segunda-feira, 30 de março de 2009

Biblioteca de Alexandria

– Reunir o saber do mundo num mesmo lugar era a fantástica ambição dos fundadores da Biblioteca de Alexandria –



Toda a literatura grega, entre outras, figurava nessa biblioteca, a maior da Antiguidade. Seus dirigentes não eram muito parcimoniosos quanto aos meios de aquisição. Ao atracar em Alexandria, os navios tinham de declarar as obras que se achavam a bordo. Estas eram entregues aos copistas antes de serem restituídas aos proprietários. Às vezes, ficavam com os originais e devolviam as cópias. Tratava-se do "fundo dos navios".



Inseparável do Museu – instituição gêmea que a completava – a biblioteca constituía também um centro de pesquisa renomado e, sobretudo, uma comunidade científica. Sábios alexandrinos, como Euclides, conviviam no cotidiano com colegas vindos de todo o litoral mediterrâneo, ou de mais longe. Entre os escritores, desenvolvia-se um cosmopolitismo intelectual inigualável.

Bibliotecários como Eratóstenes, Aristófanes e Calímaco ligaram seus nomes a esse sonho de universidade. Não eram simples arquivistas, preocupados em verificar e classificar inúmeros rolos, mas filólogos, filósofos, poetas, geógrafos, astrônomos ou matemáticos. Quando Calímaco, nascido em Cirene, chega a Alexandria para trabalhar como uma espécie de professor primário, já é conhecido por uma obra monumental, as Causas, um poema de sete mil versos sobre a origem das coisas. Eratóstenes, também natural de Cirenaica, é um dos maiores geógrafos de seu tempo: para calcular a circunferência da Terra, estabeleceria a diferença de inclinação dos raios do sol entre duas cidades do Egito, Alexandria e Siena (Assuã) situadas no mesmo meridiano.

Dessa espantosa biblioteca não ficou nenhum vestígio. Sequer sabemos onde se localizava exatamente. Sua data de nascimento é controvertida:
  • surgiu sem dúvidas nos anos 300 a.C, sob o reinado de Ptolomeu I Sóter
  • é possível que tenha desaperecido em 48 d.C, num gigantesco incêndio, durante a tomada da cidade por César
  • só teria restado seu anexo, chamado Biblioteca Filha, que desapareceria em 391 d.C, quando foi destruído o Serapeum de Alexandria (biblioteca sucursal em Serapis)
Na Europa, durante muito tempo acreditaram que os árabes eram responsáveis por essa destruição, quando conquistaram o Egito no século VII: Amr Ibn al-As teria dado a ordem de transformar as obras em combustíveis para os banhos públicos da cidade, e teriam sido necessários seis meses para queimar tudo. (Uma lenda entre outras)

Biblioteca Alexandrina
A idéia, sedutora e perigosa, de refazer uma Biblioteca de Alexandria nasceu na década de 1970. O patrocínio da UNESCO e diversos apoios internacionais permitiram realizá-la. Concebido por arquitetos noruegueses , o prédio de Alexandrina tem 11 andares, quatro deles abaixo do nível do mar. Não lhe faltam símbolos. Sua sala de leitura é única. Além de construída em sete níveis, que correspondem ao sete domínios do saber, é a maior do mundo. O teto de vidro, em forma de disco solar, parece emergir da água; é inclinado em direção ao mar, diante do cabo de Silsila, no lugar em que a famosa biblioteca da Antiguidade poderia ter-se localizado. No muro revestido de granito que a cerca, estão gravados caracteres dos sistemas de escrita de várias civilizações. Uma sala para congressos e um planetário completam o conjunto. Inaugurada em 2003.
(do livro 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé – fotos Wikipédia)

domingo, 29 de março de 2009

Museus

O Egito não está só no Egito. Existe um país extramuros, disperso pelos quatro cantos do mundo: centenas de milhares de objetos e estátuas, às vezes monumentos inteiros, atravessaram os mares. Alguns pertecem a coleções particulares; a maioria, porém, encontra-se nos museus. (foto ao lado do British Museum em Londres)


  • o Louvre possui 55 mil peças egípcias
  • os museus de Londres, Turim e Berlim, não foram menos aquinhoados
  • muitas cidades européias e americanas exibem coleções mais modestas
  • sem falar em países como Austrália e Japão

Não faltam motivos de indignação. Basta lembrar epsódios como o ocorrido em 1843: temendo que os alemães tomassem a iniciativa, o francês Émile Prisse d'Avennes mandou serrar os relevos da Sala dos Ancestrais do templo de Karnak, a fim de despachá-los discretamente para o Louvre em 27 caixas com a identificação "objetos de história natural". Mas também se pode riscar o passado e ver as coisas de maneira mais positiva. Afinal, todos esses saques permitiram salvar inúmeros tesouros ameaçados. Ainda hoje, conservados em vitrines a uma temperatura adequada, escapam à degradação, embora retirados de seu contexto original.

A dispersão dos vestígios faraônicos pelo mundo seria inaceitável se faltassem peças ao Egito; mas, ao contrário, parecem sobrar. Verdadeira miscelânea onde estão expostas 140 mil peças numa centena de salas, o Museu do Cairo não sabe mais onde guardar a parte do acervo que não está em exposição. Um pouco atordoado, o visitante não pára de descobrir tesouros escondidos na penumbra.

Há muito tempo o tráfico de antiguidades é proibido e combatido. A lei determina que uma missão arqueológica estrangeira pode levar um décimo dos objetos descobertos, desde que o Egito tenha peças equivalentes. Os grandes museus estrangeiros tem de se contentar em adquirir coleções particulares.

Cada museu tem seu charme e suas vantagens:
  • as portas abertas do British Museum, onde se entra gratuitamente, as salas egípcias próximas à entrada
  • o novo Louvre cor de areia, cujo percurso temático ilustra de forma luminosa a vida cotidiana no tempo dos faraós
  • a cor cinza do Museu de Turim, onde as coleções são classificadas por tipos de objetos como se fazia no século XIX

Museu do Louvre em Paris

(texto do livro 'Egito um olhar amoroso' e fotos Wikipédia)

Textos dos Sarcófagos

Uma vez estabelecida a idéia de consciência individual, a humanidade nunca mais pode ser a mesma, ainda que seus direitos tenham sido negados e suprimidos subsequentemente. O desenvolvimento foi, de fato, tanto político quanto espiritual. Nos Textos dos Sarcófagos há uma admirável passagem que acentua a humanidade dos homens quando olhados pela ótica de Deus. Comentando sua própria criação, o "Senhor de Todos" diz:

Eu fiz quatro boas ações no interior do portal do horizonte. Eu criei os quatro ventos que cada homem deve respirar, assim como também o devem seus companheiros. Eu criei a grande inundação, de que o homem pobre deve usufruir, como também o deve o homem nobre. Eu criei cada homem como o seu companheiro. Eu não os mando agir de maneira malevolente – é o coração de cada um que os manda desobedecer as minhas determinações. Eu os fiz recordar os mortos e fazer oferendas aos deuses de seus nomos locais.
(do livro 'História Ilustrada do Egito Antigo' de Paul Johnson)

A maldição de Tutancâmon


A descoberta do túmulo e as pessoas que participaram desse acontecimento tornaram-se notícia. A morte de Lord Carnarvon devido à picada de um mosquito, bem como a de outras pessoas relacionadas à abertura do túmulo, atraiu a atenção da imprensa. Essas mortes foram associadas a uma frase existente no túmulo de Tutancâmon que diz:


"A morte se aproximará rapidamente de todos aqueles que ousarem perturbar o repouso do faraó."

