domingo, 26 de julho de 2009

Arsinoé II rainha divinizada

Os persas invadem o Egito pela segunda vez em 342 a.C . Foi preciso esperar por Alexandre 'o grande' até 332 a.C , para ver os persas abandonarem o Egito, e o país ser governado por soberanos gregos – os Ptolomeus – que residem em Alexandria, concebida pelo espírito grego e aberta ao mundo mediterrâneo. A espiritualidade faraônica sobrevive, principalmente no Sul.


Para serem admitidos como faraós, os Ptolomeus fazem-se coroar segundo os ritos. Uma rainha, Arsinoé II, esposa de Ptolomeu II, o Filadelfo (285-246 a.C), conheceu um destino notável. Ptolomeu II havia ascendido ao poder aos 25 anos. Criado em Alexandria por mulheres que o enchiam de mimo, parece que o rei tinha um grande encanto, mas pensava mais em si mesmo do que no país. Achando Alexandria fria e aborrecida, Ptolomeu II tentou dar um certo brilho ao seu reinado. Estava impressionado com o caráter grandioso da arquitetura egípcia e com o esplendor do passado das Duas Terras.


Sua irmã Arsinoé II, de 37 anos, chega ao Egito em 278 a.C . Bela e voluntariosa, é uma mulher temível. Seu corpo era magnífico e maravilhosamente perfumado. Sua viagem era uma fuga para escapar dos inimigos. O Egito agradou-lhe, e concebeu um plano para tomar as rédeas do Estado: tinha de desposar seu irmão, Ptolomeu II que a admirava e temia. Mas o rei já era casado, por coincidência com outra Arsinoé. Conseguiu desacreditar sua rival e exilá-la em Coptos morreu de solidão e tristeza, tornando-se assim rainha do Egito.


Moeda de Ptolomeu II e Arsinoé II



Mandou inscrever o seu nome em rolos, como um faraó, e interveio em todas as circunstâncias como uma co-regente. Fraco de caráter e fascinado por essa mulher de personalidade forte, Ptolomeu II aceitou tudo. Mas o casamento era um incesto, um problema delicado. Arsinoé foi procurar na mitologia «Zeus desposou a sua irmã Hera» A corte aprovou e se calou, e quem não aceitou foi exilado ou assassinado.
Arsinoé II acabou por governar sozinha, abandonando o irmão às suas amantes e à sua vida de luxo e ociosidade. Comportou-se durante 8 anos como uma verdadeira faraó. Era uma mulher de Estado, quis fazer de Alexandria a capital econômica do Oriente. Pensou em alargar a zona de influência do Egito e dotar o país de um exército bem equipado. Não faltavam riquezas ao país: minas de ouro, searas, vinhas, pesca, fábricas de tecidos e perfumes, manufaturas de papiros. Uma economia sanada consentiria todas as esperanças.

Ptolomeu II e Arsinoé II como Ísis


A saúde de Arsinoé declinou e após alguns meses de sofrimento, morreu em 270 a.C . A dor de seu irmão foi imensa, pois este estranho casal acabara por agir em harmonia. Considerada intransigente e ambiciosa, conseguira dar ao rei um ideal e o senso da responsabilidade. Teve um extraordinário destino póstumo, seu irmão a divinizou. Filadelfo em grego significa "que ama a sua irmã".

No próprio ano da sua morte, Arsinoé entrou no colégio das divindades da cidade de Mendés, no Delta. Qualificada como "deusa entre os deuses vivos sobre a Terra" foi venerada nos templos de Saís, Mênfis, Fayum, Karnak. Um templo especial foi erigido em sua memória em Alexandria, outro perto da cidade de Canopo, no extremo do Cabo Zefírio, onde reinava na qualidade de deusa que realizava os desejos dos marinheiros, concedendo uma boa viagem aos navios e aplacando o mar furioso.

Os historiadores não são indulgentes com Arsinoé, mas não mudou ela completamente em contato com a terra do Egito, a ponto de querer fazer reviver a grandeza do reino dos faraós?































































Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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