domingo, 26 de setembro de 2010

Enéade

Uma enéade era na mitologia egípcia um agrupamento de nove divindades, geralmente ligadas entre si por laços familiares. A palavra enéade é de origem grega; em egípcio usa-se a palavra Pesedjet.

  • Conhecem-se várias enéades, sendo a mais importante a da cidade de Heliópolis, cidade do Baixo Egito.

De acordo com o mito elaborado pelos sacerdotes da cidade, no princípio existia apenas as águas de Nun, das quais emergiu a colina primordial. Nesta colina encontrava-se um deus que se tinha gerado a si próprio, Atum. Através do sémen produzido pelo ato de masturbação do deus, nasceram outras divindades:
  • Chu (o ar) e
  • Tefnut (a umidade).
– Este casal procriará e dele surgem:
  • Geb (a terra) e
  • Nut (o céu).
– Estes últimos geram quatro filhos:
  1. Osíris,
  2. Ísis,
  3. Set e
  4. Néftis.
Embora pareça estranho, nem todas as enéades egípcias eram constituídas por nove deuses. Por exemplo, a Enéade de Abido era composta por sete deuses e a de Tebas por quinze. A razão para tal encontra-se na perda do sentido etimológico inicial de Pesedjet como grupo de noves deuses; o conceito passou a ser um mero agrupamento de divindades.

Existiu igualmente uma "Pequena Enéade de Heliópolis" composta pelos deuses Hórus, Tot, Anúbis, Maet e Khnum.

Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O profissionalismo das egípcias




Muitas egípcias tinham uma profissão absorvente: donas de casa. Mas muitas tiveram um ofício fora da vida familiar e ocuparam importantes funções, a começar pelas grandes esposas reais que estavam à cabeça do Estado, ao lado dos faraós.





Vizir
O braço direito do casal régio era o vizir – uma espécie de primeiro ministro com múltiplas tarefas. O termo verdadeiro é tchaty "o da cortina", aquele que conhece os segredos do faraó, porque foi admitido do outro lado do véu e sabe guardar silêncio "correndo a cortina". Encarregado de executar a vontade do soberano, o vizir jurava cumprir, sem fraquejar, todos os seus deveres e devia observar uma total integridade, sob pena de ser demitido das suas funções, as quais, confirma o texto da investidura podiam ser "amargas como fel".

Uma inscrição do Antigo Império, mostra um documento de memória dos títulos de uma dama "a soberana, a senhora", que foi princesa hereditária (repat), diretora (haty-batet). O caso é raro, se conhece outra mulher que foi vizir, na 26ª dinastia, período deliberadamente inspirado na idade áurea do Antigo Império. Mas o fato não é considerado excepcional, e a inscrição particularmente não o realça.


Altas funcionárias
Na documentação poupada pelo tempo e pelas destruições, descobrimos que uma mulher podia ser governadora de uma província, de uma cidade ou de uma circunscrição administrativa o que implicava um importante trabalho à frente de um pessoal numeroso. Podia tranquilamente ser inspetora do Tesouro, superiora das estofas e da casa da tecelagem, dos cantores e dos bailarinos, das salas das perucas. A exceção do exército, estavam abertos quase todos os setores de atividade que caracterizavam a civilização faraônica.

Fonte: 'As egípcias' de Christian Jacq

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Textos dos Sarcófagos e Textos das Pirâmides

Textos dos Sarcófagos é a designação moderna atribuída a textos de carácter funerário produzidos na civilização do Antigo Egito a partir do Primeiro Período Intermediário, mas sobretudo durante o Império Médio. Em resultado da desagregação do poder político no final do Império Antigo e das alterações culturais produzidas, a hipótese de gozar uma vida no Além deixou de estar reservada à realeza, alargando-se aos funcionários e, progressivamente, a toda a população egípcia. Os Textos dos Sarcófagos, dos quais se conhecem mais de mil fórmulas, visavam proteger o defunto no Além e prover as suas necessidades. Foram inscritos na sua maioria em escrita hieroglífica cursiva no interior das paredes internas de sarcófagos de madeira retangulares (o que explica a designação de "Textos dos Sarcófagos"), embora também se conheçam inscrições realizadas em vasos canópicos, estelas, paredes dos túmulos e papiros.