Essa frase foi escrita para afugentar eventuais ladrões de sepulcros, mas devido às mortes em estranhas circunstâncias de pessoas relacionadas à descoberta do túmulo do faraó – um disparo, uma queda e um suicídio – começou a se falar na existência de uma maldição de Tutancâmon.

– Muito da maldição é só história, se contesta a veracidade do aviso na porta do túmulo, por exemplo. A verdade é que o irmão de Lorde Carnarvon morreu de velhice, e que algumas vítimas do faraó já estavam muito doentes antes da descoberta da tumba. O pânico se alastrou, bastava trabalhar em um museu e morrer para o nome ser automaticamente relacionado com a maldição. Hoje, alguns sustentam a tese da existência de fungos na tumba, lacrada por três mil anos e sem ventilação. Ou de algum veneno espalhado pelos antigos sarcedotes nos objetos –

Dinastia Ptolomaica

a parte em lilás era o reino dos Ptolomeus


A Dinastia ptolemaica foi uma dinastia macedônia que governou o Egito de 305 a 30 a.C. Recebe a designação de ptolemaica (ou ptolomaica) devido ao fato dos seus soberanos terem assumido o nome Ptolemeu (ou Ptolomeu, do grego Ptolemaios). É também conhecida como dinastia lágida em função do nome do pai do fundador da dinastia. Ptolomeu foi um dos generais de Alexandre Magno.

A dinastia insere-se no período helenístico: época que decorre entre a morte de Alexandre e a ascensão do Império Romano (período helênico: época de Alexandre), durante a qual se assistiu à difusão da civilização grega pela bacia do mar Mediterrâneo, criando novas formas artísticas, religiosas e políticas. Embora tivesse uma origem estrangeira, a dinastia ptolemaica respeitou a cultura egípcia, revivendo alguns dos seus aspectos do passado e adotando as suas divindades.

Os faraós desta dinastia foram responsáveis por várias construções, entre as quais se destacam a cidade de Alexandria (com o seu farol e biblioteca), o templo de Hórus em Edfu e o templo de Ísis em Filae.

  • Soberanos ptolomaicos

Ptolomeu I Sóter, o salvador: casado com Berenice I, reinou de 305 a 285 a.C – foi um dos generais de Alexandre, o Grande, foi testemunha ocular que influenciou os relatos de Plutarco e Ariano, os historiadores de Alexandre mais confiáveis da Antiguidade.

Ptolomeu II Filadelfo, que ama a irmã: casado com ArsínoeI e Arsínoe II, reinou de 285 a 246 a.C – fundador do Museu de Alexandria, casou com sua irmã Arsínoe II.

Ptolomeu III Evérgeta I, o benfeitor: casado com Berenice II, reinou de 246 a 221 a.C – incorpora o reino de Cirene ao Egito. Auge do poder da dinastia.

Ptolomeu IV Filopator, o amigo do pai: casado com Arsínoe III, reinou de 221 a 205 a.C – cruel e fraco, dominado pelo seu ministro Sosíbio.

Ptolomeu V Epifânio, o ilustre: casado com Cleópatra I, reinou de 205 a 180 a.C

Ptolomeu VI Filometor, o amigo da mãe: casado com Cleópatra II, reinou de 180 a 170 a.C e entre 163 e 145 a.C – quando ascendeu ao trono tinha apenas 5 anos, pelo que a sua mãe Cleópatra I foi regente.

Ptolomeu VII Neos Filopator: reinou em 145 a.C (assassinado)

Ptolomeu VIII Evérgeta II: casado com Cleópatra II e Cleópatra III, reinou de 170 a 163 a.C e entre 145 e 116 a.C

Ptolomeu IX Sóter II: casado com Cleópatra IV e Cleópatra V Selene, reinou de 116 a 107 a.C

Ptolomeu X  Alexandre I: casado com Berenice III, reinou de 107 a 88 a.C

Ptolomeu IX Sóter II: reinou novamente de 88 a 80 a.C

Ptolomeu XI Alexandre II: casado com Berenice III, reinou em 80 a.C

Ptolomeu XII Neos Dionisos: casado com Cleópatra V, reinou de 80 a 51 a.C

Ptolomeu XIII: reinou de 51 a 47 a.C

Ptolomeu XIV: reinou de 47 a 40 a.C

Cleópatra VII: casada com o irmão Ptolomeu XIII e com o outro irmão Ptolomeu XIV e com Marco Antônio, reinou de 51 a 30 a.C – também reinou com seu irmão a partir de 51 a.C, foi retirada do poder e reposta em 46 a.C por intervenção de Júlio Cesar, seu amante. Com Marco Antônio tenta formar um Império no Oriente, mas foi derrotada por Octávio em 31 a.C

Ptolomeu XV César, Cesarion (pequeno Cesar): reinou de 44 a 30 a.C – filho de Cleópatra VII e Júlio Cesar, foi declarado co-regente aos três anos em 44 a.C e foi assassinado por Octávio em 30 a.C
(Wikipédia)

Impérios

Egito Primitivo
cerca de 4500-3100 a.C.

O Tempo da Unificação
O Egito já foi uma savana cheia de gazelas e elefantes onde homens caçavam e coletavam alimentos. Há cerca de 7 mil anos, o clima mudou e toda a região transformou-se num deserto. A exceção foram as terras cultiváveis às margens do Nilo. No norte – ou Baixo Egito, de acordo com o fluxo do Nilo – Buto tornou-se um centro mercantil. No sul, ou Alto Egito, Naqada e Hieracômpolis distinguiram-se como centros populacionais. Acredita-se que Narmer, um governante do Alto Egito, tenha unificado as duas regiões por volta de 3100 a.C. – uma placa de ardósia, na forma das paletas usadas para preparar cosméticos, parece comemorar esse acontecimento decisivo. Um dos lados mostra Narmer com a coroa do sul, golpeando um inimigo. O outro apresenta o líder com a coroa do norte num desfile triunfal. As formas de governo, a arquitetura e a escrita hieroglífica que perduraram por cerca de 30 dinastias foram aperfeiçoadas nesse período.


Antigo Império
cerca de 2575-2150 a.C.

