terça-feira, 19 de maio de 2009

Deusas protetoras dos dois Egitos

Nekhebet
O nome Nekhebet significa "Aquela de Nekheb". Como a própria nomenclatura hieroglífica deixa perceber pelo determinativo utilizado, trata-se de uma deusa-abutre, nesse caso do Alto Egito, com o principal centro de culto em Nekheb, moderna El-Kab.

Divindade protetora do Alto Egito e da realeza, surge representada na arte egípcia como uma mulher com cabeça de abutre ou, mais freqüentemente, como um abutre branco usando a coroa "hedjet", do Alto Egito. A deusa é freqüentemente representada de asas abertas, sinal de proteção, do rei ou do Egito. Além de "Senhora do Céu" e "Regente das Duas Terras", a deusa-abutre Nekhebet era ainda conhecida por muitos outros epítetos, com base nos seus atributos, funções ou representações: ela é "A Coroa Branca". Desde os tempos mais remotos, Nekhebet era considerada protetora dos nascimentos, em particular do nascimento real, que a apresentam no papel de enfermeira, parteira, protetora e zeladora do nascimento e da vida do faraó.

Nekhebet foi absorvida pela mitologia solar e pela mitologia osiríaca. Segundo algumas versões da mitologia solar, era considerada a mãe do Sol. Em outros relatos, é vista como filha de Rá e de seu Olho Direito. Segundo o culto de Osíris, na sua dimensão de fertilidade, era considerada esposa de Hapi, o Nilo, a quem abria as portas para deixar correr desde o Oceano Primitivo. Como divindade universal e criadora, é assimilada a Hator, a Mut e a Nut.


Nekhebet a deusa-abutre, tutelar do Alto Egito e padroeira da realeza, deve ser sempre vista em parceria e contraponto com a deusa Uadjit, a deusa-cobra, tutelar do Baixo Egito e também padroeira da realeza.

Forças animadoras do Alto e Baixo Egito, Nekhebet e Uadjit formam um par indissociável na emergência da realeza unificada egípcia, em 3.000 a. C. com Narmer.



Uadjit
Venerada essencialmente em Per Uadjit, "A Residência-Morada de Uadjit", a que os gregos chamavam Buto, "A Rsidência da Deusa Uto", no Baixo Egito (atual Tell el-Farain), Uadjit é outra das divindades tutelares do Egito e da monarquia na sua forma de deusa-cobra.O seu nome significa "A Verde" ou "O Papiro Colorido", numa dupla referência à cor da serpente de que retira a forma e à planta de papiro do Delta, a qual, segundo os "Textos das Pirâmides", criou. Protetora do Baixo Egito.

Preservadora da autoridade real sobre o norte do Egito, desde tempos pré-históricos, o mais antigo santuário da região Delta, o Per-Nu, estava sob sua proteção, surge figurada com a coroa "decheret", também chamada net, a coroa vermelha do Baixo Egito, colocada sobre os papiros, símbolos heráldicos do Delta. Nesse aspecto é chamada "Dama do Poder". A sua posição erguida sugere o ataque mortal que desfere contra qualquer inimigo do faraó e confere-lhe o nome de "Dama das Chamas".O seu aspecto agressivo e defensor da realeza aparece numa representação com corpo de mulher e a cabeça de leoa. Das suas representações mais comuns registram-se ainda aquelas em que surge como serpente alada, como cobra enrolada dentro de um cesto sobre plantas de papiro e usando na cabeça a coroa vermelha do Baixo Egito.


"As Duas Senhoras", está sob a tutela de Nekhebet, o abutre branco do Alto Egito e de Uadjit, a cobra verde do Baixo Egito.

Origem: Texto pesquisado e desenvolvido por ROSANE VOLPATTO

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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