sexta-feira, 24 de abril de 2009

Karnak

O Templo de Karnak tem este nome devido a uma aldeia vizinha chamada El-Karnak, mas no tempo dos grandes faraós esta aldeia era conhecida como Ipet-sut ("o melhor de todos os lugares"). Designa o templo principal destinado ao Deus Amon-Ré, como também tudo o que permanece do enorme complexo de santuários e outros edifícios, resultado de mais de dois mil anos de construções e acrescentos. Este complexo abrange uma área de 1,5 x 0,8 Km. Existiam várias avenidas que faziam a ligação entre o Templo de Karnak, o Templo de Mut (esposa de Amom) e o Templo de Luxor. Além disso, não muito longe, fica o templo de Montu, sendo que o de Khonsu (um dos templos mais bem conservados do Egito) está dentro do próprio complexo.O grande eixo este-oeste é balizado por uma série de pátios e pilones; medindo 103 m de largura por 52 m de profundidade, a célebre sala hipostila encerra verdadeira floresta de 134 colossais colunas em forma de enormes papiros. Com 21m de altura e diâmetro de 4m, essas colunas não dão, apesar de maciças, impressão de peso; os nomes de Sethi I e Ramsés II aí se vêem inscritos, repetidos indefinidamente. Numerosos edifícios secundários completam o grande templo de Amon-Ra: 
  • capelas de Osíris
  • templo de Ptah
  • templo de Opeth 
  • a parte S do complexo é chamada Luxor 
  • os anais de Tutmés III, nas paredes, registram 20 anos de conquistas e arrolam as plantas e animais exóticos que o faraó trouxe da Ásia. 
  • esfinges de pedra, ao longo do eixo principal, parecem guardar as ruínas, na fímbria do deserto.  (Fonte: Barsa) 

O maior conjunto monumental do Egito, com mais de cem hectares de extensão, é repleto de templos, capelas, altares e pilones. Desde que Sesóstris I, há 40 séculos, consagrou-o a Amon-Rá, cada faraó quis acrescentar-lhe algo, deixar nele sua marca. Todas essas marcas, às quais se juntam as do tempo, fazem de Karnak um extraordinário museu ao ar livre.

A sala hipostila era um "templo de milhões de anos", ou seja, um local de culto jubilar. De dimensões colossais:
  • 103 m de comprimento por 52 m de largura, era de certo modo, o vestíbulo do grande templo de Amon
  • construída por Séti I, em 1300 a.C. aproximadamente, foi terminada por seu filho Ramsés II, que se apropriou dela: uma inscrição classifica o lugar de "Grande castelo divino de Ramsés Meri Amon"
"Hipostilo" vem do grego hipóstilos e significa: "cujo teto é sustentado por colunas". As 134 colunas, de fundações frágeis erguiam-se como os pés de uma mesa cujo tampo os mantivesse em posição. Essa cobertura possuía dois níveis:
  1. as partes laterais, mais baixas, eram sustentadas por 122 colunas em forma de papiro em botão, a 15 metros do chão;
  2. a nave central, mais alta, repousava sobre 12 papiros desabrochados, com mais de 20 m de altura, só ficaram as colunas, em tons esmaecidos
Karnak deixou de ser usado no século IV, como os demais templos, em decorrência da cristianização do Egito. A cidade (hoje) de Amon reduziu-se a um campo de ruínas.
Eugène Fromentin visitou o lugar em 1869 e dá, em estilo telegráfico, uma idéia do desastre:
Chegada a Karnak pela grande avenida de esfinges mutiladas e pelo pilono do oeste. Admirável entrada. À direita vemos, intacto do lado norte, desabado do lado sul, o grande templo. Espetáculo extraordinário. Dimensões enormes. É necessário uma escada para medi-los. Nada pode ser mais solene. À volta, um desabamento geral imenso monte de escombros em que cada parcela é um bloco monstruoso. Buracos ainda cheios de água, onde estão mergulhados pedaços de colunas (...)

Hoje o centro Franco-Egípcio de Karnak é, ao mesmo tempo, um canteiro, um laboratório e um museu. Reconstruíram bloco por bloco, a preciosa capela vermelha de Hatshepsut. Assim vários monumentos renasceram de ruínas, a grande sala hipostila foi reerguida. Mas ainda resta em Karnak o suficiente para ocupar um sem-número de egptólogos, arquitetos, técnicos e operários por um século, pelo menos. 
Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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