Construtores de pirâmides
À medida que fortaleciam seu poder e organizavam a administração de seu território – que se estendia ao sul até a Núbia – os faraós canalizavam cada vez mais os recursos do país para a construção de seus túmulos. No início os arquitetos trabalhavam com adobe, mas na 3ª dinastia começaram a conceber pirâmides de pedras maiores. Só a realeza era sepultada ali, mas os nobres abastados também construíram para si tumbas requintadas. Nas paredes inscreviam hieróglifos que retratavam a recompensa que esperavam receber no além. Entre os objetos depositados no túmulo estavam papiro, material de escrita e artefatos de ouro. Boa parte da construção ocorria nos meses em que o Nilo inundava os campos cultivados, permitindo que o faraó utilizasse como pedreiros os camponeses ociosos. Para a Grande Pirâmide de Quéops, os trabalhadores prepararam e assentaram cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra, cada qual pesando em média 2,3 toneladas. A autoridade de Quéops era absoluta, mas na 6ª dinastia administradores regionais começaram a usurpar poderes reais. Diversos deles passaram a competir e o Egito entrou então numa fase de conflito interno, pobreza e fome – o Primeiro Período Intermediário.


Médio Império
cerca de 1975-1640 a.C.

Paz, progresso e influência estrangeira
Na 11ª dinastia, em Tebas, a realeza começou a reafirmar sua autoridade. Mas só Mentuhotep II conseguiu recuperar o controle sobre todo o país. Seu reinado de 50 anos inaugurou uma renascença cultural que prosseguiu nas duas dinastias seguintes. Instalou-se uma nova capital perto de Lish. Construtores reformaram templos e ergueram pirâmides. Artesãos produziram objetos como as miniaturas de madeira com cenas da vida cotidiana, achadas numa tumba do primeiro ministro do reino. Ourives criaram jóias cravejadas de pedras preciosas. Escritores elaboraram algumas das maiores obras da literatura egípcia. O Egito virou uma potência internacional. Reconquistou a Núbia e organizou várias expedições comerciais, erguendo fortalezas em sua fronteira meridional. A prosperidade atraiu um povo semita do Mediterrâneo oriental cujos governantes foram chamados de "hicsos" por cronistas posteriores. Na 13ª dinastia, sediada em Mênfis, os hicsos passaram a cumular poder político. Não se sabe como acabaram por governar o Egito, mas reinaram em sua capital, Avaris, numa época turbulenta chamada Segundo Período Intermediário. Ao mesmo tempo, governantes egípcios atuavam em Tebas sem interferência dos hicsos.


Novo Império
cerca de 1539-1075 a.C.

Apogeu dos faraós
Os governantes de Tebas expulsaram os hicsos do delta do Nilo e inauguraram uma era de riqueza e poder. Campanhas militares expandiram as fronteiras para além daquelas do Médio Império. O Egito se estendia desde a quinta catarata do Nilo até o rio Eufrates na Ásia ocidental. O reino de Mitani e os hititas, potências do norte, tornaram-se aliados, e a Assíria e a Babilônia enviavam tributos. As riquezas destinadas ao principal deus do Estado, Amon-Ra, deram poder aos sacerdotes do templo principal em Karnak, Tebas (hoje Luxor). O rei Akhenaton promoveu a adoração de Aton, o deus-sol, e construiu uma nova capital em Amarna. Nessa época os reis pararam de construir pirâmides. Num esforço para desencorajar os saqueadores, escavavam seus túmulos nas rochas do deserto, em Tebas. Os objetos da tumba de Tutankhamon, encontrada em 1922, ilustram essa época de esplendor. Os faraós das duas dinastias seguintes – entre eles Ramsés II, ou Ramsés, o Grande – combateram uma sucessão de inimigos estrangeiros, mas o império acabou ruindo. 

Durante o Terceiro Período Intermediário, o poder transferiu-se dos reis egípcios em Tânis e dos sacerdotes em Tebas para governantes de origem líbia e núbia. Os reis egípcios de Sais assumiram o controle na 26ª dinastia. Mais tarde, um Egito enfraquecido caiu duas vezes em poder dos persas e, por fim, sucumbiu a Alexandre, o Grande; e a dinastia Ptolomaica (305 a.C. a 30 a.C.). O fim da tradição dinástica coincidiu com o declínio da cultura do antigo Egito.


A era romana
30 a.C. a 395 d.C.

As importações de cereais egípcios eram importantes para a crescente população de Roma. Para legitimar seu domínio aos olhos dos egípcios, os romanos resgataram tradições reais como a construção de templos. Quando o Império Romano se dividiu, os governantes bizantinos assumiram o Egito.

(Suplemento da National Geographic Brasil – abril de 2001)

sábado, 28 de março de 2009

Egito um olhar amoroso

Robert Solé, nascido no Egito, mas há muitos anos vivendo na França, conhece bem o interesse e o fascínio que aquele país, há muito exerce no Ocidente e nos mostra um Egito desde os tempos faraônicos até o contemporâneo na forma de pequenas crônicas dispostas como se fosse um dicionário, onde podemos encontrar os famosos sítios arqueológicos: Saqqara e Kanark, e os grandes personagens históricos, como Ramsés e Alexandre. O leitor poderá perambular por caminhos que não os já conhecidos. Terá a companhia de escritores, artistas, sábios e agentes da história que, ao longo do tempo, tentaram compreender esse país, celebrá-lo ou encarná-lo: de Heródoto a Pierre Loti, de Champollion a Naguib Mahfuz, passando por David Roberts, Um Kalsum ou Omar Sharif.

de Robert Solé
Editora Ediouro - ensaio

  • Cada um traz em si o seu Egito, como uma miragem presente no imaginário coletivo e individual que produz em nossos espíritos sensações que nos envolvem com imagens sempre presentes, desde nossa infância: pirâmides, múmias, faraós e hieróglifos. O Egito é ao mesmo tempo uma história e uma fantasia, e é dessa forma que Robert Solé em seu 'Olhar Amoroso' traz para nós o passado e o presente dessa terra de faraós, reis e sultões.

Hino

O Grande Hino a Aton, provavelmente composto pelo próprio faraó, fornece uma imagem tão concreta quanto poética dessa religião (apenas uma parte do hino):

Como é bela a tua aparição no horizonte do céu,
ó Aton vivo, que deste início à vida (...)
Mas assim que te pões no horizonte ocidental,
a Terra mergulha na escuridão em estado de morte.
Todos deitados nos quartos, com a cabeça coberta,
ninguém vê ninguém;
Se lhes roubam todos os bens que possuem sob os olhos,
nem percebem!
Todos os leões saem de seus covis
e todas as serpentes picam.
As trevas se espalham e a terra fica em silêncio,
quando seu criador se põe no horizonte.
Ao amanhecer, assim que nasces no horizonte,
brilhas como astro do dia,
expulsas as trevas para lançar teus raios.
As Duas Terras ficam em festa.
Todos acordam, põem-se de pé,
pois tu os ergueste.
Os corpos estão limpos; os trajes, repassados;
e os braços, em gesto de adoração ao apareceres.
A Terra inteira trabalha,
e todos os animais estão satisfeitos com seu pasto.

