quinta-feira, 30 de abril de 2009

Hatshepsut, rainha faraó

Por mais de 20 anos (1490 - 1468 a.C.), uma mulher, reinará no Egito. Não será o primeiro faraó feminino, porque já aconteceu uma vez no Antigo Império e uma segunda vez no Médio Império. Mas essas outras duas mulheres faraós, haviam reinado no final de épocas ilustres, em períodos de crise. Hatshepsut, pelo contrário, é chefe de um Egito rico e poderoso. Inteligente, hábil, dotada de habilidades administrativas quase que excepcionais, política, Hatshepsut era uma das duas filhas do grande monarca Tutmósis I, que preparou sua filha para o exercício do poder.



Origens
Filha mais velha do grande monarca Tutmósis I (1506-1494 a.C.) e da rainha Ahmoses, nasceu em Tebas. Herdou o caráter enérgico do pai. Desposou seu irmão, nascido de uma concubina, Tutmósis II, cujo reinado foi curto (1493-1490 a.C.), tiveram duas filhas. Hatshepsut era uma mulher muito bela. Um de seus mais belos retratos nos é oferecido por uma esfinge com cabeça humana conservada no Museu de Arte de Nova York. As feições são ao mesmo tempo finas e voluntariosas. Sua múmia é uma das mais pungentes: conservou o cabelo comprido e, apesar da máscara mortuária, advinha-se uma forte personalidade, uma energia feroz aliada ao encanto de uma feminilidade radiosa.

Reinado
O Jovem Tutmósis II, seu marido, morre cedo, e deixa o Egito numa situação difícil. Deixa duas filhas e um filho, o futuro Tutmósis III (filho de outra esposa). Mas este era, na ocasião, uma criança. Hatshepsut assegura a regência. "Filha do rei, irmã do rei, esposa do deus, grande esposa real", ela dirigirá o país de acordo com a própria vontade de seu sobrinho. Mas este governo iniciante não corresponde à mentalidade egípcia, de modo que ela resolve ser rei. Rei, porque assumirá as características masculinas que farão dela faraó como os outros. A princípio representada como mulher, depois veste-se de homem, adota os protocolos dos reis, usa a barba postiça e a dupla coroa. Dois anos após a morte de Tutmósis II, ela já agia como chefe de Estado. Tem o cuidado de legitimar o seu poder, explicando que seu pai, o bem amado Tutmósis I, a escolhera como rainha. Os textos afirmam que Hatshepsut, filha do deus Amon, que caucionava igualmente a sua tomada do poder, dirigia os assuntos do Egito de acordo com os seus próprios planos. Graças à obra de antecessores, conheceu tempos pacíficos, que aproveita para se consagrar à gestão econômica do país, e sobretudo a uma intensa atividade arquitetônica. Sua política externa foi muito fraca. Manteve relações comerciais com o estrangeiro.

Construções
  • ergueu 4 obeliscos em Karnak
  • um templo dedicado a Hórus em Buhen, na Núbia

Sua obra prima foi Deir el-Bahari – construído na região tebana num local consagrado à deusa Hathor. Seu arquiteto Senmut, concebeu um projeto muito original, que apresenta um plano único na arquitetura egípcia:
  • uma calçada que sobe suavemente em direção ao templo composto por terraços sobrepostos.
Este mundo de pedra, onde Hathor, a deusa da alegria e do amor, ocupa um importante lugar, é um hino imortal à beleza. A rainha ali honrou seu pai Tutmósis I, o grande deus Amon-Rá e também o deus solar Rá-Horakhty, e o deus funerário Anúbis. Nos depósitos da fundação, encontrou-se ânforas com a inscrição: "A filha de Rá, Hatshepsut, construiu este monumento em honra de seu pai Amon, no momento de iniciar a construção do templo de Amon, a maravilha das maravilhas". Para chegar ao templo, seguia-se por uma alameda de esfinges representando Hatshepsut. Diante do edifício havia um magnífico jardim com sicômoros, filas de tamarindos, palmeiras, árvores frutíferas e arbustos de incenso.

A aventura de Hatshepsut teria sido impossível sem o apoio do clero de Amon, que paradoxalmente, havia designado Tutmósis III como rei. Ela encontrou, um amigo fiel na pessoa do sumo sacerdote Hapuseneb, senhor de grande influência política. Foi ele quem favoreceu a criação do mito do nascimento divino e justificou teologicamente a legitimidade de Hatshepsut. Elevado à categoria de chefe dos sacerdotes do Sul e do Norte, Hapuseneb dirigia todos os cultos e servia-se do oráculo para revelar a vontade de Amon. Hatshepsut vai lhe dar o cargo de vizir, colocando-o assim à frente do Estado.

Como terminou a aventura de Hatshepsut, não possuimos certeza. Escreveu-se várias vezes que o jovem Tutmósis III a odiava, mandou martelar seu nome nos monumentos a fim de apagar a sua lembrança da História. Mas não mandou arrasar seu templo de Deir el-Bahari. O túmulo de Hatshepsut foi encontrado, tendo sido o primeiro a ser escavado no Vale das Rainhas. Devemos a seu pai uma inovação fundamental: a escolha do Vale dos Reis para lá escavar as derradeiras moradas dos faraós.

Reinado feliz, anos de paz e tranquilidade, beleza de uma civilização traduzida no templo de Deir el-Bahari



* Leia também: Hatchepsut
do livro 'O Egito dos Grandes Faraós história & lenda' de Christian Jacq

Nut, a senhora do céu



Os egípcios tal como outras culturas da Antiguidade, identificaram os elementos primordiais da Natureza com deuses. Assim, o ar era o deus Chu e a unidade a deusa Tefnut. Da união entre ambos nasceu a Terra, Geb, e o céu, Nut, criadora de todos os astros.




Um dos títulos de Nut era "a grande que faz os deuses nascerem

– De acordo com um mito de Heliópolis: 
  • o deus Atum tinha criado o mundo a partir dos seus fluidos internos. Foi assim que surgiram os primeiros deuses: Chu, o ar, Tefnut, a unidade. Estes deuses participaram Geb, a Terra, e Nut o céu. 
– De acordo com um mito posterior: 
  • o deus Rá teve inveja deles e mandou separá-los por meio de Chu, que se interpôs entre os seus filhos e proibiu-os de procriar em todos os dias do ano. Graças a um estratagema do deus Tot, que criou um mês com cinco novos dias, Nut pôde dar à luz os deuses mais importantes: Osíris, Ísis, Set, Néftis e Hórus. 
Além disso, Nut também aparece no panteão egípcio como a deusa criadora do Universo físico e como a reguladora do movimento dos astros.

A protetora dos mortos – como auxiliadora dos mortos, ajudava-os no Além e fazia-os renascer, acolhendo-os com asas abertas.

Estela de culto – foi adorada por todo o Egito, embora não tenha sido encontrado qualquer templo dedicado a ela. Porém a senhora do céu pode ser vista em oferendas feitas à própria Nut e a outros deuses.

Nos papiros – o tema da criação do mundo é muito frequente nos papiros funerários, pois julgava-se que no Além, os mortos convertiam-se em estrelas. Representada frequentemente no interior dos sarcófagos.

