cadáveres, todo rubro de sangre... !Não há lugar para os pés, tantos sãos os mortos!"

"Oh Ramsés, coração inquebrantável! Fizestes mais tu sozinho do que o exército inteiro! Ante tua espada vitoriosa, queda vencido o país dos Khetis! Nada se assemelha a ti, quando pelejas por teu povo no dia da batalha! ..."

"Que homem não se cobre de glória em sua pátria, quando mostra seu valor diante de seu senhor e tem renome de guerreiro? Em verdade, em verdade, o homem é aclamado por seu valor."



Fonte: Wikipédia

O Delta do Nilo


O Delta do Nilo é a região onde o rio Nilo se divide em vários braços para desaguar no mar Mediterrâneo, no norte do Egito. É uma planície com forma triangular (de onde provém o termo "delta"), com 160 km de comprimento e 250 km de largura.

– No Delta, o Nilo bifurca-se em dois canais principais:


  1. a oeste, o canal de Roseta, e
  2. a leste, o de Damieta.

Na Antiguidade era onde se localizava o chamado Baixo Egito, que consequentemente foi a região que mais sofreu a influência do período helênico.


História
O mais antigo período histórico desta região está profundamente enterrado sob sedimentos e é pouco conhecido, mas ninguém duvida da antiguidade de suas cidades ou de sua importância econômica desde os primeiros tempos.

O Delta oriental era um ponto sensível onde o Antigo Egito se comunicava com a Ásia. No final do Império Médio, essa região foi invadida pelos hicsos, povos asiáticos, e mais tarde se tornou a base do Egito para suas campanhas bélicas na Ásia.

Na XIX dinastia, a capital do Egito foi transferida pelo faraó Ramsés II para o Baixo Egito, na cidade de Pi-Ramsés (ou Per-Ramsés). Assim o Delta encabeçou a liderança do Egito. Mais tarde, no Período Ptolomaico e Romano, a sua proximidade com os centros políticos e econômicos do mundo antigo favoreceu o seu desenvolvimento.


Cidades antigas e modernas na região do Delta:

Alexandria
Almançora
Aváris
Bilbeis
Bubastis
Canopus
Damanhur
Damietta
Kafr el-Sheikh
Leontópolis
Mendes
Mit Abu al-Kum
Naucratis
Pelusium
Port Said
Rosetta
Sais
Tanis
Tanta
Zagazig













Notícia
O Egito comemora este ano, o 50º aniversário do início da construção do Aswan High Dam – é uma das maiores represas do mundo, no Nilo, no sul do Egito, construída para controlar a água, armazená-la para tempos de seca e está equipada para fornecer energia hidroelétrica. Mas acontece a erosão costeira e o processo de rebaixamento da superfície terrestre, por causas tectônicas e a compactação do solo do delta. A barragem bloqueia os sedimentos mais ao alto do Cairo e como resultado, o delta está afundando. O mar Mediterrâneo também está aumentado devido ao aquecimento global. Egito e as Nações Unidas vão fazer um estudo, sobre qual a prevenção para proteger o delta da invasão do mar.

O governo está com uma série de megaprojetos para aumentar a área habitável do país. O mais ambicioso é uma bomba gigante que desvia dez por cento das águas do Nilo para uma região desabitada, no deserto, para criar um novo Delta.
(cienciahoje.pt )


Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Batalha de Kadesh

A Batalha de Kadesh (também Kadeš, Kadech ou Qadesh), que significa sagrado, travou-se entre o Egito com Ramsés II e o Império Hitita liderado por Muwatali, às margens do rio Orontes, junto à cidade-fortaleza de Kadesh (localizada na moderna Síria). A batalha mais famosa e bem documentada do mundo antigo.

Após serem derrotados em uma batalha no vale do Orontes, os hititas haviam recuado em seu propósito de desalojar os egípcios da Fenícia e da Palestina. O faraó Set I não estava interessado em prolongar o conflito, e o resultado foi um acordo de paz entre os dois impérios, que vigorou por cerca de 15 anos. Quem viria a romper esse tratado seria o seu sucessor, Ramsés II.

Jovem, impetuoso, destemido e arrogante, o novo faraó buscava a glória nos campos de batalha e foi tentar conquistá-la no confronto com os hititas, lançando-se numa aventura militar que quase lhe custa a própria vida.

Já no quarto ano de seu reinado (cerca de 1297 aC), visitou a Fenícia, entregando-se ao trabalho de fixar marcos fronteiriços nos limites de seu império asiático. Só que, ao fazê-lo, avançou deliberadamente sobre terras que Tutmés III conquistara no passado, mas que depois foram perdidas para os hititas, sobretudo nos tempos desastrosos de Akhenaton. A guerra entre os dois impérios iria recomeçar, no ano seguinte, com o avanço de um numeroso exército egípcio, liderado pelo próprio faraó, sobre o vale do Orontes.


As forças
Para deter a investida dos africanos, o rei hitita, Muwatali, mobilizou seu exército e convocou seus aliados. Aos khatti dos altiplanos da Anatólia e seus dependentes da Cilícia, juntaram-se os hititas de Carchemish, os homens de Alepo, de Nukhashshi, de Naharin, os fenícios de Arvad, o povo de Ugarit e Kedi (alguns deles ex-tributários do Egito), além daqueles que vieram dos confins do império: os pedasa, os ariuna, os lícios, os mísios e os dardânios. Toda essa hoste foi reunida próximo à fortaleza de Kadesh, com o propósito de bloquear o progresso dos egípcios sobre o Orontes. Um exército de 37.000 homens.