Quéops

Quéops construiu a primeira, maior e mais perfeita das pirâmides de Gizé. Ainda não se conhecia o ferro e a roda, nem havia escravos. Contudo, esse faraó soube organizar o Estado e impulsionar a economia para realizar uma grande obra. Com ele, os faraós do Antigo Império alcançaram o auge do poder.

Quéops (2589-2566 a.C.) era filho de Sneferu e de Heteferes, filha do último faraó da III dinastia. Para o Egito, o aparecimento da IV dinastia representou o amadurecimento de sua estrutura territorial e uma grande prosperidade econômica. E é nesse contexto que se situa o mandato de Quéops, segundo faraó da IV dinastia. As informações que existem sobre a sua vida e o seu reinado são contraditórias, o que dificulta os estudos sobre ele. De acordo com a tradição proveniente da historiografia grega antiga, foi um faraó cruel e explorador. Em contrapartida, os textos contemporâneos consideram Quéops um reformador que conseguiu ampliar o poder real.

Durante o seu reinado, empreendeu várias reformas no país, destinadas a favorecer a eficácia do seu governo. Enfrentou a reestruturação da administração:

  • concedeu um papel mais importante ao cargo de vizir, o qual situou no topo da administração do Estado e separou dos restantes funcionários para ligá-lo à família real.
  • no âmbito religioso, definiu os privilégios dos sacerdotes e templos, escolhendo entre os membros da sua família os sumo-sacerdotes dos principais deuses.

Quéops casou três vezes e nasceram três filhas e seis filhos, quatro dos quais lhe sucederam no trono. Em termos de política externa, seu reinado caracterizou-se pela convivência pacífica com os povos vizinhos. As campanhas fora das fronteiras do Império, ao Sinai e à Núbia, só tiveram por objetivo a obtenção de minérios. Preocupado com sua viagem para o Além, ordenou a construção de uma grande obra que suplantou todas as outras. Mandou erigir a Grande Pirâmide e o complexo funerário que a envolve, destinado a acolher familiares e funcionários.

Milhões de blocos – calcula-se que a Grande Pirâmide é formada por mais de dois milhões de blocos de pedra com duas toneladas e meia cada um. Em média, esculpiu-se, removeu-se e colocou-se um bloco desses de 4 em 4 minutos, dia e noite, durante 23 anos. Mesmo hoje, isso nos parece impossível.

O selo do faraó – a tradição grega, de acordo com Heródoto, identificou o segundo rei da IV dinastia como Quéops, conhecido pelos antigos egípcios como Khufu, como se pode ler no rolo que ainda se conserva. Khufu é a abreviatura de Cnum Khufui, "Cnum protege-me".

O repouso particular do faraó – a habitação que seria o último repouso do rei foi construída de granito vermelho. Junto à parede oeste, colocou-se o sarcófago de granito, introduzido durante a construção, antes da colocação do teto da câmara. Para facilitar a ascensão de Quéops ao céu, abriram-se dois condutos de ventilação, cada um orientado para um determinado grupo de estrelas.

O retrato de Quéops – a única imagem que se conserva do construtor da maior pirâmide do Egito, encontrada em Abido, está atualmente em uma das salas do Museu do Cairo. Trata-se de uma pequena escultura de marfim com 7,5 cm de altura, que representa o rei com a coroa do Baixo Egito, sentado no trono, segurando um chicote(símbolo do poder) na mão direita. A mão esquerda está apoiada no joelho, posição característica das figuras reais. Dos rolos com os títulos reais que possivelmente o acompanhavam, só se conserva um.
(Fonte: Egitomania, o fascinante mundo do antigo Egito – fascículo 3)

Alexandria



Uma enseada soberba, que parece ter sido traçada a compasso. Mas nenhum daqueles relevos que tornam Nápoles, Gênova ou Marselhas tão interessantes. Também não há monumentos antigos para compensar essa costa branca e plana, exceto a coluna Pompéia, que se destaca solitária contra o céu.
"Cidade-souvenir", "capital da memória" ... O que resta do farol, da biblioteca, dos ptolomeus e de seus palácios? Onde fica mesmo a cidade furiosamente cosmopolita imortalizada? Alexandria parece esmerar-se em apagar os vestígios de seu passado.





De que Alexandria falamos? Pois há pelo menos três
  1. a cidade farol da Antiguidade,
  2. a cidade cosmopolita dos anos 1860-1960, e
  3. a megalópole de hoje
Durante toda a época faraônica, o Egito virou as costas para o Mediterrâneo. Seus portos escondiam-se no interior, às margens do Nilo. Conquistada em 331 a.C. por Alexandre, a cidade mudaria de perspectiva: o macedônio queria uma capital aberta para o mar. Mas porque escolher essa faixa de terra inóspita, imprensada entre mar e o lago Mareotis, um lago que nem se liga ao ao rio? Por duas razões: 
  1. o lugar é fácil de defender, 
  2. por ser um porto natural, 
mais tarde transformado num porto duplo, quando a ilha de Faros, bem próximo dali, foi ligada à costa por um longo dique e recebeu o famoso farol.

– A nova cidade destinava-se primeiramente aos gregos. Desde o nascimento, foi uma cidade à margem: Alexandrea ad Aegyptum (Alexandria próxima ao Egito). O célebre arquiteto Dinocrate concebeu um plano em forma de tabuleiro de xadrez para permitir a livre circulação do ar pelas ruas retilíneas quando ventasse. A água doce seria fornecida por enormes cisternas, alimentadas por aquedutos subterrâneos. Alexandria tornou-se, ao mesmo tempo, a sede da administração – doze soberanos lágidas(dinastia grega que reinou no Egito de 306 a 30 a.C.) ali reinaram – um centro artesanal, um importante centro comercial e a capital mundial do saber, graças à sua biblioteca e ao seu museu. Uma cidade completa e já mítica, que logo teria centenas de milhares de habitantes.

São Marcos chegou a Alexandria no ano 43 d.C. para fundar a Igreja do Egito. Às perseguições de que foram vítimas, os cristãos responderiam mais tarde com destruições: a Alexandria pagã não teria mais razão de ser. E os muçulmanos que ocupariam o Egito em 640 iriam empenhar-se em fazê-la desaparecer, preferindo outra capital.

Quando Bonaparte desembarcou ali em julho de 1798, Alexandria não passava de uma sombra de si mesma. Uma aldeota de 6000 habitantes, com ruas estreitas e casebres nada sólidos. A cidade só renasceria duas décadas mais tarde, graças à iniciativa de Mohammed Ali, o novo senhor do Egito (outro macedônio), que faria dela uma fortaleza e um arsenal.

– Europeus instalaram-se em Alexandria, a cidade ressuscitou, transformou-se pouco a pouco em centro financeiro e comercial de todo o Mediterrâneo. A presença e a arrogância dos europeus materializou-se de forma emblemática na Praça dos Cônsules, onde se instalaram as principais representações estrangeiras, as filiais das companhias marítimas, os grandes hotéis, restaurantes e lojas.