A noite come o Sol – segundo os mitos solares, todas as noites Nut comia o Sol e, depois do seu passeio noturno pelo mundo subterrâneo, expulsava-o transformado no escaravelho Khepri, sol da manhã. Esse mito encontra-se num dos textos mágicos que chegaram até nós, o Livro das Cavernas, e pode ser visto em muitos túmulos reais. 

Nut, a senhora do céu

(Origem: Egitomania - fascículos 2001)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Perfumes egípcios

O perfume estava no centro da estética e da terapia para homens e mulheres no Egito antigo. Embora as técnicas usadas não fossem em sua maior parte registradas, os historiadores se baseiam na literatura dos escritores, das pinturas e dos produtos manufaturados gregos e romanos para determinar a produção, o relevo, as formas e os usos do perfume nesta era tão fascinante.


O ato de fazer o perfume foi considerado uma arte no Egito Antigo. O artesão era considerado um artista e a profissão estava aberta para as mulheres assim como para os homens. O procedimento de fabricação e da extração do perfume pode ser determinado por relevos nas paredes dos túmulos de Petosiris. Isto mostra que a fabricação do perfume teve um supervisor, os trabalhadores que completaram a extração e um verificador profissional que completava o rigoroso teste usando o sentido do cheiro.

Os relevos igualmente detalham dois processos de extração:
  1. O primeiro processo mostrado era um processo mecânico antigo de extração que era similar à produção de vinho. Isto exigia um grande saco e duas equipes de funcionários que eram usados para prensar. 
  2. O segundo método era uma forma de extração com o auxílio do calor e embebido em álcool. Os processos são versões antigas das técnicas modernas da extração do perfume que somente avançaram em termos de equipamentos disponíveis e em ingredientes sintéticos. 

Os relevos mostram igualmente 'red berries' derramadas de um recipiente que mostra em detalhes a natureza dos produtos usados para extrair perfumes diferentes. Os ingredientes usados no perfume eram geralmente plantas originais como henna e canela. O filósofo naturalista da antiguidade, idoso Plínio, registrara perfumes florais como: 
  • a íris, 
  • a amêndoa amarga e 
  • os lírios em sua história natural como sendo usado em abundância 
  • a Mirra que é uma resina dos arbustos e de outras madeiras aromáticas também foram usadas as gorduras animais tais como o 'musk', também foram registradas como sendo usadas em alguns perfumes. 
Entretanto, os Egípcios tinham gostos tipicamente exóticos, e além do cultivo caseiro, também importaram compostos aromáticos tais como o 'landanum' da Arábia e do Leste Africano, o 'galbanum' da Pérsia, e o 'frankincense' devido às tentativas mal sucedidas de cultivá-lo em climas egípicios. O fato dos ingredientes serem importados mesmo em épocas antigas mostra a importância do perfume. As variedades importadas eram caras e inicialmente reservadas para o uso dos deuses ou somente para exportação.

As gravuras arqueológicas escavadas mostram que das épocas antigas a mistura e a quantidade de perfume eram tão importantes quanto o tempo que o perfume duraria. O perfume era um material principal da exportação em épocas antigas com vários países disputando para produzir o de mais alta qualidade. O idoso Plínio descreveu um perfume egípcio que mantinha sua fragrância após oito anos, e o estudioso botânico grego da antiguidade, Dioscorides, concordou que o perfume egípcio era bem superior aos outros feitos por outras civilizações.


Os nomes dos perfumes egípcios geralmente eram da cidade de produção ou do ingrediente principal. 
O armazenamento era feito em vidros ou em embalagens de pedra, sendo o 'alabastro' o mais procurado. 
A decoração era feita frequentemente com ornamentações modernas refletindo a funcionalidade e a atração. 


O perfume era queimado como o incenso, segundo os documentos originais do reino de Tutmés lll que detalhavam variedades diferentes tais como o incenso verde e o incenso branco. O perfume era usado por razões estéticas, sob a forma das infusões líquidas baseadas em óleo, ou cera e gordura para cremes. Isto sugere que havia uma finalidade medicinal reconhecida.

O perfume era principalmente para as classes da elite até a idade dourada. Foi usada pelos reis que acreditavam ser de origem divina enquanto se acreditava que os deuses favoreciam o perfume. Os altos funcionários usavam perfume quando eram promovidos para cargos importantes para pedir favores dos deuses.

O incenso foi usado para esconder o cheiro do sacrifício animal durante as cerimônias. Os bálsamos eram tidos como medicinais assim como se pensava que o perfume servia para repelir os demônios e ganhar o favor dos deuses. O perfume também era uma parte importante de ritos da morte e do enterro. Os corpos eram perfumados durante a mumificação como se acreditava que a alma visitaria os deuses e assim o perfume repeliria os demônios. Interessante saber que após 3.300 anos da morte de Tutankhamon, a fragrância ainda podia ser detectada em seu túmulo.

Origem: www.PoloMercantil.com.br

Este texto está sob a licença GNU FDL e pode ser distribuído livremente sem prévia autorização do autor, desde que os respectivos links sejam mantidos.




Cleópatra (69 – 30 a.C) era conhecida por seus banhos perfumados e seus cuidados com a pele e beleza, sempre explorando matérias-primas curativas, composições como o kyphe óleos aromáticos como o de rosas.
Reza a lenda que suas conquistas amorosas resultavam não somente de sua beleza, mas também do envolvimento de seus amantes em seus aromas sedutores.
Segundo alguns, a rainha do Egito ordenava que colocassem essência de rosas nas velas de seu barco para que sua presença, ao navegar pelo rio Nilo, fosse notada.
Durante o período do Império Romano, Júlio César (100-44 a.C) e Marco Antônio (83-30 a.C) apaixonaram-se por Cleópatra (69-30 a.C), considerada uma expert na arte de se perfumar e seduzir.
Trinta anos após a morte da rainha do Egito, Jesus Cristo recebeu incenso e mirra, além de ouro, como presentes ao nascer.
Quase vinte anos após sua morte, romanos aperfeiçoaram a arte de fabricação do vidro e fizeram grandes importações de incenso e mirra do Oriente. (marcosabino.com)

Nectanebo II, o último faraó egípcio




Não é um faraó célebre. Mas merece um lugar nas galerias de retratos de faraós egípcios. Foi o derradeiro elo da longa cadeia de dinastias começada com Menés.






Foram 800 anos entre o final do reinado de Ramsés III e o início do de Nectanebo II. De 1153 a 1070 a.C, oito reis usaram o nome de Ramsés, mas nenhum conseguiu devolver ao Egito o seu esplendor. De 1070 a 715 a.C  decorre o Terceiro Período Intermediário (da XXI a XXIV dinastia); em 715 a.C. tem início a Baixa Época, que terminará em 332 a.C, com a conquista de Alexandre.

A economia  conhece períodos difíceis, a religião transforma-se, pois as correntes populares diferenciam-se cada vez mais claramente dos círculos iniciáticos. O Egito conhecerá várias invasões que acabarão por fazer dele um país conquistado. Apesar de tudo, a noção de "faraó" não desaparece. Até mesmo os soberanos estrangeiros que reinam nas Duas Terras terão de ser coroados faraós e passar pelos ritos ancestrais. O faraó é a alma do Egito.