Os textos retomam e adaptam as fórmulas dos Textos das Pirâmides textos gravados no interior das pirâmides de reis da V, VI, VII e VIII dinastias. Contudo, verificam-se algumas novidades como a possibilidade do defunto assumir várias formas, bem como de regressar à terra para visitar os seus entes queridos. Enquanto que os Textos das Pirâmides apresentam a possibilidade do defunto se juntar ao deus solar Ré, os Textos dos Sarcófagos favorecem a união com Osíris. Saliente-se ainda que o acesso a uma vida no Além está sujeito a ter levado uma vida marcada pela prática de um comportamento justo. Os Textos da Pirâmide de Unas, descobertos em 1881 por Gaston Maspero, são os escritos religiosos mais antigos descobertos até hoje. Por apresentarem uma síntese das crenças religiosas do Antigo Egito, eles datam de 4.500 anos ou mais, considerando que estas crenças devem ter nascido muito antes de serem transcritas na pedra. Embora a Pirâmide de Unas seja a menor das pirâmides reais construídas no Antigo Império, ela foi a primeira a trazer em suas paredes internas este conjunto de encantamentos (fórmulas), que ajudariam a alma do faraó em sua jornada para o próximo mundo. Os textos estão gravados nas colunas, sobre as paredes do corredor, da ante-câmara e da passagem que leva à câmara funerária da pirâmide. As paredes que cercam o sarcófago não têm texto e o teto é coberto por estrelas.

  • Os Textos das Pirâmides e os Textos dos Sarcófagos foram as principais fontes para o chamado "Livro dos Mortos", popular no Império Novo.

Fonte: Wikipédia

domingo, 12 de setembro de 2010

O Livro dos Mortos

O nome original, em egípcio antigo, era Livro de Sair Para a Luz. Designação dada a uma coletânea de feitiços, fórmulas mágicas, orações, hinos e litanias do Antigo Egito, escritos em rolos de papiro e colocados nos túmulos junto das múmias. O objetivo destes textos era ajudar o morto em sua viagem para o outro mundo, afastando eventuais perigos que este poderia encontrar na viagem para o Além.

A ideia central do Livro dos Mortos é o respeito à verdade e à justiça, mostrando o elevado ideal da sociedade egípcia. Era crença geral que diante da deusa Maat de nada valeriam as riquezas, nem a posição social do falecido, mas que apenas os atos seriam levados em conta. Foi justamente no Egito que esse enfoque de que a sorte dos mortos dependia do valor da conduta moral enquanto vivo ocorreu pela primeira vez na história da humanidade. Mil anos mais tarde, essa idéia altamente moral não se espalhara ainda por nenhum dos povos civilizados que conhecemos. Em Babilônia, como entre os hebreus, os bons e os maus eram vítimas no além, e sem discernimento, das mesmas vicissitudes.

Não resta dúvida de que o julgamento dos atos após a morte devia preocupar, e muito, a maioria dos egípcios, religiosos que eram. Para os egípcios esse conjunto de textos era considerado como obra do deus Thoth. As fórmulas contidas nesses escritos podiam garantir ao morto uma viagem tranquila para o paraíso e, como estavam grafadas sobre um material de baixo custo, permitiam que qualquer pessoa tivesse acesso a uma terra bem-aventurada, o que antes só estava ao alcance do rei e da nobreza. Em verdade, essa compilação de textos era intitulada pelos egípcios de Capítulos do Sair à Luz ou Fórmulas para Voltar à Luz (Reu nu pert em hru), o que por si só já indica o espírito que presidia a reunião dos escritos, ainda que desordenados. Era objetivo desse compêndio, nos ensina o historiador Maurice Crouzet, fornecer ao defunto todas as indicações necessárias para triunfar das inúmeras armadilhas materiais ou espirituais que o esperavam na rota do "ocidente".