Em 1882, uma rixa banal entre um egípcio e um maltês incendiou a cidade, exposto às reações de oficiais nacionalistas, o quediva (título dos vices-reis turcos do Egito de 1867 a 1914), pediu socorro aos ocidentais, e a Inglaterra apressou-se em ocupar o país. Alexandria foi bombardeada, sofreu uma sucessão de incêndios e saques. A Praça dos Cônsules ficou em ruínas... Mais distante do Egito que nunca, Alexandria olhava para o resto do país com altivez. Nem por isso tornou-se inglesa.

A Revolução egípcia em 1952  e sobretudo a crise de Suez em 1956, mudou o clima e os residentes britânicos e franceses foram expulsos do Egito. Nos anos seguintes, Alexandria pouco a pouco se esvaziou da maior parte de sua população cosmopolita. Judeus, gregos, italianos, sírio-libaneses ou armênios exilaram-se. Alexandria passou a ser uma cidade egípcia, "no" Egito. É um grande centro industrial e comercial de quatro milhões de habitantes, mais tranquilo que o Cairo, embora mude de ritmo e de cara todo verão, com a invasão dos turistas.



  • Não faltam trunfos à "segunda capital". A nova biblioteca poderia atrair pesquisadores do mundo inteiro. Os vestígios greco-romanos são de uma riqueza incalculável: não se encontram apenas num museu velhusco e encantador, mas também sob a terra e sob o mar. Alexandria possui sem dúvida um nome mágico, que irá sempre provocar a imaginação.
do Livro 'Egito um olhar amoroso'

Templo de Abu Simbel

Os colossos, voltados para o sol nascente, ganham vida novamente. O rei desperta, ri. Rei ou deus? Ambos. Os templos de Abu Simbel, escavados na rocha para a glória do deus Rá e da deusa Hathor, destinavam-se a permitir que Ramsés II e sua esposa Nefertari fossem, em vida, objeto de culto. Na fachada do grande templo, as quatro estátuas gigantes do faraó esmagam as representações das outras personagens da família real. Até na fachada do pequeno templo, o de Nefertari, a suposta senhora do lugar é representada duas vezes menor que seu real esposo. Surpreende, no entanto, a unidade – e a audácia – nesse casal de traços tão jovens e parecidos, talhados em arenito para permanecer eternamente.
Situados 280 km ao sul de Assuã, na entrada do Egito, os templos de Abul Simbel deviam inspirar temor e respeito nas populações núbias então recém conquistadas. Os quatro gigantes sugeriam sentinelas ameaçadoras, capazes de enxergar além do horizonte e prestes a dar o alarme. Ou então juízes impiedosos, capazes de infligir os piores castigos: quando alguém se aproximasse desses quatro colossais Ramsés sentados, teria a impressão de comparecer diante de um tribunal. As paredes internas do grande templo celebram as vitórias do faraó (contra os hititas, os líbios, os núbios...), com uma fabulosa representação da batalha de Qadesh. No pequeno templo, do lado interno da fachada, o soberano ordena novamente o massacre, mas, com a mão levantada, a bela e graciosa Nefertari pede-lhe clemência... Embora não seja majestoso como o grande, nem tão bem acabado, o pequeno templo, comove muito mais.
O explorador e orientalista suiço Johann-Ludwig Burckhardt, disfarçado de comerciante árabe, foi o primeiro europeu a redescobrir Abu Simbel, em 22 de março de 1814. A fachada encontrava-se tão encoberta por areia, que ele se quer sabia se os colossos estavam de pé ou sentados. Três anos mais tarde, após várias tentativas, o italiano Giovanni Belzoni conseguiu cavar  uma pequena abertura na parte superior do portal, por onde pode penetrar no monumento e ver o santuário.
"O grande templo de Ibsambul por si só já vale a viagem à Núbia: é uma maravilha"
escreveu Jean-François Champollion a seu irmão, em janeiro de 1829. Três quartos dos templos ainda estavam encobertos pela areia, e só 80 anos mais tarde esses monumentos seriam totalmente desenterrados. Um detalhe, entre tantos outros, permite avaliar a perfeição do trabalho realizado durante o reinado de Ramsés II: o raio do sol nascente que, duas vezes por ano, em fevereiro e outubro, durante os equinócios, atravessa a porta do grande templo, as trevas das duas salas hipostilas, e incide, já dentro do santuário, sobre as estátuas de Harmakis, Ramsés e Amon-Rá, como que para insulflar-lhes de novo a energia divina. Hoje, para atender aos turistas, um raio elétrico cumpre a mesma função o ano inteiro.
  • Na década de 1960, sob a égide da Unesco, aconteceu o deslocamento do sítio, antes de ser acionada a barragem de Assuã, para evitar que fosse engolido pelas águas do Nilo. Foram içados 60m acima, até uma colina vizinha. Mais de mil blocos foram recortados, reforçados por injeções de resina sintética, depois transportados. Gigantescas abóbadas de concreto permitiram reconstruir fielmente o revestimento rochoso. Os templos, inicialmente localizados à margem do Nilo, passaram a siturar-se diante de um imenso espelho d'água, encoberto pela bruma matinal. Além de evitar o naufrágio dos templos, essa reconstituição espetacular, tornou-os conhecidos no mundo todo e quase indestrutíveis. (do livro 'Egito um olhar amoroso')