O reinado
Nectanebo II sobe ao trono em 360 a.C, e tem que confrontar-se com uma situação muito difícil, quando o rei anterior, Teos, fugira do Egito após uma pesada derrota inflingida pelos persas. Nectanebo era soldado na Síria, regressou, conteve a revolta, fez-se reconhecer como chefe pelos notáveis locais e tornou-se faraó.

– Rei pacífico e religioso, conhece um clima de paz e possui uma economia relativamente estável que lhe permite por em prática um grande programa de construções. Dedica-se a construir e restaurar templos. Trabalha-se em:
  • Mênfis
  • Bubastis
  • Abidos
  • Karnak
  • Edfu
  • Filae
O Egito já não é uma grande potência, mas aprendeu a conhecer o mundo exterior, seus marinheiros empreenderam uma imensa viagem que os levou do mar Vermelho ao Cabo. A Duas Terras tem ligações econômicas com muitos outros países, abriu-se o chamado "canal dos Dois Mares" o primeiro Canal de Suez. 

O fim
Entre 343-342 a.C o rei persa Artaxerxes III invade o Egito, por mar e terra, o Delta é invadido e Mênfis, a capital administrativa, é dominada. Todo o Egito é conquistado, e seus templos sofrem graves estragos. Não sabemos como desapareceu o último faraó egípcio, grande construtor e infortunado soldado. Deve ter acabado os seus dias na Núbia. 
  • Portanto, 343 a.C. foi o último ano em que um faraó de origem egípcia reinou no "trono dos vivos".
(do livro 'O Egito dos Grandes Faraós história & lenda' de Christian Jacq)

Maat, a ordem cósmica



A importância que a ordem, no Universo e na vida cotidiana, tinha para os egípcios fez de Maat uma divindade primordial no panteão egípcio. Apesar de não ter local de culto, ocupou um papel relevante na vida dos egípcios no Além. 

– na figura Maat com a pena, o cetro uas e a cruz anj.





Maat é uma divindade que já é mencionada desde o Antigo Império nos Textos das Pirâmides, precursores dos Livros dos Mortos. Esta deusa é representada como uma mulher, de pé ou sentada, com uma grande pena de avestruz na cabeça, presa por um diadema. Considerada filha de Rá, deus do Sol, Maat aparecia atrás do pai, no barco que todas as noites a levava ao mundo subterrâneo. Personificava os conceitos abstratos de justiça, verdade e ordem, tanto cósmico como sociais. O faraó que, a partir do Médio Império, se declarará seguidor de Maat, era o responsável pela manutenção desta ordem na Terra. O faraó conseguia que o Egito fosse a terra de Maat por meio de um governo bom e honrado e do respeito pela justiça.

A assistente dos juízes
Como personificação da justiça e responsável pela existência de uma certa ordem no Universo, Maat foi considerada a protetora dos juízes. Antes do início de um julgamento, todos os juízes levavam um amuleto dessa divindade pendurado ao pescoço para poder desempenhar as suas funções com retidão. Além disso, os juízes eram considerados sacerdotes de Maat, cuja imagem se vê, na estatueta, sentada sobre uma espécie de elevação que alude ao montículo primordial da criação.

A sala das duas verdades
A retidão e a justiça deviam reger a vida de um homem. No além, julgava-se o coração, centro do pensamento para os antigos egípcios. Maat, símbolo da honestidade e da verdade, pesava o coração do morto. Às vezes, aparece como uma pena na cena da pesagem. Em um prato de balança, colocava-se o coração e, no outro, Maat sentada com uma pena na cabeça, ou só a pena. Se o resultado não fosse o equilíbrio entre as ações do morto, representadas pelo coração, e Maat, o coração era devorado por um monstro. Ao lado da entrada da sala, havia uma coluna com decoração vegetal e com um capitel adornado por serpentes.

O alimento dos deuses
As oferendas à divindade eram uma parte importante do ritual diário. O sacerdote principal, representante do faraó, era o único que podia chegar à estátua do deus. Uma vez lavada, vestida e perfumada, era-lhe oferecida uma estatueta da deusa Maat, pois era o alimento dos deuses. Os faraós também ofereciam estatuetas de Maat aos deuses, simbolizando, com isso, que o seu reino estava em ordem.

– Um babuíno em uma balança simbolizava o deus Tot, que ajudava Maat no exercício da justiça. O deus Tot, com cabeça de íbis, era encarregado de anotar o resultado da pesagem do coração.

– A deusa Maat recebia o morto com um cetro uas em uma das mãos e uma cruz anj na outra.



Fonte: Egitomania - fascículos 2001

terça-feira, 28 de abril de 2009

Saqqara

Chamavam-na de "planície das múmias". Em 1828, Champollion viu ali apenas um campo de ruínas: 
  • pirâmides desmoronadas, 
  • tumbas saqueadas, 
  • crânios, 
  • ossadas, 
  • fragmentos de cerâmica... 
"Essa localidade é quase nula para estudo", escreveu precipitadamente o decifrador de hieróglifos antes de seguir caminho para o Alto Egito. Só com as escavações do inglês Perring (1837), do prussiano Lepsius (1842) e principalmente de Auguste Marriette (a partir de 1851), o sítio de Saqqara, situado uns 30 km ao sul do Cairo, começaria a revelar sua fabulosa riqueza.

Na década de 1920, foi a vez de o inglês Francis Firth apaixonar-se por Saqqara, onde fez muitas descobertas. A ele juntou-se o jovem arquiteto francês Jean-Philippe Lauer, que dedicaria 70 anos de sua vida a esse sítio extraordinário. Morando no local, interrogava incansavelmente o genial Imhotep, autor do principal complexo funerário. E reconstituiu pedra por pedra o muro circundante, as capelas, e os corredores.

Não se localizou o túmulo de Imhotep Por volta de 2700 a.C, na época da III dinastia, esse homem fora do comum – que também foi médico, grande sacerdote de Heliópolis e principal colaborador do faraó Djoser – inventou ao mesmo tempo um estilo funerário (a pirâmide) e a arquitetura de pedra. Mais tarde foram atribuídas a ele curas milagrosas. Era considerado um santo é até um deus, a quem consagraram uma capela no Templo de Filae. Em homenagem àquele que consideravam seu patrono, os escribas adotaram o hábito de derramar umas gotas de seu pote de tinta antes de escrever.


Saqqara tornara-se o principal cemitério de Mênfis, uma das cidades mais importantes da Antiguidade; daí a profusão de sepulturas. Sepulturas de humanos, mas também de animais: nas galerias com centenas de metros de comprimento, foram encontradas múmias de touros, íbis, falcões, cobras, gatos... Uma imensa necrópole zoológica.



O nome desse planalto desértico deriva de uma alteração da palavra árabe sakhr (pedra, rocha). Dá para imaginar o encantamento provocado por esse lugar antes da estabilização das águas do Nilo, quando o vale sobre o qual se projeta ficava inundado durante parte do ano.

