sábado, 14 de novembro de 2009

Hetep-Herés, mãe de Quéops

Em 1925, arqueólogos americanos procediam exploração no Planalto de Guisé, no cemitério real a leste da pirâmide de Quéops (2589-2566 aC). Um fotógrafo assentando seu tripé, encontra um obstáculo numa cavidade, com uma camada de gesso. Os escavadores encontraram uma trincheira retangular obstruída por pequenos blocos de calcário que escondiam uma escada prolongada num túnel que conduzia a um poço, obstruído por pedras. Depois de descobrirem o poço. os escavadores tiveram acesso a um nicho contendo ânforas, o crânio e as patas de um touro embrulhadas em redes. Chegou-se a câmara funerária, uma pequena sala talhada na rocha, inviolada!

O tesouro da rainha– mãe do rei
Uma sepultura há 25 m da superfície do solo e inviolada. O sarcófago estava vazio. Mas a sala continha muitos objetos. O nome da legítima ocupante era Hetep-Herés, que provavelmente significa "o faraó é plenitude graças a ela". Era esposa do faraó Snefru e a mãe do construtor da Grande Pirâmide. O equipamento que levou para o além era notável:
  • baixela em ouro,
  • um dossel em madeira,
  • tronos revestidos a ouro,
  • uma cama e sua cabeceira,
  • colares,
  • cofres,
  • recipientes de cobre e de prata,
  • pulseiras de prata com incrustações de cornalina, lápis lazúli e turquesa,
  • pequeno cofre de madeira dourada contendo dois rolos para guardar essas jóias,
  • bandejas e taças de ouro,
  • pote de cobre,
  • liteira descoberta em peças soltas e depois montada
A magnífica liteira da mãe de Quéops é um símbolo associado à sua função. A rainha do Egito possuía os títulos de "liteira de Hórus" e de "liteira de Seth", "a Grande que é uma liteira". Assim como Ísis é o trono de onde nasce o rei do Egito, a rainha é a liteira que permite ao monarca deslocar-se e estar em ação. (*)

O título de "mãe do rei" será utilizado até a última dinastia. A expressão não designa obrigatoriamente a mãe carnal de um faraó. A filiação corporal é proclamada, mas é impossível afirmar a existência de laços familiares mais concretos.



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(*) uma das palavras que serve para indicar a liteira – hetes – é também o nome de um dos cetros utilizados pela rainha e que lhe permite, nomeadamente, consagrar uma construção transformando-a em "centro de produção" de energia sagrada.
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Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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