domingo, 30 de maio de 2010

Rio Nilo

O rio Nilo é um grande rio do nordeste do continente africano que nasce a sul da linha do Equador e desagua no Mar Mediterrâneo. A sua bacia hidrográfica ocupa uma área de 3 349 000 km² abrangendo:
  1. Uganda,
  2. Tanzânia,
  3. Ruanda,
  4. Quênia,
  5. República Democrática do Congo,
  6. Burundi,
  7. Sudão,
  8. Etiópia e
  9. Egito.
A partir da sua fonte mais remota, no Burundi, o Nilo apresenta um comprimento de 6 852 15 km.

É formado pela confluência de três outros rios, o Nilo Branco (Bahr-el-Abiad), o Nilo Azul (Bahr-el-Azrak) e o rio Atbara. O Nilo Azul (Bahr-el-Azrak) nasce no Lago Tana (Etiópia), confluindo com o Nilo Branco em Cartum, capital do Sudão. Muitos geógrafos deixaram de o considerar como o maior rio do mundo, perdendo o posto para o rio Amazonas, com cerca de 6.992,06 km de extensão.


Etmologia
Para alguns autores a palavra Nilo pode estar relacionada com a raiz semítica "nahal", que significa vale. Em língua árabe e hebraico, duas línguas semíticas, rio diz-se nahrun e nehar respectivamente. Contudo, duas outras línguas semíticas, o amárico e a língua ge'ez usam palavras pouco semelhantes a "nahal" para se referirem a um rio (felege e wonz). Independente das incertezas, a palavra Nilo deriva do latim Nilus que por sua vez deriva do grego Neilos. Os antigos Egípcios chamavam ao Nilo Aur ou Ar o que significa "negro", numa alusão à terra negra trazida pelo rio por altura das cheias. Tradicionalmente considera-se que o rio Nilo nasce no Lago Vitória.


Bacia
Considera-se que o rio Nilo nasce no Lago Vitória. Contudo, o próprio Lago Vitória tem como principal tributário o rio Kagera, que é por causa disso considerado como fonte mais remota do Nilo. O rio Kagera nasce no Burundi, a norte do Lago Tanganica, na confluência do rio Niavarongo e Ruvuvu.

– O Nilo Vitória
O Nilo propriamente dito começa em Jinja (Uganda), na borda norte do Lago Vitória, correndo para norte através das quedas Ripon (que deixaram de existir desde a construção da barragem de Owen Falls em 1954), passando pelo Lago Kioga e pelo Lago Alberto. O ramo entre estes dois rios é conhecido como o Nilo Vitória.

– O Nilo Alberto
A partir do Lago Alberto e até Númula, no Sudão, o Nilo recebe a designação do Nilo Alberto.

– O Al-Jabal
Em Númula e até se encontrar com o rio Sobat (um pouco acima de Malakal) o Nilo é conhecido como o Bahr al-Jabal, o Rio Montanhoso. Torna-se então mais sinuoso, recebendo junto ao Lago No o rio Al-Ghazal (Gazela) como afluente. Antes disso, o Nilo passou por entre um pântano, o Sudd.

– O Nilo Branco e o Nilo Azul
Entre Malakal e Cartum, o Nilo é conhecido como o Nilo Branco. Em Cartum o Nilo Branco recebe as águas do Nilo Azul, oriundo dos altos planaltos da Etiópia. A 322 quilometros a norte de Cartum, o Nilo recebe o seu último grande afluente, o rio Atbara, oriundo igualmente do planalto abissínio. O rio avança então pelos penhascos da região da Núbia até chegar a Assuão no Egito. A partir de Assuão o vale alarga até se atingir o Delta, que se inicia um pouco a norte da cidade do Cairo.

– Delta do Nilo
O Delta do Nilo é uma região plana com uma forma triangular, apresentando 160 km de comprimento e 250 km de largura. No Delta o Nilo bifurca-se em dois canais que levam as suas águas para o Mediterrâneo: a oeste, o canal de Roseta, e, a leste, o de Damieta.


Cataratas
O Nilo possui várias cataratas, mas na antiguidade distinguiam-se seis cataratas clássicas do Nilo que estavam situadas entre Assuão e Cartum.