– Philippe Lauer nunca esqueceu a paisagem vista por ele ao chegar lá, em 1926:
Um imenso lençol de água ligeiramente azulada estendia-se a perder de vista no vale, só era limitado a oeste pelo vilarejo de Saqqara com seu palmeiral e sobretudo pela maleável faixa dourada das areias do deserto da Líbia contra a qual se desenhava o contorno de várias pirâmides, entre elas a pirâmide em níveis de Djoser. Logo nos vimos rodeados de água, bem no meio de um espelho descomunal, com infinitas nuanças de cor. Tudo o que emergia dessa onda calma e límpida eram palmeiras, tamariscos e acácias, entre os quais embarcações de pescadores ou de barqueiros evoluíam tranquilamente...

Os franceses trabalham em quatro sítios arqueológicos em Saqqara: 
  1. Bubasteion, 
  2. Djoser, 
  3. Louvre e 
  4. Pepi I. 
A cada ano, uma das equipes faz pelo menos uma descoberta espetacular. Nesse espaço de mais de dez quilômetros quadrados, os vestígios, que vão do Antigo Império ao período copta, estão longe de se esgotar.

Por Robert Solé do livro 'Egito um olhar amoroso'

Deusa Hathor




Hathor é uma das deusas mais veneradas do Egito Antigo, a deusa das mulheres, dos céus, do amor, da alegria, do vinho, da dança, da fertilidade e da necrópole de Tebas, pois sai da falésia para acolher os mortos e velar os túmulos.





Poderes – É a legítima portadora do sistro – era feito em geral em bronze, mas também existiam exemplares em madeira e em faiança. Os sistros estavam particularmente associados ao culto da deusa Hathor, mas poderiam também ser empregados no de Ísis, Bastet e Amon. Os egípcios acreditavam que o som produzido pelo instrumento poderia aplacar o deus em questão. Quando o culto de Ísis se difundiu na bacia do Mediterrâneo, o sistro tornou-se um instrumento popular entre os romanos. Hathor trazia a felicidade e era chamada de "dama da embriaguez" e muito celebrada em festas. As mulheres solteiras oravam para ela enfeitiçar seus espelhos de metal. Distribuidora do amor e da alegria, deusa do céu e protetora das mulheres, nutriz do deus Hórus e do faraó.

História – Hator (Hathor ou Het-Heru) era associada com Ísis e com Bast, porém, esta Hathor mais conhecida é a reformulação de uma Hathor pré-dinástica, muito mais antiga, da qual pouco foi revelado e muito foi ocultado pela classe sacerdotal. Seu poder era tão grande que, mesmo com estas reformulações e confusões, em mais de uma dinastia o faraó era considerado filho de Hathor ou seu consorte.

Culto – Personificação das forças benéficas do céu, depois de Ísis, é a mais venerada das deusas. Era prestado culto a Hathor em todo o Egito, em especial em Dendera.

Iconografia – Ela é representada de várias formas ao longo da história e pré-história egípcia:
  • como uma mulher com chifres na cabeça portando o disco solar;
  • como uma mulher com orelhas de vaca;
  • como uma mulher com cabeça de vaca portando o disco solar;
  • como uma vaca, com disco solar e duas plumas entre os chifres.


Às vezes é retratada por um rosto de mulher visto de frente e provido de orelhas de vaca, a cabeleira separada em duas abas com as extremidades enroladas.







Fonte: Wikipédia

O Templo de Dendera

O templo de Dendera é o mais preservado entre muitos templos egípcios. Foi construído no século I a.C pelo rei Ptolomeu VIII e a rainha Cleópatra II, porém outros monarcas da Época Greco-romana acrescentaram elementos arquitetônico e decorativos. O templo foi dedicado a Hathor, deusa do amor, música, maternidade e alegria. Conforme uns documentos , o primeiro templo de Hathor data do tempo do Antigo Reino sobretudo do reinado do rei Queops. Além disso, e conforme outros textos, havia outro templo construído no reinado de Pepi I da dinastia VI. O templo atual foi construído entre 125 e a.C e 60 d.C, no final da dinastia Ptolomaica, porém encontramos outros nomes como o de – Ptolomeu X, Ptolomeu VI, Cleópatra VII, Augustos, Tiperius, Cáligula e Nero.

O templo de Hathor 
  • 86 m de comprimento e 43 m de largura, 
  • está rodeado de uma muralha circundante de barro que tem 290 m de comprimento e 280 m de largura, 
  • o portal do templo situado no lado setentrional que projeta da muralha cricundante de barro, e que funciona como a entrada usada atualmente, data do tempo dos imperadores Domiciano, Nerva, e Trajano (século I d.C), 
  • na face do portal encontra-se uma cena que ilustra o imperador Domiciano fazendo oferendas de vinho e pássaros perante Hathor, Hórus, Maet, Hor-wer, e Ihy
  • aparentemente o templo não tinha um pilono egípcio com duas torres, 
  • o portal de Domiciano dirige a uma área aberta e espaçosa, 
  • ao lado direito há ruínas de um Mamisi – casa do nascimento de Hórus – e uma basílica Copta. Ao passar pela área vasta chega-se ao pátio exterior que dirige à Colunata ( a sala hipostila ), a parede externa da colunata está decorada de diversas cenas que ilustram o imperador Tibério perante divindades diferentes, Claudio fazendo oferendas a Hathor e Ihy – o seu filho – e outra vez Tibério adiante de Hathor
  • a colunata tem 24 colunas divididas em 6 filas, 3 colunas em cada fila. Cada coluna tem capitel hatórico – capitel em forma da cabeça da deusa Hathor. Entre os relevos mais importantes sobressaem-se as do teto sobre tudo as que ilustram Nut – deusa do céu – em forma de uma mulher com corpo curvado e decorado de estrelas, constelações e signos, 
  • as paredes estão decoradas, geralmente, de cenas que demonstram os reis e imperadores fazendo oferendas ou preces perante Hathor e outras divindades, 
  • a colunata dirige a outra sala menor em tamanho com 6 colunas e contém 3 capelas em cada lado,
  • a primeira capela no lado direito chama-se " Casa da Prata", pois se acredita que os utensílios e equipamentos preciosos de prata e ouro foram armazenados ali, 
  • a primeira capela localizada no lado esquerdo foi conhecida como "o Laborátorio" devido à existência de relevos que representam drogas, medicamentos e receitas de remédios, e além disso neste quarto os perfumes e as essências foram fabricadas, 
  • a segunda capela no lado direito foi conhecida como quarto de oferendas, enquanto a segunda capela no lado esquerdo chama-se "quarto da Recolheita", provavelmente foi um quarto dedicado à armazenagem das recolheitas,
  • a terceira capela no lado direito tanto como a terceira capela no lado esquerdo tinham uma funcão incerta, provavelmente funcionavam como um certo porão do templo, 
  • a segunda Colunata dirige ao primeiro vestíbulo conhecido como a "Sala das Oferendas" o primeiro vestíbulo dirige ao Segundo Vestíbulo conhecido como " Sala das divindades" cujas paredes estão cobertas com cenas que representam o rei fazendo oferendas às divindades,
  • através do segundo vestíbulo chega-se ao santuário do templo, a parte mais sagrada e mais escura do templo. Um quarto quase escuro e pelos relevos das paredes sabemos que o santuário tinha originalmente um sacrário para guardar a imagem ou a estátua da divindade. Este é o lugar onde o alto sacerdote do templo exercia o ritual do serviço diário a deusa Hathor. Como o lugar mais santo do templo ninguém estava autorizado a entrar, menos o alto sacerdote,
  • o santuário está rodeado de 11 quartos dedicados a diversos deuses,
  • o templo tem 32 criptas, 11 apenas estão decoradas, 
  • de volta ao primeiro vestíbulo há um corredor que dirige ao telhado do templo por uma escada. No telhado encontra-se uma capela conhecida como a " Capela da União com o Disco Solar". É uma sala pequena situada no lado sudeste do telhado que tem 12 colunas com capitéis hatóricos e sem teto. Se acredita que com o primeiro dia do ano novo, os sacerdotes levavam as estáuas de Hathor, o seu esposo Hórus e o seu filho Ihy a está sala no telhado para receber os primeiros raios do sol e assim se realiza o processo da união com o sol.