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pedra de Roseta

Estranho destino o desta estela: descoberta pelos franceses, mas de propriedade da Inglaterra. Uma estela quebrada, incompleta, que ninguém considera uma obra de arte e que nada tem a ver com as maravilhas legadas pelo Antigo Egito.
A descoberta da pedra de Roseta foi fruto do acaso. Ninguém a procurava ou sabia da sua existência. Encontrada numa fortaleza árabe do século XV d.C., localizada ao lado da cidade de Roseta, no norte do Egito, no braço ocidental do Nilo. Foi batizada de Fort-Julien pelas tropas de Napoleão, que tentava consertá-la quando os otomanos desembarcaram perto dali; em julho de 1799, para expulsá-los do Egito.
De maneira casual, durante os reparos da fortaleza, um jovem oficial, François-Xavier Bouchard, e seus homens acharam a famosa pedra:
  • Um bloco de granito, com pouco mais de um metro de altura, 72 cms de largura e 27 cms de espessura. Pesava 760 quilos. Nunca seria encontrada a parte de cima. O canto inferior direito também se perdeu. Numa das faces, bem polida, estavam gravados três textos, três faixas horizontais, em três escritas diferentes: grego embaixo, hieróglifos em cima, caracteres desconhecidas no meio. Esses caracteres, eram do demótico, uma escrita cursiva do Antigo Egito, simplificação dos hieróglifos.
Como se sabia ler o grego antigo, logo se percebeu tratar-se de um decreto religioso, emitido em honra de um soberano ptolomaico, no século II a.C. No fim do documento, descobriu-se um detalhe importante: o texto deveria ser afixado em todos os templos do Egito, em grego, na língua sagrada (isto é, hieróglifos) e na língua local. Em outras palavras, pela primeira vez dispunha-se de um documento trilíngue. Ou melhor, bilíngue (grego e egípcio) em três escritas.
Ao ver a pedra de Roseta, os oficiais e os estudiosos de Napoleão logo perceberam o tesouro que tinham nas mãos, talvez "a chave dos hieróglifos", segundo Le Courrier de l'Egypte, jornal da Expedição francesa. Os orientalistas fizeram cópias da pedra, tão minunciosas quanto possível, e lançaram-se à tarefa de decifração. Tentaram comparar o texto grego não ao texto hieroglífico, muito incompleto (só conservou parte das 14 últimas linhas), mas ao texto intermediário. Partindo dos nomes próprios do texto grego, procuraram os grupos de sinais correspondentes com a ajuda de um compasso. Infelizmente, não era uma tradução literal. De qualquer modo, esses jovens especialistas não tinham o conhecimento necessário para avançar na decodificação.
A pedra foi deixada de lado e ficou guardada num palácio do Cairo. Foi levada para Alexandria para ser transportada até a França. Mas os ingleses desembarcaram na primavera de 1801 e apossaram-se dela, apesar dos protestos dos franceses. Em Londres, a pedra de Roseta foi incorporada ao Bristish Museum em 1802. Na parte lateral da pedra, escreveram com tinta branca: "Captured in Egypt by the British army" ("confiscada no Egito pelo Exército britânico").
Enviaram cópias às universidades européias, e começou uma corrida à decifração, da qual participaram algumas das melhores cabeças da época. Jean-François Champollion acabou compreendendo que a escrita dos antigos egípcios era ao mesmo figurativa e fonética. A pedra representou um desafio, foi o motor, o ponto de partida de uma das aventuras científicas mais apaixonantes. 
A estela só saiu de Londres uma vez, em 1972, para ser exposta durante algumas semanas no Museu do Louvre, por ocasião do sesquicentenário da decifração dos hieróglifos.
Uma reprodução da pedra está em Figeac, cidade natal de Champollion,numa pequena praça em estilo egípcio, a pedra tem 11 metros por 8,5 metros, e esse lugar chama – Praça das Escritas.
(do Livro 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé, pág 357)

Hino a Aton

A Noite

Quando te deitas no horizonte ocidental,
o país fica nas trevas, como na morte.
Todos dormem em suas alcovas
(com) as cabeças cobertas
e um olho não vê o outro olho.
Suas coisas são roubadas
(até mesmo) sob sua cabeça e eles não percebem.
Todos os leões saem de sua caverna,
todas as suas serpentes picam.
As trevas tudo cobrem,
a terra está em silêncio,
pois seu criador descansa no horizonte.
(do livro 'Escrito para a eternidade' de Emanuel Araújo)

Napoleão no Egito

Quando Napoleão quis motivar os seus soldados para a chamada "Batalha das Pirâmides", não elogiou o valor que possuíam, não falou do ódio pelo inimigo, nem da importância daquela batalha. Tinha diante de si um argumento muito mais poderoso. "Soldados", disse-lhes, "do alto destas pirámides quarenta séculos vos contemplam".

Sabemos hoje que os cálculos de Napoleão falharam por pouco: as Pirâmides de Gizé têm mais de 4.500 anos. Contudo o fascínio que o antigo Egito exerce sobre nós continua irresistível, a ponto de o país atrair nosso interesse até os dias atuais. Basta dizer que o Museu do Louvre de Paris organizou, há poucos anos, uma grande exposição sobre esse tema, que obteve enorme sucesso junto ao público.

O Antigo Egito sempre exerceu uma atração irresistível: de Heródoto a Napoleão, de Champllion (o decifrador da escrita hieroglífica) a Howard Carter (o descobridor do túmulo de Tutancâmon), do arqueólogo mais rigoroso ao simples turista, todos sentimos um imenso desejo de visitar seus templos e pirâmides, túmulos e obeliscos, museus e exposições.
Os romances com temas egípcios tornaram-se grandes best-sellers. As jóias egípcias são copiadas pelos desenhistas de jóias da atualidade. A forma piramidal inspira obras arquitetônicas mais modernas. As notícias de achados arqueológicos egípcios ocupam as primeiras páginas de jornais. O cinema resgata temas e personagens do Antigo Egito. Os museus egípcios estão cheios de visitantes... Se isso acontece quando existem apenas vestígios daquela maravilhosa civilização, o que aconteceria sem tantos séculos de destruição e saque? O que ocorrerá no futuro, quando forem descobertos mais vestígios em localidades do mundo antigo ainda cobertas pelas areias do deserto?

Nenhuma outra civilização durou tanto como a do Egito dos faraós. E milhares de anos depois, nenhuma nos fascina tanto. Com os egípcios, a humanidade passou da pré-história à história, há cerca de 5.000 anos. A sua civilização prolongou-se por três milênios! Para se ter uma idéia de como é longo esse período, basta pensar que a rainha Cleópatra existiu em uma época bem mais próxima à nossa – quinhentos anos mais próximo – que os faraós que construíram as grandes pirâmides.

(Fonte: 'Egitomania, o fascinante mundo do antigo Egito' – fascículos – 2001)

quarta-feira, 25 de março de 2009

A Rainha Liberdade


De Christian Jacq – Por intermédio da história verídica e emocionante de Ahotep, a Joana d'Arc egípcia, o livro nos apresenta um Egito fabuloso, prestes a desaparecer, mas que renasce das cinzas, liderado pela coragem e pela paixão dessa jovem mulher. Sem a rainha Ahotep, o vale dos reis não teria existido, o Egito não teria conhecido o período de esplendor do Novo Império... nem seus mais gloriosos faraós, como Ramsés, o Grande.

Obra em três volumes:
  1. O Império das Trevas
  2. A Guerra das Coroas
  3. A Espada Flamejante

As origens da religião egípcia


Para compreendermos a religião do Antigo Egito, precisamos recuar no tempo, milênios atrás, quando os deuses ainda andavam pela terra e viviam em um local que se chamava Atlântida, uma grande Ilha, que se localizava entre a África e as Américas, no Oceano Atlântico.


Na Atlântida não existia o mal e seus habitantes seguiam as leis da natureza. Como o processo de criação ainda não havia terminado, os Atlantes testemunharam a criação das plantas, animais, pássaros e seres rastejantes. Viram também a formação da Lua, quando o "Grande Astro Rubro", por ocasião de sua passagem, arrancou uma parte do planeta e a atirou ao espaço. Este pedaço do planeta, incandescente como carvão em brasa, ficou girando em torno da Terra, preso em seu campo gravitacional e à noite brilhava como um sol vermelho.
Com o impacto ocorreram muitas transformações no planeta e o solo de Atlântida tornou-se instável. Toth, sabendo que a "Grande Ilha" poderia submergir no oceano, ordenou a emigração das quatro famílias que representavam a população Atlante. Estas famílias eram formadas pelos seguintes casais : 

  • Nun e Naunet: "Oceano Primordial"
  • Hehu e Hehut: "Eternidade"
  • Kekui e Kekuit: "Escuridão"
  • Amon e Amaunet: "Ar".