O Livro dos Mortos não era um "livro" no sentido da palavra. A atual ideia de livro sugere a existência de um autor (ou autores) que propositadamente redige um texto com um princípio, meio e fim. Em vez disso, os textos que integram o que hoje se denomina por Livro dos Mortos não foram escritos por um único autor nem são todos da mesma época histórica. Um dos escritores mais conhecido por colaborar com uma parte desse livro foi Snefferus S. Karnak. Os antigos egípcios denominavam a esta coletânea de textos como Prt m hru , o que pode ser traduzido como "A Manifestação do Dia" ou "A Manifestação da Luz". A atual designação Livro dos Mortos é disputada entre duas origens:
  1. ao título dado aos textos pelo egiptólogo alemão Karl Richard Lepsius quando os publicou, em 1842 - Das Todtenbuch der Ägypter (Todtenbuch, Livro dos Mortos).
  2. o título possa ser oriundo do nome que os profanadores dos túmulos davam aos papiros que encontravam junto às múmias - em árabe, Kitab al-Mayitun (Livro do Defunto).


Estrutura
As edições modernas do Livro dos Mortos são compostas por cerca 200 "capítulos", nome que os egiptólogos dão às fórmulas encontradas nos papiros preservados ao longo dos séculos. Nenhum dos papiros conhecidos apresenta o mesmo número de capítulos e de ilustrações (vinhetas). Entre os mais conhecidos, encontra-se o Papiro de Ani, com um total de 24 m, que se acha atualmente no British Museum, em Londres.


Formação
O Livro dos Mortos data da época do Império Novo, período da história do Antigo Egito que se inicia por volta de 1580 aC e termina em 1160 aC. A obra recolhe textos mais antigos - do Livro das Pirâmides (Império Antigo) e do Livro dos Sarcófagos (Império Médio).

No Império Antigo foram gravadas várias fórmulas mágicas sobre os muros dos corredores e das câmaras funerárias das pirâmides de Saqqara, pertencentes a vários reis da V e da VI dinastias (Unas, Teti, Pepi I, Merenré e Pepi II). Estes textos são conhecidos como Textos das Pirâmides. Nesta altura a possibilidade de uma vida depois da morte era apenas acessível aos reis.

A partir da VII dinastia egípcia verifica-se uma "democratização" da possibilidade de ascender a uma vida no Além. Esta não será mais reservada apenas ao soberano, mas será também possível para os nobres e os altos funcionários, e progressivamente estender-se a toda população. Durante o Império Médio os textos usados pelos reis foram modificados, ao mesmo tempo que surgiram novos textos que mantinham a sua função de ajudar o morto no caminho do Além. Os textos passaram a ser escritos no interior dos sarcófagos (na madeira) dos nobres e dos funcionários, sendo por isso conhecidos como Textos dos Sarcófagos.

Durante o Império Novo reuniram-se textos funerários de períodos anteriores (Textos das Pirâmides e Textos dos Sarcófagos), ao mesmo tempo que se redigiram novos textos, escritos em rolos de papiro e colocados junto das múmias nos túmulos. A coletânea destes textos é hoje conhecida como Livro dos Mortos.

Existem algumas versões locais do Livro dos Mortos, que apresentam pequenas diferenças:
  • A chamada "recensão tebana", escrita em hieróglifos (e mais tarde em hierático) sobre papiro, encontra-se dividida em capítulos sem uma ordem determinada, embora a maioria deles possua um título. Esta versão foi utilizada entre a XVII e a XXI dinastia egípcia não apenas pelos faraós, mas também pelas pessoas comuns.
  • Na "recensão Saíta", usada a partir da XXVI dinastia (século VII a.C.) e até o fim da era ptolomaica, fixou-se de forma definitiva a ordem dos capítulos.

Fonte: Wikipédia

sábado, 11 de setembro de 2010

Mitologia

Mitologia egípcia ou religião egípcia refere-se às divindades, mitos e práticas cultuais dos habitantes do Antigo Egito. Não existiu propriamente uma "religião" egípcia, pois as crenças ,frequentemente diferentes de região para região, não era a parte mais importante, mas sim o culto aos deuses, que eram considerados os donos legítimos do solo do Egito, terra que tinham governado no passado distante.