– Dentro do recinto do templo há ruínas antigas de uma Basílica, um Sanatório, além do Lago Sagrado. A Basílica Copta é uma igreja muito destruída que provavelmente foi construída no século V. O teto da basílica caíu. É um edifício pequeno que tinha duas entradas. O átrio da igreja além do santuário estava decorado de estrelas e no fundo da basílica existe ruínas de uma capela.



– A cena mais famosa que estava representada com perfeição no lado ocidental do teto conhecida como o Zodíaco, foi transferida pelos franceses ao Museu do Louvre, agora existe uma réplica que mostra as doze figuras dos signos conhecidos: Leão, Cancer, Escorpião, Virgem, Libra, Capricórnio, Aquário, Peixes, Touro, Aries, Gêmeos e Sagitário.




– O Sanatório de Dendera é um hospício anexado ao templo. É um edifício importante que atraia os peregrinos e passageiros doentes para receberem tratamento médico. Este edifício de ladrilho tem 11 quartos que acomodavam os doentes.

– O Lago Sagrado é um dos elementos fundamentais dos templos egípcios. Situado no lado norte do recinto de Dendera. No Egito antigo todos os sacerdotes tinham que fazer ablução ou purificação com águas do lago sagrado antes de começarem o seu trabalho diário no templo. Além disso, o lago sagrado simboliza às águas ou aquele oceano de que o universo foi criado conforme as crenças egípcias antigas.

– Anualmente, há uma viagem de Hathor através do Nilo (em que o seu temperamento bravio era suavizado por músicas e bebidas) para consumar o seu divino casamento com o deus falcão Hórus, que a aguarda em Edfu (cidade situada a cerca de cento e sessenta quilometros). Esta diligência mítica, que mantinha Hathor afastada da sua morada durante cerca de três semanas, era celebrada pelos egípcios com um festival alegre e faustoso. Procurando reproduzir o trajeto executado pela deusa, a solene procissão seguia então pelo rio, rasgando com uma barca “A Bela de Amor" onde, uma estátua de Hathor se elevava. Os sacerdotes de Edfu preparam o encontro dos esposos, que ocorrerá no exterior do santuário, mais exatamente numa exígua capela localizada a norte da cidade. Este encontro deveria suceder num momento preciso, ou seja, à oitava hora do dia da lua nova do décimo primeiro mês do ano. Quando por fim Hathor abençoa Edfu com a sua magnífica presença e perfuma os lábios de seu esposo com o incenso de um beijo, iniciam-se então as festividades, no decorrer das quais a deusa é aclamada, saudada e inebriada com a música docemente tocada em sua honra. Não era pois Hathor a “Dourada”, a “Dama das Deusas”, “A Senhora” e “A Senhora da embriagues, da música e das danças”?

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre e Descobrir Egipto

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um último olhar

Após a morte de Cleópatra, o Egito torna-se o celeiro de Roma que oprime o Duplo País. Em 384 da nossa era, um decreto ordena o fechamento dos templos. No dia 14 de Agosto de 394 é gravado o último texto hieroglífico em Filae, de onde os sacerdotes de Ísis serão expulsos em 535. A língua sagrada desaparece, caindo assim no ostracismo um prodigioso instrumento cultural, bem como a aventura dos faraós, até o dia em que a sua decifração permitiu conhecer a sua civilização.

A viagem ao Egito é um deslumbramento para todo aquele que quiser reencontrar as suas origens e as suas raízes mais profundas. O visitante sente com uma intensidade muito especial que o segredo da civilização está ali, oculto naquelas pedras, no sorriso das divindades, na verticalidade das colunas. A história dos faraós do Egito constitui um ensinamento, fazendo-nos tomar consciência da verdadeira grandeza do homem. E é tão imperecível quanto a sua arte.

Filho único do deus Rá, o Egito era considerado pelos seus habitantes como o centro do mundo, como o olho aberto para o real. Templo do mundo inteiro, reflexo dos cosmos, o Duplo País era oferecido a cada soberano como um tesouro inestimável. O Sul é dado  ao rei tão longe quanto sopra o vento, Norte até os confins do mar, o Ocidente tão longe quanto chega o sol, o Oriente até onde ele desponta. De modo que a atividade dos faraós não foi política no sentido estrito do termo; o senhor do Egito, intermediário entre o céu e a Terra – como, por exemplo, o imperador da China – não se comportava como um administrador profano. Investido da sua missão pelos deuses, qual mago que mantém a harmonia da natureza, o faraó é o modelo de um chefe de Estado que à primeira vista parece estar muito longe de nós. Haverá, contudo, maior desígnio político do que criar uma ordem terrestre em harmonia com a ordem celeste? Eis a grande obra dos reis do Egito, eis a verdade dos chamados faraós.

(Christian Jacq em 'O Egito dos Grandes Faraós - história & lenda')

Nefertiti o poder da beleza

A beleza de Nefertiti era tal que outros aspectos da sua personalidade foram eclipsados pela sua aparência física. Contudo, a importância política e religiosa dessa rainha se evidência nas representações de sua imagem.


Devido à escassez de documentos, a figura de Nefertiti está envolta em mistério. Não se sabem quem foram os seus progenitores, embora pudesse ser filha da que se conhece como sua ama de leite, Tyy, e do funcionário Ay. Casada com Akhenaton, logo se tornou evidente que a rainha não se limitaria a desempenhar o papel de esposa real. Akhenaton conferiu-lhe poder, e a influência dela chegou a ser tão grande que chegou a ser representada com a coroa dupla, símbolo do poder do faraó. Tal como o seu nascimento, a sua morte é motivo de controvérsia. Por volta do ano 1352, duodécimo do reinado de Akhenaton, o nome de Nefertiti desaparece da cena política. A causa desse desaparecimento foi a sua morte ou teria o seu lugar sido ocupado por outra das esposas de Akhenaton?

A Família real na intimidade
No Antigo Egito, as representações da família real caracterizam-se pela rigidez e pela ausência da expressão de sentimentos. Só as pinturas e os baixos-relevos de caráter não oficial é que mostravam cenas da vida cotidiana. Na época de Nefertiti, em contrapartida, as cenas familiares eram muito frequentes, sobretudo nas estelas, colunas com inscrições, que marcavam os limites da cidade de Akhenaton. Também se podem ver nos baixos-relevos de altares domésticos. Neles representava-se o casal real, mas o povo depositava a sua fé em Nefertiti e era ela que dirigia as preces.