Antes da catástrofe final, os Sábios e Sacerdotes Atlantes, cientes de que os dias daquela civilização estavam contados, partiram de lá, com destino à quatro regiões distintas: 

  1. América Central, dando origem a Civilização Maia e a todos os descendentes da Raça Vermelha;
  2. noroeste da Europa, onde posteriormente na Bretanha, deram origem à Civilização Celta e a todos os descendentes da Raça Branca
  3. para a Ásia onde deram origem à Civilização Chinesa e a todos os descendentes da Raça Amarela
  4. nordeste da África onde deram origem a Civilização Egípcia e a todos os descendentes da Raça Negra;

Os atlantes levaram com eles grandes conhecimentos sobre construção de pirâmides, e sobre a utilização prática de cristais, assim como conhecimentos elevados de outros ramos científicos, como matemática, geometria, astronomia, medicina, agricultura, etc.
A família de Amon e Amaunet, acompanhada de Toth e de outros sábios e sacerdotes, chegaram ao norte da África por volta do ano 50.000 a. C., conhecido em arqueologia como o período pré-dinástico. Encontraram uma população autóctone primitiva, sobrevivendo da caça e da coleta, que não dominava a agricultura e tampouco domesticava animais.
Os nativos ficaram maravilhados com a visão daqueles néteres (deuses), saindo do "Ovo Dourado" que surgiu voando.
Os Mestres Atlantes ficaram fascinados com a beleza da região e principalmente com a docilidade de seus habitantes. Resolveram então se estabelecer no delta do Nilo e iniciar o processo de transmissão das artes da agricultura e da civilização.
Estabeleceram as bases da religião egípcia, inspirada na religião atlante, essa religião era essencialmente monoteísta, com a crença em um deus principal criador de todo o universo, sem gênero ou forma, ao qual davam o nome de Amon-Rá ( A luz Oculta ), Atun-Rá ( A fonte e o fim de toda Luz ) ou simplesmente ( A luz de Deus ). Os outros néteres ( deuses ) eram apenas as emanações de em seus vários aspectos.
As questões espirituais estavam intimamente ligadas à ciência e às demais áreas do conhecimento humano. Os Sacerdotes Atlantes adaptaram seus princípios religiosos às crenças locais, que representavam aspectos da natureza, como o Sol, a Lua, as cheias e vazantes do Nilo. Criaram mitos e lendas para assim perpetuar seus ensinamentos, dentre as quais a mais significativa é a lenda de Isis e Osiris.

terça-feira, 24 de março de 2009

Bandeira do Egito

A bandeira do Egito foi adotada em 4 de outubro de 1984. É composta por 3 faixas horizontais de mesmo tamanho. As faixas são vermelha, branca e preta. A origem dos elementos desta bandeira está no Império Turco-Otomano.

  • Significado das cores
Vermelha – simboliza a história do país.
Branca – representa a Revolução de 1952 que permitiu a deposição do rei Faruk I, e que acabou com a definitiva proclamação da República.
Preta – simboliza o final da opressão do colonialismo britânico sobre o povo egípcio. E também a morte dos Faraós Tutankamon e Menés.
O escudo é um símbolo da paz no Egito desde a Guerra dos 6 Dias, e também um dos símbolos egípcios mais importantes.





Atual Bandeira do Egito (1984)







Bandeira do Egito de 1972 - 1984






Bandeira da República Árabe Unida de 1958 - 1961






Bandeira da Revolução Egípcia de 1952







Bandeira do Reino do Egito de 1922 - 1952





Bandeira no período de 1831? - 1914





Bandeira do tempo do domínio do Império Otomano, no século XIX




Veja também: A Bandeira do Egito


(Wikipédia)

Vaso Canopo

Vaso canopo era um recipiente utilizado no Antigo Egito para colocar órgãos retirados do morto durante o processo de mumificação. A forma destes recipientes variou ao longo da história do Antigo Egito, bem como os materiais em que estes foram feitos, que incluíram a madeira, a pedra, o barro e o alabastro. Os Egípcios acreditam que a preservação desses órgãos era fundamental para assegurar uma vida no Além.

Canopo era o nome de uma cidade costeira egípcia localizada na região do Delta do Nilo, perto da atual cidade de Alexandria. Era também o nome de um piloto de Menelau, que teria sido enterrado nesta cidade, onde foi adorado como divindade representada como um vaso com cabeça humana. Quando os primeiros egiptólogos começaram a desenvolver o seu trabalho eles denominavam qualquer vaso que tivesse uma forma humana como "canopo", acreditando que seria a confirmação da lenda grega.

Os primeiros recipientes usados com o objecto de guardar as vísceras eram feitos de madeira e de alabastro, possuindo a forma de um cofre. O mais antigo que se conhece é um cofre em alabastro que pertenceu à mãe do faraó Khufu (Quéops), a rainha Hetepheres I (IV Dinastia), apresentando quatro compartimentos. Os quatro vasos separados surgiram no tempo de Miquerinos. No começo do Império Novo eram decorados com a imagem idealizada do defunto. Na parte final do Império Novo começaram a representar-se nas tampas as cabeças de um homem, de um babuíno, de um chacal e de um falcão. Na Época Saíta os vasos deixaram de ser usados para colocar órgãos, sendo maciços.

Na versão "clássica" dos vasos canopos (versão em que cada tampa apresenta as cabeças esculpidas dos animais e a cabeça esculpida de um homem) cada um dos vasos era identificado com uma divindade, conhecidas como Filhos de Hórus: Imseti, Hapi, Duamutef e Kebehsenuef.
Acreditava-se que cada um destes filhos de Hórus protegia um órgão, que eram respectivamente o fígado, os pulmões, o estômago e os intestinos. Os vasos eram colocados nos túmulos orientados para cada um dos pontos cardeais, sendo cada um deles associados a uma deusa tutelar: Ísis, Néftis, Neit e Serket.



A informação anterior pode ser resumida no seguinte quadro:

Wikipédia

Cleópatra

a rainha do Egito

Por CRISTIANO CATARIN

Cleópatra, a rainha grega do Egito. Provavelmente tudo que o mundo sabe sobre ela esteja errado. Muitas versões a descrevem como uma mulher fatal e de rara beleza. Alguns relatos valorizam, com certo exagero, a questão estética da jovem rainha. Quem era a verdadeira Cleópatra?

