sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mulheres de negócios



Em Gizé, as moradas eternas, estão cheias de informações apaixonantes e revelam muitas personalidades femininas de primeiro plano.




Empresária
A dama Hemet-Ra era uma verdadeira empresária. Tinha a seu serviço um intendente e vários escribas. Mas não possuía empregados. As cenas do seu túmulo, destinadas a perpetuar a sua existência no outro mundo, celebram a autoridade dessa princesa, que distribuía as suas diretivas a vários funcionários e que provavelmente geria todo um setor administrativo.


Especialista em finanças
A dama Tchat, "a jovem" vivia no Médio Império, durante a 12ª dinastia, na magnífica região de Beni Hassan, no Médio Egito. Nessa época, os chefes das províncias eram ricos proprietários rurais e ocupavam uma importante posição no reino. Trabalhava como funcionária na casa do governador local. Estimada e influente, possuía o título de "tesoureira e guardiã dos bens do seu amo"; ministra das finanças de um governo local. Era confidente de seu patrão, e talvez tenha sido até mais, talvez se casaram depois que a mulher dele morreu, e que Tchat lhe deu dois filhos. Foi certamente uma das gloriosas antepassadas das mulheres dedicadas à gestão das finanças públicas e capazes de assegurar a prosperidade de uma região.


Proprietária rural
No Antigo Egito, são mulheres belas que simbolizam os domínios agrícolas; aparecem nas paredes dos templo e dos túmulos, em procissão, trazendo suas riquezas aos deuses ou ao ka do defunto. A partir da 3ª dinastia, reconheceu-se a aptidão jurídica da mulher para possuir uma grande superfície agrária, e essa disposição legal perdurou durante todo o regime faraônico. Nenuphar, vivia no Novo Império, foi uma mulher de negócios muito ativa. Estava à frente de uma importante exploração agrícola e era também a patroa de uma equipe de representantes do comércio, encarregados de vender os produtos das suas explorações. Qualquer mulher podia encarregar-se de uma propriedade familiar, sem nenhuma diferença de tratamento social ou jurídico em relação a um proprietário do sexo masculino. A mulher podia comprar, vender e dispor dos seus bens como entender. Existem vários tipos de mulheres proprietárias de terras.


Última mulher de negócios independente
De origem grega Apolônia vivia em Pathyris, 30 km ao sul de Tebas, no século II aC. Filha de um soldado, possuía também um nome egípcio, Sen-Montu, "a irmã de Montu (deus-falcão e guerreiro de Tebas)". Seus avós, seus pais e outros familiares possuíam igualmente nomes gregos e egípcios; vindos de Cirene, instalaram-se no Egito, adotando o modo de vida local. Aos 20 anos, desposou Dríton, viúvo, oficial de cavalaria e pai de um filho, ela lhe deu 5 filhas. Embora reinasse no Egito soberanos gregos, os Ptolomeus, as egípcias gozavam ainda dos direitos reconhecidos e aplicados nos textos dos faraós nativos. Os gregos opunham-se inteiramente às liberdades que o antigo Direito egípcio concedia às mulheres (autonomia jurídica e capacidade de gestão das suas terras). Nenhum rei grego ousara ainda modificar a legislação vigente há tantos séculos. Baseando-se no Direito egípcio, Apolônia, arrendou as suas terras, emprestou dinheiro e trigo a um veterano e continuou a subsistir às custas dos negócios. No reinado de Ptolomeu IV Filopátor (221-205 aC) começou a reforma dos gregos: a mulher considerada um ser infantil e irresponsável, deveria ter um tutor, guardião legal da esposa, que lhe assinaria todos os atos jurídicos. No final do século II aC as egípcias perderam de vez a independência e a autonomia.

Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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