domingo, 29 de março de 2009

Impérios

Egito Primitivo
cerca de 4500-3100 a.C.

O Tempo da Unificação
O Egito já foi uma savana cheia de gazelas e elefantes onde homens caçavam e coletavam alimentos. Há cerca de 7 mil anos, o clima mudou e toda a região transformou-se num deserto. A exceção foram as terras cultiváveis às margens do Nilo. No norte – ou Baixo Egito, de acordo com o fluxo do Nilo – Buto tornou-se um centro mercantil. No sul, ou Alto Egito, Naqada e Hieracômpolis distinguiram-se como centros populacionais. Acredita-se que Narmer, um governante do Alto Egito, tenha unificado as duas regiões por volta de 3100 a.C. – uma placa de ardósia, na forma das paletas usadas para preparar cosméticos, parece comemorar esse acontecimento decisivo. Um dos lados mostra Narmer com a coroa do sul, golpeando um inimigo. O outro apresenta o líder com a coroa do norte num desfile triunfal. As formas de governo, a arquitetura e a escrita hieroglífica que perduraram por cerca de 30 dinastias foram aperfeiçoadas nesse período.


Antigo Império
cerca de 2575-2150 a.C.

Construtores de pirâmides
À medida que fortaleciam seu poder e organizavam a administração de seu território – que se estendia ao sul até a Núbia – os faraós canalizavam cada vez mais os recursos do país para a construção de seus túmulos. No início os arquitetos trabalhavam com adobe, mas na 3ª dinastia começaram a conceber pirâmides de pedras maiores. Só a realeza era sepultada ali, mas os nobres abastados também construíram para si tumbas requintadas. Nas paredes inscreviam hieróglifos que retratavam a recompensa que esperavam receber no além. Entre os objetos depositados no túmulo estavam papiro, material de escrita e artefatos de ouro. Boa parte da construção ocorria nos meses em que o Nilo inundava os campos cultivados, permitindo que o faraó utilizasse como pedreiros os camponeses ociosos. Para a Grande Pirâmide de Quéops, os trabalhadores prepararam e assentaram cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra, cada qual pesando em média 2,3 toneladas. A autoridade de Quéops era absoluta, mas na 6ª dinastia administradores regionais começaram a usurpar poderes reais. Diversos deles passaram a competir e o Egito entrou então numa fase de conflito interno, pobreza e fome – o Primeiro Período Intermediário.


Médio Império
cerca de 1975-1640 a.C.

Paz, progresso e influência estrangeira
Na 11ª dinastia, em Tebas, a realeza começou a reafirmar sua autoridade. Mas só Mentuhotep II conseguiu recuperar o controle sobre todo o país. Seu reinado de 50 anos inaugurou uma renascença cultural que prosseguiu nas duas dinastias seguintes. Instalou-se uma nova capital perto de Lish. Construtores reformaram templos e ergueram pirâmides. Artesãos produziram objetos como as miniaturas de madeira com cenas da vida cotidiana, achadas numa tumba do primeiro ministro do reino. Ourives criaram jóias cravejadas de pedras preciosas. Escritores elaboraram algumas das maiores obras da literatura egípcia. O Egito virou uma potência internacional. Reconquistou a Núbia e organizou várias expedições comerciais, erguendo fortalezas em sua fronteira meridional. A prosperidade atraiu um povo semita do Mediterrâneo oriental cujos governantes foram chamados de "hicsos" por cronistas posteriores. Na 13ª dinastia, sediada em Mênfis, os hicsos passaram a cumular poder político. Não se sabe como acabaram por governar o Egito, mas reinaram em sua capital, Avaris, numa época turbulenta chamada Segundo Período Intermediário. Ao mesmo tempo, governantes egípcios atuavam em Tebas sem interferência dos hicsos.


Novo Império
cerca de 1539-1075 a.C.

Apogeu dos faraós
Os governantes de Tebas expulsaram os hicsos do delta do Nilo e inauguraram uma era de riqueza e poder. Campanhas militares expandiram as fronteiras para além daquelas do Médio Império. O Egito se estendia desde a quinta catarata do Nilo até o rio Eufrates na Ásia ocidental. O reino de Mitani e os hititas, potências do norte, tornaram-se aliados, e a Assíria e a Babilônia enviavam tributos. As riquezas destinadas ao principal deus do Estado, Amon-Ra, deram poder aos sacerdotes do templo principal em Karnak, Tebas (hoje Luxor). O rei Akhenaton promoveu a adoração de Aton, o deus-sol, e construiu uma nova capital em Amarna. Nessa época os reis pararam de construir pirâmides. Num esforço para desencorajar os saqueadores, escavavam seus túmulos nas rochas do deserto, em Tebas. Os objetos da tumba de Tutankhamon, encontrada em 1922, ilustram essa época de esplendor. Os faraós das duas dinastias seguintes – entre eles Ramsés II, ou Ramsés, o Grande – combateram uma sucessão de inimigos estrangeiros, mas o império acabou ruindo. 

Durante o Terceiro Período Intermediário, o poder transferiu-se dos reis egípcios em Tânis e dos sacerdotes em Tebas para governantes de origem líbia e núbia. Os reis egípcios de Sais assumiram o controle na 26ª dinastia. Mais tarde, um Egito enfraquecido caiu duas vezes em poder dos persas e, por fim, sucumbiu a Alexandre, o Grande; e a dinastia Ptolomaica (305 a.C. a 30 a.C.). O fim da tradição dinástica coincidiu com o declínio da cultura do antigo Egito.


A era romana
30 a.C. a 395 d.C.

As importações de cereais egípcios eram importantes para a crescente população de Roma. Para legitimar seu domínio aos olhos dos egípcios, os romanos resgataram tradições reais como a construção de templos. Quando o Império Romano se dividiu, os governantes bizantinos assumiram o Egito.

(Suplemento da National Geographic Brasil – abril de 2001)

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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