As fontes para o estudo da mitologia e religião egípcia são variadas, desde templos, pirâmides, estátuas, túmulos até textos. Em relação às fontes escritas, os egípcios não deixaram obras que sistematizassem de forma clara e organizada as suas crenças. Em geral os investigadores modernos centram-se no seu estudo em três obras principais:

O Livro das Pirâmides é uma compilação de fórmulas mágicas e hinos cujo objetivo é proteger o faraó e garantir a sua sobrevivência no Além. Os textos encontram-se escritos sobre os muros dos corredores das câmaras funerárias da pirâmide de Saqqara. Do ponto de vista cronológico, situam-se na época da V e VI dinastias.

O Livro dos Sarcófagos uma recolha de textos escritos em caracteres hieróglifo/hieroglíficos cursivos no interior de sarcófagos de madeira da época do Império Médio, tinham também como função ajudar os mortos no outro mundo.

O Livro dos Mortosque inclui os textos das obras anteriores, para além de textos originais, data do Império Novo. Esta obra era escrita em rolos de papiro pelos escribas e vendida às pessoas para ser colocada nos túmulos.

Outras fontes escritas são os textos dos autores gregos e romanos, como os relatos de Heródoto (século V aC) e Plutarco (século I).

As várias divindades egípcias existentes caracterizavam-se pela sua capacidade em estar em vários locais ao mesmo tempo e de sobreviver a ataques. A maioria delas era benevolente, com exceção de algumas divindades com personalidade mais ambivalente como as deusas Sekhet e Mut.


Um deus poderia também assumir várias formas e possuir outros nomes. O exemplo mais claro é o da divindade solar Rá que era conhecido como Kepra, representado como um escaravelho, quando era o sol da manhã. Recebia o nome de Atom enquanto sol do entardecer, sendo visto como velho e curvado, um deus esperado pelos mortos, que se aquecem com os seus raios. Durante o dia, Rá anda pela Terra como um falcão. Estes três aspectos e outros 72 são invocados numa ladainha sempre na entrada dos túmulos reais.



Estas divindades eram agrupadas de várias maneiras, como em grupos:
  • nove deuses (as Enéades),
  • oito deuses (as Ogdóades),
  • três deuses (tríades).
A principal Enéade era a da cidade de Heliópolis presidida pela divindade solar Rá.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Serpente Apófis

Na sua passagem pelo reino das sombras, à noite, o deus-Sol enfrentava vários adversários, dentre os quais os mais perigosos eram as serpentes. O demônio líder de todos eles era a grande serpente Apófis (em egípcio Apep ou Aapep). Não existem evidências da existência dessa divindade antes do Império Médio (c. 2040 a 1640 aC), mas posteriormente, nos textos funerários, ela é normalmente descrita como uma longa serpente e às vezes se diz que é dotada de espiras firmemente comprimidas, como se fosse uma mola, para enfatizar seu enorme tamanho. Alguns textos a descrevem como tendo mais de 16 m de comprimento, com a primeira seção de seu corpo feito de pederneira. Ela era uma das serpentes que habitava o Nilo celeste e surgia do fundo das águas para atacar o deus-Sol e fazer sua barca soçobrar. Consequentemente, era uma constante ameaça à própria estabilidade do cosmos.

Nas ilustrações Apófis normalmente é mostrado sendo contido, desmembrado ou no processo de ser destruído, frequentemente por meio de inúmeras facas. Na tumba de Ramsés VI (c. 1151 a 1136 aC), no Vale dos Reis, o monstro aparece com 12 cabeças sobre seu dorso, representando aqueles que ele engoliu e que são libertados, embora que apenas por breves momentos, quando ele é derrotado. Depois que o barco de Rá consegue passar pela cobra, as cabeças estão destinadas a voltar para dentro do corpo do monstro, até serem libertadas novamente, só por um breve instante, na noite seguinte.

