sábado, 11 de julho de 2009

O porta jóias da rainha Hetepheres I


Hetepheres I era a esposa de Snefru, o primeiro governante da 4ª dinastia, que reinou de 2575 a 2551 a.C . Ela também foi a mãe de Quéops, que subiu ao trono do Egito quando seu pai morreu. Sua tumba original devia estar em Dahchur, perto da pirâmide do marido, mas quando foi violada por ladrões, logo após o funeral, decidiu-se que tudo seria transferido para uma tumba mais segura, próxima a pirâmide de Quéops.

Os objetos encontrados na tumba da rainha eram particularmente ricos e excepcionais, numerosos, empilhados perigosamente dentro da tumba, e o porta jóias de madeira dourada, estava dentro de uma arca.



Porta jóias – suas superfícies, interna e externa, são cobertas com folhas de ouro horizontais cortadas, as bordas apresentam um padrão semelhante ao das tranças das esteiras de palha. A tampa, fixa por dobradiças, na parte posterior, é erguida por um puxador de marfim colocado no centro. A cada lado desse puxador há uma inscrição hieroglífica horizontal:
  • lado esquerdo – "caixa com pulseiras"
  • lado direito – "mãe do rei do Alto e do Baixo Egito, Hetepheres"
O porta jóias foi feito para guardar duas fileiras de 10 pulseiras. As jóias eram rosqueadas nas barras de madeira, cujas as extremidades tinham discos de ouro. Continha 20 pulseiras, algumas em estado de deterioração, as pulseiras feitas de folhas encurvadas de prata, abrindo-se no interior. A superfície externa tem algumas depressões para a inserção de incrustações coloridas, formando uma decoração policromática e vívida. Quatro borboletas estilizadas são separadas uma das outras por um pequeno disco de cornalina vermelha. Os corpos dos insetos e partes de suas asas são incrustados com lápis-lazúli. As cabeças e as asas são feitas de turquesa, enquanto as caudas são de cornalina. O porta jóia tem 41,9 cm de comprimento, 33,7 cm de largura, 21,8 cm de altura e as pulseiras 9 a 11 cm de diâmetro.


A rainha deve ter usado estas pulseiras nos antebraços, como podemos ver em numerosas esculturas em relevo das tumbas do Antigo Império, e não ao redor dos tornozelos.



Origem: 'Tesouros do Egito' do Museu Egípcio do Cairo – editado por Francesco Tiradritti e fotografias de Araldo De Luca

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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