Apesar de não sabermos como decorreu a maior parte da vida de Nefertiti, é indiscutível que participou ativamente da vida política do país, como o mostram várias representações suas conservadas até os nossos dias. Podemos vê-la oferecendo colares aos seus súditos da varanda do palácio, conduzindo o seu próprio carro e, inclusive, ferindo os inimigos com uma clava, imagens próprias dos faraós que reinavam. Também aparece em estelas de altares domésticos, às vezes junto à Akhenaton e, outras sozinha, fazendo ofertas a Aton. A adoração do povo por ela era tão grande que chegou a ser representada como deusa. Tudo leva a crer que tenha ocupado lugar de destaque, tanto no coração do faraó como no do povo, o que talvez tenha conseguido graças à sua extraordinária beleza.

A Necrópole da cidade de Aketaton
Em 1360, quarto ano do reinado de Akhenaton, o faraó mandou construir uma nova capital em um local ainda não habitado. A cidade hoje conhecida como Tell el-Amarna, chamou-se Akhetaton, que significa "o horizonte de Aton". O túmulo de Nefertiti ainda não foi encontrado.

A vida no palácio
O palácio de Nefertiti e Akhenaton situava-se no centro de Akhetaton, numa das principais ruas da cidade. As paredes eram de pedra, decoradas com pinturas murais de temas geométricos e figurativos. Não faltavam cenas da vida cotidiana.

A beleza da rainha
Várias esculturas mostram os padrões de beleza na época de Nefertiti: 
  • crânio alongado, 
  • feições estilizadas e 
  • olhos rasgados.

A moda nos tempos de Nefertiti

A rainha sendo uma mulher atualizada, aparece representada em pinturas e esculturas conforme a moda da época. Os vestidos, por influência do Oriente Próximo, eram plissados e transparentes. Feitos de linho, insinuavam as linhas do corpo feminino, embora as mulheres usassem outra peça de roupa por cima. Esta também plissada, era atada com um nó debaixo do busto, formando um drapeado em forma de leque. O toque final era uma peruca curta, como a que Nerfertiti costumava usar.




Nefertiti no poder
Nas estelas fronteiriças qualifica-se a rainha como "dama das graças" e "dotada de todas as virtudes". A beleza de Nefertiti deve ter causado sensação na corte. Os artistas fizeram vários modelos dela.

Um toque de vaidade

Nefertiti tal como muitas mulheres egípcias, maquilava-se com pigmentos naturais que, além de salientarem a beleza do rosto, tinham um valor profilático, pois eram uma proteção contra picadas dos insetos. Em caixas de madeira, guardavam-se frascos de alabastro contendo khol para delinear os olhos, com auxílio de um pauzinho, e também frascos de vidro com perfumes.




O retrato mais famoso
Quando os arqueólogos escavaram Tell el-Amarna, a antiga Akhetaton, encontraram muitas casas particulares. Numa delas, conhecida como oficina de Tutmés, foram encontradas muitas esculturas, entre as quais se destaca o busto de Nefertiti. A rainha está representada com alto adorno de cabeça azul que só ela podia ostentar, e os seus traços faciais são os que caracterizam a arte armaniana. O busto, que deve ter sido de modelo para outras esculturas, é a representação mais conhecida de Nefertiti e a que conferiu à rainha a fama de mulher bonita. Trata-se de uma obra inacabada – falta-lhe um olho – o que talvez se deva ao abandono precipitado da cidade quando o faraó morreu.

Fonte: Egitomania - fascículos 2001 e fotos: Wikipédia e http://wysinger.homestead.com

domingo, 26 de abril de 2009

Aída, uma ópera faraônica

É o que poderia chamar de uma ópera nacional. Nascida às margens do Nilo, inspirada no Egito e por ele adotada mais tarde, Aída pertence incontestavelmente ao patrimônio egípcio. A idéia veio do quediva Ismail. Soberano ambicioso, de gostos caros, ele queria marcar de maneira ruidosa e inauguração do Canal de Suez, em 1869. Entre os seus projetos, estava a construção de um teatro lírico no Cairo, que seria inaugurado com uma obra tipicamente egípcia. Com esse propósito, procurou um  egiptólogo do tipo faz tudo, o francês Auguste Mariette, diretor do serviço de Antiguidades, que para seu próprio espanto, logo se pôs a escrever um libreto, a desenhar figurinos e cenários. Aída nasceu, como uma heroína faraônica de nome... árabe italianizado.

Mariette entregou seu libreto a Camille de Locle, diretor da Ópera de Paris, que o enriqueceu e estruturou em quatro atos. O texto recebeu uma tradução em versos para o italiano antes de ser encaminhado a Giuseppe Verdi, já no auge da glória. A princípio o compositor recusou. Só viria a aceitar o convite para criar Aída após longas súplicas e em troca de um generoso cachê. Para dobrá-lo, ameaçaram convidar um de seus concorrentes, Wagner ou Gounod. Ele dedicou-se então ao trabalho; mas nesse intervalo, o Canal de Suez foi aberto a circulação, e coube assim a outra de suas obras, Rigoletto, inaugurar a Ópera do Cairo. 

  • A história imaginada por Mariette não se situa de forma precisa nem no espaço nem no tempo. "A trama se passa às margens do Nilo, na época dos faraós", indica o libreto, sem mais detalhes. A heroína Aída é uma princesa etíope, que foi feita prisioneira no Egito e se tornou escrava de Amnéris, a filha do faraó. As duas mulheres estão apaixonadas pelo mesmo homem, Radamés, um brilhante oficial designado para comandar o exército egípcio no combate contra a Etiópia. A vitória rende ao herói a mão de Amnéris, mas ele só tem olhos para Aída e prefere fugir com ela. Preso é condenado a ser emparedado. Reencontra então sua amada, que vem morrer com ele...

Verdi pôs todo o seu talento na tarefa de evocar o universo faraônico, por meio de sonoridades estranhas, inspiradas em melodias orientais. O refinamento dessa escrita vocal e orquestral se manifesta particularmente no começo do quarto ato (Amnéris vê que seu amor lhe escapa), hoje uma das passagens para mezzo-soprano mais conhecidas do repertório lírico. A obra culmina no "O terra, addio", quando Radamés e Aída se despedem deste mundo.

Verdi não ousou ir ao Cairo, onde sua ópera foi encenada pela primeira vez no dia 24 de dezembro de 1871. A estréia foi um imenso sucesso, apesar da aparência ridícula dos artistas europeus, que se recusaram a raspar a cabeça e bigode, como exigiam seus papéis. No ano seguinte, no Scala de Milão, os cantores tiveram de voltar 32 vezes ao palco. Depois em Nova York, Paris... e, indefectivelmente, o Cairo, onde não se cansam de programar essa ópera faraônica. Durante a Segunda Guerra Mundial, a grande ária de Aída encerrava todos os saraus radiofônicos de "Cairo Calling".