Existem ainda cenas de caráter diferente estampadas em tumbas e papiros funerários nas quais Rá ou Hátor se apresentam sob a forma de felinos para matar a serpente, cortando-a com uma faca. Em algumas cenas dos templos de Dendera, Deir el-Bahari, Luxor e Philae a serpente também é retratada simbolicamente. Nesses casos o faraó golpeia um objeto circular semelhante a uma bola, que representa o olho mau de Apófis.

Deus do mal, era associado a vários eventos naturais assustadores como:
  1. a escuridão inexplicavel de um eclipse solar,
  2. tempestades e
  3. terremotos.
O ataque desse monstro ao deus-Sol acontecia, segundo os relatos egípcios, a cada manhã, quando a barca solar estava prestes a emergir para a luz e, então, os aterradores rugidos da fera ecoavam na escuridão. Os artifícios que a serpente usava para impedir a passagem do barco eram as próprias ondulações do seu corpo, que são descritas como bancos de areia, ou ainda beber as águas do rio do mundo subterrâneo para fazer com que o barco de Rá encalhasse. A hipnose também é uma de suas armas, pois em algumas versões do mito Apófis hipnotiza Rá e todo o séquito que viaja com ele.

Embora Seth também seja um deus do mal, nesse caso ele atua como divindade protetora e, em alguns textos, se diz que foi o proprio Rá que o convocou para derrotar a serpente. O papel original de Seth era batalhar contra Apófis e impedi-lo de destruir a embarcação. Resistindo inclusive ao olhar fixo mortal da serpente e não se deixando hipnotizar, Seth finalmente derrota o gigantesco animal quando, da proa do barco solar, o trespassa com uma grande lança. Ocasionalmente a entidade malévola teria sucesso e o mundo seria mergulhado em trevas, idéia que pode querer refletir a ocorrência de um eclipse solar. Mas mesmo nesses casos o deus Seth e seu companheiro Mehen, outra deidade em forma de serpente, sairiam vencedores, pois fariam um buraco na barriga de Apófis para permitir que o barco solar escapasse.

Ouras narrativas contam que os companheiros de viagem de Rá e até mesmo os próprios mortos, que podiam se transformar em uma forma do deus Shu, eram envolvidos nesta batalha cíclica para a sobrevivência da criação e da ordem. Principalmente no Livro das Portas – uma narração sobre a viagem do deus-Sol pelo mundo noturno surgida no começo da XIX dinastia (c. 1307 a 1196 aC), Ísis, Neith e Selkis, juntamente com outras deidades secundárias e ajudadas por algumas espécies de macacos, capturam o monstro com redes mágicas. A seguir ele é dominado por deidades, entre as quais se inclue o deus de terra Geb e os filhos de Hórus, as quais cortam seu corpo em pedaços. A cada noite, porém, ele será revivido para atacar mais uma vez. Em outros relatos do mito, o deus-Sol é cercado ou engolido pela serpente que mais tarde o vomita, numa clara metáfora de renascimento e renovação.

Apófis não era uma divindade para ser adorada. Muito pelo contrário, ele foi incluído em vários cultos como um deus ou demônio contra o qual as pessoas deveriam estar protegidas. Assim sendo, foram produzidos vários textos mágicos e rituais para combater os efeitos dele no mundo. Existe um conjunto de textos conhecidos hoje em dia como o Livro de Apófis – uma coleção desses feitiços mágicos que datam do Império Novo (c. 1550 a 1070 aC), embora o exemplar melhor preservado, conhecido como o Papiro de Bremner-Rhind, atualmente de posse do Museu Britânico de Londres, tenha sido produzido no IV século aC. São fórmulas destinadas a derrotar o monstro, fornecendo proteção contra os seus poderes maléficos e também contra as cobras, vistas como manifestações perigosas da deidade, ainda que secundárias.