A primeira catarata situa-se em Assuão, constituindo hoje em dia a única catarata do Nilo em território egípcio. Esta catarata era na Antiguidade a fronteira sul do Antigo Egito, pois a partir dali começava a Núbia.

A segunda catarata, perto de Uadi Halfa, encontra-se hoje submersa. O faraó Senuseret III ordenou a construção nas suas redondezas das fortalezas de Semna e Kumma.


Barragens
Ao longo do curso do Nilo existem algumas barragens, sendo uma das mais importantes a Grande Barragem de Assuão.

Entre 1899 e 1902 construiu-se, com recurso e capitais ingleses, a primeira barragem de Assuão, que foi alargada em 1911 e 1934.

Entre 1959 e 1970 construiu-se a Barragem de Assuã, a cerca de oito quilometros da primeira barragem, graças ao apoio fornecido pela União Soviética.


Exploração

  • Julga-se que os Antigos egípcios conheciam o Nilo até ao ponto de confluência do Nilo Branco com o Nilo Azul, em Cartum. Embora não tenham explorado o Nilo Branco, acredita-se que conheceriam o Nilo Azul até à sua nascente no Lago Tana.

  • Em meados do século V aC, o historiador grego Heródoto realizou uma viagem ao Egito, tendo percorrido o rio até Assuão, a fronteira tradicional do Antigo Egipto.

  • No século II aC Eratóstenes desenhou um mapa que mostrava de forma bastante precisa o percurso do Nilo até Cartum, no qual também se mostravam dois afluentes, o Atbara e o Nilo Azul. Eratóstenes foi o primeiro a postular que a nascente do Nilo estaria em lagos equatoriais.

  • Em 25 aC o geógrafo Estrabão e Aelius Gallus (governador do Egito romano) exploraram o Egito até Assuão. Estrabão descreveu também o rio no Livro 17 da sua Geografia, aludindo às teorias de Eratóstenes.

  • Em 66 dC, na época do imperador Nero, o exército romano tentou encontrar a nascente do rio. Porém, segundo Sêneca, o pântano Sudd, impediu o exército de avançar. Ainda no século I um mercador grego chamado Diógenes relatou ao geógrafo Marino de Tiro que durante uma viagem pela costa oriental africana decidiu penetrar pelo continente, tendo ao fim de vinte e cinco dias chegado junto a dois grandes lagos e a uma cadeia de montanhas cobertas de neve de onde o Nilo nasceria.

  • No século II Ptolomeu utilizou esta informação para fazer um mapa onde se mostrava o Nilo Branco a nascer desses lagos, que recebiam as suas águas das Montanhas da Lua (Lunae Montes). É provável que estas montanhas sejam os montes Ruvenzori, situados entre o Uganda e o Zaire.

  • No século XII, Muhammad Al-Idrisi atribui como nascente do rio Nilo e do rio Níger um lago.

  • Em 1618 o jesuíta Pero Pais (ou Pedro Páez) foi o primeiro europeu a localizar as nascentes do Nilo Azul no Lago Tana.

  • Em 1770 o escocês James Bruce realizou uma viagem de exploração do Nilo Azul no Lago Tana, ficando com a fama de descobridor da sua nascente, embora o jesuíta ali chegou primeiro.

  • A partir do ano de 1821 o vice-rei do Egito Mehmet Ali e os seus filhos seriam responsáveis por várias viagens de exploração do Nilo.

  • Em Dezembro de 1856, Richard Francis Burton convidou John Hanning Speke para participar numa expedição aos grandes lagos da África Oriental. Em resultado da expedição Burton e Speke tornaram-se os primeiros europeus a chegar ao Lago Tanganica em fevereiro de 1858. Na viagem de regresso Speke viajou em sentido norte e descobriu o Lago Vitória (que recebeu este nome em honra da rainha Vitória) e que considerou como nascente do Nilo.

  • Em 1860, sob os auspícios da Royal Geographical Society, Speke realiza uma nova expedição à região acompanhado por James Grant, da qual resultaria a descoberta do rio Kagera e do local de saída do Nilo a partir do Lago Vitória (as Quedas de Ripon, 1862).




Leia também: O dom do Nilo

Fonte: Wikipédia

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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