A Ópera de Ismail foi destruída por um incêndio em 1971. Um novo teatro, oferecido pelo Japão, foi erguido na ilha de Guezira: com seu estilo islâmico despojado, o edifício de cor ocre não deixa de ter charme. A direção artística do teatro ficou a cargo do tenor Hassan Kamy, primeiro intérprete egípcio de Radamés, que descobriu sua vocação ao conhecer a obra de Verdi, aos 11 anos.


Em outubro de 1997, em comemoração aos seus 125 anos, Aída foi montada no templo de Hatshepsut, em Luxor. Alguns dias depois, no mesmo local, 60 turistas foram brutalmente assassinados por um comando islâmico. Estupor e indignação. O Egito, tendo-se tornado uma terra perigosa foi logo abandonado pela maioria de seus visitantes estrangeiros. Os artistas voltaram então ao local do massacre para participar de manifestação solene em memória das vítimas. Dessa vez, diante do templo de Hatshepsut, os coros de Aída mesclaram-se à música tradicional egípcia e foram ouvidos pelo presidente Mubarak e seus ministros, presentes à cerimônia. Uma ópera nacional...

Por: Robert Solé no livro 'Egito um olhar amoroso'

A construção das pirâmides I


No Antigo Império, apareceu um novo edifício funerário – a pirâmide. Com o tempo, estas magníficas construções chegaram a ser os monumentos emblemáticos da civilização egípcia.



Durante o reinado do faraó Djoser, os antigos túmulos dos faraós das duas primeiras dinastias, utilizados para enterros, foram substituídos por uma nova construção: a pirâmide. A construção desta primeira pirâmide surgiu a partir da sobreposição de mastabas, que diminuíam de tamanho à medida que se ganhava altura. A sua silhueta escalonada simbolizava uma escada pela qual o faraó ascenderia ao céu. A esta seguiram-se outras e, na IV dinastia, apareceu a pirâmide perfeita. A primeira fase da construção consistia em escolher um lugar ideal para a sua localização; em seguida, desenhavam-se os planos e decidia-se qual era a quantidade de material necessária. Depois os sacerdotes eram convocados para determinar os pontos cardeais que orientariam as faces das pirâmides, delimitar a base e proceder à cerimômia de nivelamento do terreno. O faraó encerrava a abertura do ritual da construção com a cerimônia de esticar a corda, que consistia em comprovar a orientação, cravar uma estaca em cada um dos ângulos unindo-os com a corda, cavar cerimonialmente uma pequena parte de uma vala, modelar um tijolo e colocar a primeira pedra. Inicia-se assim, a construção real. A duração dos trabalhos dependia do tamanho do complexo funerário, o qual devia estar concluído para o momento da morte do faraó.

A construção
Depois de oficialmente inaugurada a construção, começava-se o primeiro degrau da pirâmide. O serviço era realizado por grupos de trabalhadores não escravos, que recebiam um salário do Estado. Estabelecidos os grupos de trabalho, passava-se a extrair das pedreiras a matéria-prima necessária para construir a pirâmide. O sistema de extração dependia do grau de dureza das pedras. Para as rochas muito duras, os egípcios recorriam ao sistema de submetê-las a uma mudança brusca de temperatura. Para isso, aquecia-se primeiro a superfície que, depois, era rapidamente resfriada. Assim, a pedra trincava e era possível cortá-la com simples instrumento de madeira, pedra ou cobre. Outro método era rebaixar o terreno, traçando uma rede de pequenas trincheiras, até alcançar a profundidade adequada para extraí-las. Retirados os blocos da parede da pedreira, eram depositados no chão à espera do transporte por meio das zorras até a base da pirâmide. Para evitar que ficassem atoladas, espalhava-se barro pelo chão, permitindo um melhor deslizamento dos rolos de madeira. Ao mesmo tempo, outros grupos de trabalhadores encarregavam-se de içar os blocos de pedra, completando assim, os diferentes andares. Continua a suscitar polêmica a questão de se saber como foram erguidas pedras tão pesadas, que chegavam a ter 15 toneladas, a alturas superiores a 50 m. O mais plausível é pensar que foram utilizadas rampas, como testemunham os restos achados no templo solar de Niuserré (V dinastia). O sistema de quatro rampas, uma de cada lado, é provavelmente o melhor exemplo. As diferentes rampas nasciam de cada um dos ângulos inferiores e iam subindo, de maneira que, pouco a pouco, iam cercando a pirâmide. O fato de se poder subir por diferentes rampas permitia que os grupos trabalhassem sem que um atrapalhasse o outro. Os espaços entre os diferentes andares eram preenchidos com diversos materiais, e o conjunto era revestido com calcário branco. A construção do exterior complementava-se com a do interior do túmulo. O resultado era uma pirâmide perfeita, cujas faces resplandeciam ao Sol, como brilhara em vida o faraó.

O templo do vale ou templo baixo
Tinha uma função simbólica, representava a entrada no mundo dos deuses. Uma construção quadrada e fachadas erguidas em forma de talude (superfície inclinada). No interior, uma antecâmara dava acesso a uma sala hipostila, da qual partiam corredores que conduziam a diversas salas. Onde se praticava o ritual do embalsamamento e a cerimônia da abertura da boca, por meio da qual se insulflava no faraó uma nova vida. Ali também começavam os rituais funerários, que continuavam com a subida do cortejo pela rampa.

A esfinge
De um lado do templo do vale, uma gigantesca estátua com forma de leão e rosto do faraó vigiava a chegada pelo embarcadouro. A seus pés construíu-se um pequeno templo com um pátio central. Este recinto também estava relacionado com o culto a Rá, tal como todo o complexo funerário.

O cortejo fúnebre
O faraó era transportado no seu barco funerário. Encabeçando o desfile, as carpideiras anunciavam a chegada do féretro, seguidas pelos sacerdotes, altos funcionários e familiares. Por último, os criados com os pertences do faraó e as oferendas, encerravam a comitiva.

A barca funerária
O corpo do faraó era carregado em uma barca que atravessava o Nilo e chegava à margem ocidental, onde ficava o Reino dos Mortos. A barca entrava por um canal artificial, que conduzia ao lugar de atracagem, situado diante do templo do vale.



A calçada
A via de transformação do faraó morto em deus. Uma avenida de pedra, coberta, cerca de 500 m de comprimento. A pouca luz que entrava era através de ranhuras abertas no teto. Isso acentuava o caráter misterioso, de morte e de renovação da cerimônia do enterro.

O templo funerário ou templo alto
Era o lugar onde o faraó era adorado como deus. Construído junto a fachada da pirâmide. Seu interior dividia-se em 5 partes. Um acesso a um pátio descoberto e às duas últimas seções só era permitido aos sacerdotes. Em um desses espaços restritos, foi esculpida uma porta falsa com um altar à frente, destinado ao ritual diário. O resto eram armazéns de objetos e mantimentos.


Os instrumentos dos construtores
Para cortar pedras duras, usava-se um entalhador de pedra, cinzéis e martelos. As pedras macias talhavam-se com serras de cobre, e os retoques eram feitos com martelos de madeira de cabeça cônica. A orientação era medida e determinada com vários instrumentos, os prumos, o merkhet e o bay.




