terça-feira, 17 de agosto de 2010

Saqia

No Egito, a água não cai do céu. É preciso ir buscá-la no Nilo por meio de todo um sistema de canais e elevá-la quando está num nível muito baixo. As máquinas elevatórias são parte do campo egípcio há milênios.


Parafuso de Arquimedes
Usado para uma pequena profundidade. Cilindro de madeira, encaixado num eixo de ferro acionado por uma manivela. A cada volta, mergulha no canal, recolhe água e impulsiona para uma vala de escoamento, no alto.





Chaduf
Usado se o desnível ultrapassar um metro. Dispositivo simples, já existente na época faraônica. Consiste numa longa vara, um balde e um contrapeso. Para mergulhá-lo na água, basta puxar a corda, e o dispositivo se ergue sozinho graças ao contrapeso. Dois ou três chadufs superpostos podem somar seus efeitos.





Saqia
Indispensável para alturas superiores a três ou quatro metros. É a noria, conhecida desde a época romana. Com os olhos vedados, um ou dois animais fazem girar uma roda horizontal a que estão atrelados, essa roda com engrenagens faz girar uma roda vertical munida de potes que recolhem a água e, ao subir, despejam na vala de escoamento. Meio hectare pode ser irrigado em 24 horas. Os animaais são trocados periodicamente. Uma pessoa, muitas vezes um idoso ou uma criança, dá perfeitamente conta de trocar o animal, vigiar os potes, as cordas e as peças de madeira. Na falta desse vigia, o felá garante o funcionamento, graças a um cantil que bate na roda a cada giro.

Os gemidos da saqia inspiraram muitos poetas. Há pouco tempo, ela ainda servia também de quadrante solar, com o auxílio de estacas plantadas no chão: ao deslocar-se no círculo, a sombra indicava a hora. As saqias estão em extinção. Depois de 20 séculos de bons serviços, essas máquinas elevatórias já se tornaram metálicas, mas continuam escasseando. Se tornaram menos necessárias desde que as águas do Nilo foram regularizadas pela barragem de Assuã. Além disso, existem as barulhentas bombas a motor para fazer o trabalho delas.


Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé – fotos: uni-kassel.de

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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