Os egípcios acreditavam que Apófis comandava um exército de demônios que infestavam o gênero humano e que só tendo fé nos deuses de luz as pessoas poderiam derrotar tal contingente. Ele era uma serpente gigantesta que já existia no começo dos tempos nas águas do caos primevo, antes da criação. Seu poder era tão grande que continuaria existindo num perene circulo vicioso de ataque, derrota e novo ataque. Por conta desse entendimento, anualmente os sacerdotes de Rá executavam um ritual denominado o Banimento de Apófis. Diante de uma efígie do demônio colocada no centro do templo eles rezavam para que toda a maldade no Egito entrasse na imagem. Então eles pisoteavam a efígie, quebravam-na, batiam-lhe com paus, despejavam lama sobre ela e, eventualmente, queimavam-na e a destruiam. Deste modo, acreditavam, o poder de Apófis seria afastado por mais um ano.

No período tardio (c. 712 a 332 aC), os textos mágicos de defesa eram lidos diariamente nos templos para proteger o mundo da ameaça do arqui-inimigo do deus-Sol. Associado à leitura havia todo um ritual durante o qual os sacerdotes cortavam em pedaços e queimavam um exemplar de cera da serpente. Outros rituais consistiam em desenhar na cor verde uma imagem da serpente em um pedaço virgem de papiro, o qual era então lacrado em uma caixa que era posta de lado durante determinado período antes de ser lançada ao fogo. Como o defunto também precisava ser protegido de Apófis, na tumba eram colocados vários rolos de papiro contendo fórmulas para trazer o monstro para o local da execução, onde ele seria cortado, esmagado e consumido pelo fogo. Essa também chamada serpente do renascimento recebeu, durante o Período Romano (30 aC a 395), o epíteto de aquele que foi cuspido e foi relacionado com a saliva da deusa Neith.


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O faraó Merenptah

Merenptah ou Merneptah foi o quarto faraó da XIX dinastia egípcia do Império Novo. O nome Merenptah significa "Amado de Ptah". Governou entre 1213 e 1203 aC, segundo o egiptólogo alemão Jürgen von Beckerath.

Merenptah foi o 13º filho do faraó Ramsés II e de uma das suas esposas, a rainha Isitnefert. Tornou-se rei devido à morte prematura dos seus irmãos mais velhos, que deveriam suceder o pai; tinha já uma idade avançada (talvez cerca de 60 anos) quando ascendeu ao trono.

No 5º ano do seu reinado os Povos do Mar, vindos da Anatólia, invadiram a Líbia. Este povo foi responsável por ali introduzir as armas de bronze; junto com os Líbios, os Povos do Mar pretendiam invadir o Egito. Merenptah não só abortou esta invasão, como também os derrotou numa batalha que se julga teve lugar na região ocidental do Delta do Nilo.

No ato de generosidade, o faraó forneceu cereais aos Hititas (antigos inimigos do Egito) durante um período de fome motivado por mudanças climáticas na área do Mediterrâneo. Realizou também campanhas militares na Palestina contra as cidades de Ascalon, Gezer e Yenoham, com o objetivo de manter a dominação egípcia sobre aquele território.

  • Uma estela no seu templo funerário, que descreve as suas vitórias sobre os Líbios e as cidades da Palestina, faz referência ao nome "Israel", naquela que é a mais antiga menção não bíblica a este nome (que deve ser entendido em referência a uma tribo e não a um país). Em parte por causa disto divulgou-se a ideia de que Merenptah seria o "faraó do Êxodo", mas nada sustenta esta teoria.

Não existem provas arqueológicas ou históricas que sustentem a história do Êxodo ou a ideia da escravatura de um povo semita no Egito.

Uma vez que o seu reinado foi curto, Merenptah não teve possibilidade de levar a cabo um vasto programa de obras. No entanto, salienta-se as obras no templo de Ptah em Mênfis (onde também construiu um palácio), bem como o seu templo funerário em Tebas, construído por detrás dos Colossos de Memnon e recorrendo aos materiais do templo funerário de Amen-hotep III.


Sarcófago de Merenptah do Vale dos Reis


Merenptah foi sepultado na tumba número 8 do Vale dos Reis (KV8), uma das maiores desta necrópole. A sua múmia não foi descoberta neste túmulo, mas no "esconderijo" do túmulo de Amen-hotep II.


Fonte: Wikipédia

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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