Ramsés contava com os mercenários shardina e com as tropas negras do Sudão (que tanto terror inspiravam aos asiáticos), além do próprio exército egípcio, disposto em quatro divisões, cada uma sob a bandeira de um deus: Amon, Ra, Ptah e Set. Em termos quantitativos, as forças egípcias eram inferiores às do inimigo, porém possuiam maior mobilidade e disciplina tática. Um exército de 20.000 homens.


A batalha
Vindo da Fenícia, Ramsés II penetrou no vale do Orontes, marchando rio abaixo. Iludido pelo relato de prisioneiros hititas (que se deixaram capturar), ele acreditou que Muwatali ainda se encontrava em Alepo, seguindo rumo a Kadesh. Foi então que planejou capturar a fortaleza, antecipando-se à chegada das forças hititas. Imprudente, avançou acompanhado apenas por sua guarda pessoal e seguido de perto pela divisão Ra, enquanto o grosso do exército, mais lento, ficava para trás.

Próximo a Kadesh, Ramsés II deu-se conta de que caíra em uma armadilha. Forças hititas, que se haviam dissimulado ao norte da fortaleza, cortaram ao meio e dizimaram a divisão Ra, e ainda tomaram o acampamento do faraó. Cercado, o rei teve que lutar pela própria vida, abrindo caminho à força, com seus carros, através da massa de carros inimigos, para juntar-se à divisão Ptah, que corria em seu socorro.

Apesar dos óbvios exageros do Poema de Pentaur, a verdade é que Ramsés II e os que estavam ao seu lado realizaram prodígios de valor, lutando admiravelmente. Pode-se dizer que foi a coragem e o destemor deles, ao se lançarem contra o inimigo muito mais numeroso, que acabou revertendo o resultado dessa batalha que poderia ter se tornado um dos maiores desastres militares da história do Egito.

Com a chegada das outras divisões, as forças egípcias desbarataram os carros hititas, empurrando-os para o rio, em cujas águas muitos pereceram. Diante do fracasso de seu plano, Muwatali retirou-se com o resto de seu exército para o norte, enquanto os egípcios, demasiado exaustos e com pesadas baixas, não se dispuzeram a perseguí-los. Ramsés preferiu retornar ao Egito, onde ele e seus generais trataram de divulgar o resultado da batalha como uma retumbante vitória. Muwatali, que pouco tempo depois viria a falecer, fez o mesmo (em sentido inverso) entre os seus.


O resultado final
Em termos estratégicos, a Batalha de Kadesh terminou sendo um "empate técnico". Os hititas foram derrotados em combate mas impediram o avanço egípcio no vale do Orontes. Os dois impérios reconheceram (como nos tempos de Set I) possuir forças equivalentes, e que, portanto, nenhum dos dois podia aspirar destruir o outro. No 34º ano do reinado de Ramsés II e já no reinado de hitita de Hattusil III, um acordo entre egípcios e hititas deu origem ao primeiro tratado de paz conhecido da história.

Durante todo o seu longo reinado, Ramsés II jamais voltaria a acalentar o propósito de expandir seus domínios asiáticos, às custas dos khatti. A amarga experiência em Kadesh obrigou-o moderar sua impetuosidade guerreira.



A importância do acordo de paz firmado em Kadesh é historicamente tão grande que o saguão do edifício-sede das Nações Unidas em Nova York exibe uma cópia do tratado.




Fonte: caiozip.com e Wikipédia

Kom Ombo



O Templo de Kom Ombo foi construído há mais de 2 000 anos, no Egito, durante a dinastia ptolomaica, na cidade de Kom Ombo. É o único templo duplo egípcio, assim chamado por ser dedicado a duas divindades:




  1. um lado do templo é dedicado ao deus crocodilo Sobek, deus da fertilidade e criador do mundo;
  2. o outro lado é dedicado ao deus falcão Horus.




A construção do templo começou no início do reinado de Ptolomeu IV (180-145 aC) e prolongou-se por vários reinados subsequentes. Ptolomeu XIII (180-145) construiu as salas hipóstilas interna e externa. Em uma área lateral do templo foi construído um nilômetro.

Ao longo dos anos, o templo sofreu a ação das inundações do rio Nilo, de terremotos e da retirada de pedras e objetos arquitetônicos promovida por outros construtores para a execução de novos projetos.





A cidade
Kom Ombo é uma cidade do Egito, localizada na margem direita (oriental) do rio Nilo, a cerca de 160 km ao sul de Luxor e 40 km ao norte de Assuã. Ela tem aproximadamente 60 mil habitantes, muitos dos quais são núbios provenientes das regiões inundadas pelo lago Nasser, que foi formado após a construção da represa de Assuã.

A cidade é um importante destino turístico, em razão de ter um templo de época greco-romana, mais precisamente ptolemaico, dedicado a duas divindades: o deus crocodilo Sobek e o deus falcão Horus.

Nome egípcio: Nubt o Nubit. Nome grego: Ombos


Fonte: Wikipédia

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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