O nivelamento do terreno
Esta operação era iniciada cavando-se um canal estreito que rodeava a área rebaixada no lugar escolhido para construir a pirâmide. Depois, inundava-se a vala com água que, em estado de repouso, servia de nível. Uma corda, cujas pontas estavam amarradas a duas estacas bem afastadas uma da outra, mas ambas tocando a superfície da água, servia para nivelar o solo. Estes canais que rodeavam a local da pirâmide permitiam garantir que os lados ficassem nivelados.

Zorras
Carros baixos sem rodas, transportavam pesados blocos de pedras que um grupo de trabalhadores movia arrastando-os por tração. Os egípcios não conheciam a roda, e a sua aplicação ao carro ocorreu passados mil anos depois das construções das pirâmides, durante o Segundo Período Intermediário (1786-1552 a.C.)

As rampas
Este sistema que permitia, sem andaimes nem gruas, os antigos egípcios eçassem pesados blocos de pedras e os colocassem no lugar com ajuda de alavancas. As rampas eram feitas de alvenaria, com materiais reaproveitados: pedra, madeira e areia, entre outros.

A inauguração da pirâmide
Depois de o corpo do faraó ter sido depositado no interior da pirâmide, ela era lacrada. A luz que emanava da sua superfície polida e reluzente parecia simbolizar o lugar que o faraó ocupava entre os outros deuses. Sendo o faraó também um deus e para assegurar a conservação do corpo e a memória do rei, praticavam-se rituais diários nos templos do complexo.

Pirâmides de Gisé


Fonte: Egitomania-fascículos 2001 – O fascinante mundo do Antigo Egito

sábado, 25 de abril de 2009

O Museu Egípcio do Cairo

A maior coleção de peças do Egito faraônico encontra-se exposta no Museu Egípcio do Cairo. Visitar as suas salas provoca uma sensação de nostalgia não só dos tempos faraônicos, mas também da época em que viajantes românticos começavam a ver o resultado das primeiras escavações.


A praça de el Tahrir, centro nevrálgico da vida do Cairo atual, é limitada ao norte por um palácio do final do século XIX que, desde 1902, aloja o Museu Egípcio. Esta instituição é o auge dos esforços de Auguste Mariette (1821-1881) para criar um museu que complementasse a função desempenhada pelo Serviço de Antiguidades, fundado sob os auspícios de Said Baja, vice-rei do Egito. Esta tentativa de preservar as antiguidades iniciara-se em 1858, quando se criou um museu no bairro de Bulak. Em 1891, foi transferido dali para Gisé, até que, no princípio do século XX, ficou definitivamente instalado na praça de el-Tahrir. Até a Revolução Egípcia de 1952, a direção do museu esteve a cargo de europeus, destacando-se a gestão de Gaston Gaspero. As peças do museu não se limitam às 6000 expostas, pois grande quantidade encontra-se alojada em salas para estudo. A ação centralizadora da direção do museu, atualmente a cargo de especialistas egípcios, teve como resultado um contínuo aumento do acervo.

A exposição de peças no Museu Egípcio está classificada por seções e segue, como uma espinha dorsal, uma ordem cronológica. No piso inferior, exibem-se os objetos mais significativos do início da época faraônica até o final da época romana. O primeiro piso tem, como seções principais, a sala dedicada ao Tesouro de Tutancâmon e a coleção de múmias de faraós. Ao lado dessa seção, no mesmo piso, são expostos sarcófagos de reis e sacerdotes, diversos objetos de uso doméstico e uma coleção de elementos relativos a ciências naturais.

Museu Egípcio do Cairo

O Edifício onde foi instalado o Museu foi projetado pelo arquiteto francês Marcel Dourgnon e inaugurado em 1902. O jardim que rodeia a construção tem muitas estátuas e fragmentos arquitetônicos de diferentes regiões do Egito. Em homenagem ao seu precursor, o túmulo de Mariette está no jardim e sobre ele ergue-se a sua estátua em bronze.

fonte: Egitomania-fascículos 2001

O Egito dos Grandes Faraós-História & Lenda

de Christian Jacq
Editora Bertrand Brasil – estudo
302 páginas


Com este livro Christian Jacq reúne num só volume as peças de um quebra cabeça, ao relacionar todas as dinastias e seus respectivos faraós, apresentando com maiores detalhes aqueles que mais se destacaram na construção de uma civilização única, e narrar suas histórias e lendas. Presta um serviço inestimável a estudiosos e pesquisadores que trabalham incessantemente na reconstrução desse passado glorioso que ainda reserva tantos segredos e mistérios ocultos.

Superstições

Amuletos, feitiços, talismãs, presságios, metamorfoses, demônios, gênios, encantamentos... as superstições atravessam os séculos, desde a mais remota Antiguidade, testemunhando que o Egito permanece o mesmo, quaisquer que sejam seus dirigentes e sua religião. Esse repertório de crenças e práticas ainda é largamente difundido num país em que o ensino é obrigatório. O Egito antigo reservava um lugar especial para a magia. Tratava-se sobretudo a magia defensiva, destinada a proteger contra doenças, acidentes, derrotas militares, mas também contra mil espíritos malfazejos e gênios perversos, presentes tanto na terra quanto no além. Dizer o nome de um ser ou de um objeto permitia atingi-lo, se não possuí-lo. Para agir sobre ele, muitas vezes bastava representá-lo em imagem. Hoje essas crenças antigas persistem nas tatuagens. Podem ser puramente decorativas ou sinal de inclusão num grupo e profissão de fé, como as cruzes gravadas pelos coptas na junção do pulso direito. (imagem acima, o olho é um amuleto contra mau olhado: ugiat)

– Mas quase sempre tem natureza mágica: 
  • tatuam uma abelha no braço ou na coxa contra reumatismo
  • três pontos ou pássaros nas têmporas para prevenir inflamações oculares
Daí a expressão irônica "andak assafir" = "você tem pássaros", para criticar a tolice daqueles cujas aves teriam devorado o cérebro.

O receio do mau olhado é muito comum em todos os meios. Para proteger-se dele, evitam dizer, que uma criança é bonita, ou então presenteiam o recém-nascido com uma jóia em forma de mão. Põem um olho azul , ou olho de Hórus, na entrada da casa para neutralizar os invejosos. No campo, as moças ainda praticam a velha receita contraceptiva que consiste em engolir caroços de tâmara, cada caroço supostamente garante um ano sem engravidar. Também fuciona com sementes de rícino. Mas a grande inimiga é a esterilidade. Enterrar a placenta de um recém-nascido na entrada da casa assegura o nascimento de outro filho. Na luta contra a esterilidade, atribuem uma virtude peculiar às antiguidades faraônicas. Dar sete voltas em torno da grande pirâmide de Gisé é um clássico no gênero.

A superstição mistura-se às tradições bem consolidadas, está presente numa cerimônia tão difundida como o subu (a semana), que marca o sétimo dia após o nascimento de um bebê. Ainda praticado por certas famílias, um desses ritos consiste em escrever sete nomes diferentes em sete folhas de papel, colocadas sob sete velas acesas. A última chama a extinguir-se indica o nome a ser dado à criança.
(do livro: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé)

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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