domingo, 11 de julho de 2010

Os hicsos

Os hicsos "soberanos estrangeiros"; "reis pastores" foram um povo asiático que invadiu a região oriental do Delta do Nilo durante a 12ª dinastia do Egito, iniciando o Segundo Período Intermediário do Antigo Egito. São mostrados na arte local vestindo os mantos multicoloridos associados com os arqueiros e cavaleiros mercenários mitanni de Canaã, Aram, Kadesh, Sídon e Tiro.

Os Hicsos foram uma vaga de povos asiáticos do corredor sírio-palestino e dos desertos limítrofes que ocupou gradualmente o Delta do Nilo, em busca de alimentos. O período consistiu essencialmente na mudança de governantes e na forma de administração. Os hicsos na origem eram mais uma aliança de povos e um evento cultural e tecnológico, mais do que invasores militares propriamente ditos. Em copta, Hakasu: estrangeiros, pastores, nómades.

A morte do faraó Sebekneferu (aprox. 1780 aC) e a tomada de poder por Amósis I (aprox. 1570 aC) podem ser determinadas com uma certa segurança. Tendo a data da morte de Sebekneferu ocorrido aproximadamente em 1780 aC, e tendo Amósis tornado faraó por volta de 1570 aC, o Segundo Periodo Intermédio teve uma duração não superior a cerca de 220 anos.

Os vestígios arquelógicos atualmente disponíveis conhecidos não confirmam e nem negam a ideia que os Hicsos tenham conquistado militarmente o Delta do Nilo.

Maneton, segundo Flávio Josefo, apresenta os Hicsos como conquistando o Egito sem batalha, destruindo cidades e "os templos dos deuses", e provocando matança e devastação. São apresentados como se fixando na região do Delta. Por fim, diz-se que os egípcios se sublevaram, travaram uma longa e terrível guerra, com 480 mil homens, cercaram os Hicsos na sua cidade principal, Aváris, e então, de modo estranho, chegaram a um acordo que permitiu que os Hicsos deixassem o país sem sofrer danos, junto com suas famílias e seus bens, e daí, esses foram para a Judéia e construíram Jerusalém. (Contra Apião, Vol. I, pág. 73-105 § 14-6; pág. 223-232 § 25-6).

Como eles chegaram
Por volta de 1800 aC, iniciou-se uma onda migratória pacífica para o Egito, oriunda da Ásia Ocidental; as regiões do Oriente passavam por um período de seca e fome. Os povos nômades asiáticos não eram pessoas bem-vindas ao Egito, pois os egípcios desprezavam os asiáticos até então, referiam-se a estes como "vagabundos das areias". Todos os povos oriundos da Ásia eram instalados na região do Delta do Nilo, para evitar o acesso dos estrangeiros à parte mais civilizada e rica do país, e também evitar a miscigenação com a população natural. Nessas vagas de povos semitas ao Egito.

No final do reinado do faraó Amenemhet III (1843 a 1797 aC), iniciou-se uma lenta e constante decadência do poderio do Império Egípcio. Eles derrotaram a fraca 13ª Dinastia, cuja capital se situava perto de Mênfis, e governaram o médio e baixo Egito por volta de 1700 aC por um período de cerca de 100 anos.

A invasão iniciou com um banho de sangue na região do Delta, seguido pelos saques às cidades:
"Havia então um rei nosso chamado Timaios. Foi no seu reinado que isso aconteceu. Não sei por que os deuses estavam descontentes conosco. Surgiram de improviso, homens de nascimento ignorado, vindos das terras do Oriente. Tiveram a audácia de empreender uma campanha contra nossa terra e a subalugaram facilmente sem uma única batalha. Depois de haver submetido nossos soberanos ao seu poder, incendiaram barbaramente nossas cidades, destruíram os templos, os deuses, e todos os habitantes foram tratados barbaramente; mataram uma parte e levaram os filhos e as mulheres de outros como escravos. Por fim, elegeram rei um dos seus; o nome dele era Salatis; vivia em Mênfis e cobrava tributo ao Alto e Baixo Egito; instalou guarnições em lugares convenientes... Escolheram no Distrito de Saís (no Baixo Egito) uma cidade adequada para seus fins, que ficava à leste dos braços do Rio Nilo, junto a Bubaste, e chamaram-na de Aváris" - segundo o relato de Méneto.
Após a ocupação, coexistiram com a 13ª Dinastia Tebana. Nesse tempo, a Síria e Canaã (a terra de Retenu) estavam sob domínio do Egito. Era o início do período histórico conhecido como Segundo Período Intermediário.

Em 1704 aC, tem início do reino do faraó Aya (Merneferre). Desse ano até o ano de 1640 aC, sucederam-se outros 43 faraós no trono, mas, não sem oposição. Os vizires do Alto Egito e Baixo Egito adquiriram forças política cada qual em suas regiões administrativas e iniciaram a descentralização do país aproveitando a desordem que começou gradativamente com a chegada dos imigrantes asiáticos; o aumento das riquezas nivelou as famílias mais importantes, fragmentando em diversos nomos as 4 divisões em que Sesóstris III (1879 a 1843 aC) havia estabelecido no ano de 1878, agindo de forma independente. Os asiáticos se agrupavam cada vez mais no delta do Rio Nilo, chegaram a superar a população egípcia, muitos deles foram absorvidos pelas camadas mais pobres da sociedade, alguns alcançaram elevados postos na administração local.

O reino hicso
Em 1640 aC, no Baixo Egito, teve início a 15ª Dinastia Hicsa com Salitis (Swoserenre), o 1.º faraó não-egípcio. Seus domínios se estendiam do Delta do Nilo (Baixo Egito) até a cidade de Meir (Alto Egito). Dessa cidade até à 1ª catarata, estavam os egípcios divididos em diversas unidades políticas tributárias dos governantes hicsos; da 1ª até a 4ª catarata estava o Reino da Núbia (Sudão), sediado na cidade de Kerma, aliados dos Hicsos.

Entre os anos de 1640 e 1585 aC, sucederam-se 3 governantes hicsos no trono de Aváris:
  • Salatis,
  • Sheshi e
  • Khian.
Em 1585 aC, passou a reinar Apófis (Awoserre). Apóphis provocava os egípcios com os motivos mais banais, tentando-os à guerra.

O combate
A primeira guerra se deu entre o hicso Apófis e os egípcios com o faraó Seqenenré Tao II (de cogonome "o Bravo") da 17ª Dinastia. Exame da sua múmia mostrou que ele morrera violentamente, seu crânio apresenta uma perfuração, talvez tenha tombado em combate.

Em 1573 aC, o sucessor do faraó Seqenenré Tao II foi o Kamósis I conclamou o Alto Egito em levante contra o governante hicso; este se aliou com os Núbios no Sul, para conter a revolta. Os egípcios lutaram em duas frentes de batalhas, ao norte contra os hicsos e no sul contra os núbios e venceram ambas, levando a luta até as proximidades de Aváris no Norte, e Buhen no Sul. Mas, nada se sabe sobre ele depois dos 3 anos que durou o levante contra os invasores.

Em 1570 aC, o faraó Amósis I, filho de Kamósis, inaugura a 18ª Dinastia. No Sul do Egito, Amósis I derrotou os núbios, levando a fronteira até a 3ª catarata, voltando à mesma posição da época da 13ª Dinastia. Khamudi assume o trono de Aváris, e dá continuade à guerra contra os egípcios. Em 1532 aC, sucede Amósis I. Este continuou a guerra de expulsão dos Hicsos, iniciada por seu pai conseguindo seu objetivo após 10 anos de guerra contra Khamudi.

Termina os combates com vitória de Amósis I. Ele expulsou os Hicsos do Egito, perseguindo-os pela Canaã, Fenícia e Síria, até a cidade de Carquemis (Karkemish) junto do Rio Eufrates, onde se deteve militarmente perante os hurritas do Reino de Mitanni.


– As principais razões que atraíram os Hicsos foram:
  1. Escassez de alimentos na Ásia Ocidental, enquanto no Egito abundava alimentos;
  2. A desordem resultante da presença de estrangeiros e a falta de coesão;
  3. O atraso técnico e militar do Egito em comparação com alguns povos asiáticos; os exércitos egípcios eram formados essencialmente pela infantaria a pé. Como não dispunham de cavalos e não usavam carros de combate puxados a cavalo (pois, a roda não era "muito útil" no deserto), seriam uma presa fácil para qualquer exército que tivesse cavalaria.

– O período da ocupação Hicsa trouxe algumas vantagens para o Egito:
  1. Vulgarizaram o uso do bronze até então raramente empregado no país;
  2. Substituíram a liga de bronze importada, pela de cobre-arsênico;
  3. Introduziram a roda de oleiro aperfeiçoada;
  4. O tear vertical;
  5. O boi indiano (Zebu), mais resistente que o boi egípcio;
  6. Novas culturas de hortaliças e frutas até então desconhecidas no Egito;
  7. Uso do cavalo e do carro de guerra;
  8. A roda mais leve de arcos compostos;
  9. Novas formas de cimitarras - sabre oriental de lâmina curva;
  10. Novas armas e táticas militares;
  11. Forma de dançar modificada em relação aos períodos anteriores.


Os hicsos assim como os filisteus seriam povos asiáticos de origem européia, que por sua vez teriam origem no eixo Ásia Central-Mar Negro, só que ao invés de aportarem na atual Palestina como fizeram os filistóides, estes teriam aportado bem nos limes entre a península do Sinai e a Cirenaica Líbia, tendo então fugido da escassez do deserto para adentrar no Baixo Egito se aproveitando da expansão civilizacional egípcia para o Centro e Sul (Alto Egito).





Fonte: Wikipédia

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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