Trezentos anos antes de Cleópatra governar o país mais rico do mundo, Alexandre, o grande, tinha acabado de conquistar o Egito. Desejoso de ser considerado uma divindade, o comandante militar dirigiu-se ao templo de Siwa – onde fora proclamado um deus pelo oráculo. Alexandre conquistou o maior império de toda história, dominando terras que iam da Europa a Índia. Cleópatra certamente inspirou seus objetivos, sobretudo políticos, as façanhas alcançadas por Alexandre, o maior líder militar que o mundo já conheceu. Ela era ambiciosa, determinada e inteligente, mas sua aparência não era de uma mulher fatal (veja a ilustração acima).

– Origem e família da jovem rainha
Cleópatra era descendente dos reis gregos do Egito, os ptolomáicos. Ela nasceu em Alexandria. Seus cabelos eram avermelhados, a ilustração acima não mostra a rainha utilizando-se de jóias. Definitivamente, estas não são características de uma mulher fatal. Por outro lado, uma harmoniosa combinação de: espiritualidade, determinação e inteligência tornaram Cleópatra à mulher mais famosa do mundo. A localização dos ancestrais da jovem rainha fica a oitocentos quilômetros de Alexandria, na ilha de Filae. Nesta região, durante 300 anos, foram construídos templos dedicados aos XII Ptolomeus. Ptomoleu III foi o ultimo grande faraó da era ptolomáica, reconquistando grande riqueza que havia sido perdida para outras civilizações. Ptolomeu IV foi um grande fracassado que perdera grande parte das riquezas do Egito antigo.
O pai de Cleópatra, Ptolomeu XII, era conhecido como “o tocador de flauta”. O tempo todo ele dava primazia em tocar o pequeno instrumento de sopro, evitando assim, as responsabilidades do governo. Aos dezoito anos de idade, Cleópatra perdeu seu pai. O testamento de Ptolomeu XII dizia que o Egito deveria ser governado por Cleópatra e seu irmão, Ptolomeu. Mas na prática isto não chegou a ocorrer. Os dois brigaram pela disputa ao poder.

– O Romance com Julio César
Júlio César, poderoso general romano, acompanhou de perto as desavenças entre Cleópatra e seu irmão, e no palácio de Alexandria, mandou chamá-los para entender melhor a questão.
Fontes antigas nos revelam que Cleópatra chegou até César antes de seu irmão. Enrolada e escondida em um tapete, ela temia ser surpreendida pelo seu irmão. O general romano ficou impressionado com a jovem rainha. Desde então uma atração física começou a dominar o futuro casal.
Cleópatra estava determinada com a idéia de conquistar um grande império, como de Alexandre. O terrível incêndio que destruiu a biblioteca de Alexandria durante um conflito entre egípcios e romanos deixou a jovem rainha profundamente magoada, revelando seu apreço pelos livros, seu maior patrimônio era a inteligência.
Cesar adiou sua volta a Roma e juntou-se a Cleópatra para conhecer melhor o Egito. Decerto, Cleópatra queria impressionar o general romano com a grandeza e principalmente riqueza de seu país. Cleópatra era considerada uma deusa, César como seu acompanhante também era visto como um deus.


– Uma Esperança de vida
Foi no cemitério de Sakara que César viu pela primeira vez uma múmia de perto. A crença na vida após a morte e a possibilidade da imortalidade com a preservação do corpo, é uma idéia que pode ter atraído César que já estava envelhecendo. O nobre casal passou por Tebas, Karnak e Luxor, locais de grande admiração do Egito antigo. Durante este longo passeio, César observou também os grandes campos de trigo do Egito, alimento suficiente para alimentar seu exército.
Os restos do templo de Cleópatra podem ser visto em Hermonts. Foi neste local que a democracia romana entraria em declínio.

– Cleópatra em Roma
César agora era um deus que teria um filho com Cleópatra. Esta idéia de governar Roma como um deus contaminou os sucessores de César. Era o fim da democracia no senado romano. Cesário, filho de Cleópatra com César governaria um grande império como o de Alexandre. Era uma possibilidade que passou a ser uma obsessão da jovem rainha. Em Roma havia grandes comemorações que aconteciam como desfiles de triunfos. Num triunfo egípcio, Cleópatra presenciou sua irmã, Arsenob acorrentada pelo exército romano, em correntes de ouro.
Cleópatra amava César, não Roma. Arsenob era uma ptolomáica, derrotada por romanos, isto marcaria a vida da jovem rainha para sempre. Mas a esta altura, Cleópatra era o assunto em evidencia de Roma. César ganhou muito dinheiro e comprou muitas casas, construiu um templo com a estátua de Cleópatra e um belo jardim para sua amada. Isto revelava o quanto era verdadeiro seu amor pela rainha do Egito. Já por dois anos em Roma, Cleópatra – aliada ao homem mais poderoso do mundo – tornou-se a mulher mais poderosa do mundo. Parecia certo que seu filho, Cesário, herdaria um império de grandeza similar ao conquistado por Alexandre, o grande. A idéia de eliminar a república romana não agradou nenhum pouco o senado. César foi terrivelmente assassinado por inimigos políticos.
Marco Antônio, aliado do Casal e general de César, expôs ao senado romano que Cesário, filho de Cleópatra era o herdeiro legítimo de César. Otaviano (sobrinho de César) reclamou tal legitimidade. A beira duma guerra civil, Cleópatra voltou para o Egito com seu filho. O país mais rico do mundo estava em declínio econômico e político. Mas Cleópatra utilizou de toda sua habilidade administrativa para melhorar a situação explorando as estradas de comercio (com a extração do Pófiro) e a rota das caravanas, esta última, estabelecida desde a era ptolomáica. A rota das caravanas desempenhava um duplo objetivo econômico, além de abastecer o comercio local, era também a principal mantenedora dos luxos do palácio egípcio.


– O romance com Marco Antônio
O general Marco Antônio precisada das riquezas do Egito para vencer seu principal inimigo, Otaviano e conquistar Roma. Ele solicitou um encontro com Cleópatra em Tarsus. Cleópatra aceitou o encontro, porém, de acordo com sua conveniência. Por outro lado, Cleópatra precisava de Marco Antonio para dar continuidade em seu plano de entregar um grande império a seu filho, Cesário. Em Alexandria, Cleópatra já voltou amante de Marco Antonio e grávida de gêmeos. O general partiu para uma batalha e deixou a rainha no Egito. Algum tempo depois, uma carta de Marco Antonio revelava que ele estava com outra mulher e tinha abandonado Cleópatra.
Aos 29 anos, mãe de três filhos pequenos, Cleópatra teve de adiar mais uma vez seus planos quanto ao futuro de Cesário. Foi nesta ocasião, em Dendera, que a rainha dedicou-se intensamente a religião, que no Egito antigo significava basicamente uma transição entre deuses e o faraó. O país teria prosperidade assegurada, desde que esta transição ocorresse de maneira harmoniosa e precisa. Dendera abriga uma imagem de Cleópatra fazendo oferendas aos deuses. Detalhe: normalmente os faraós apareciam em paredes de templos acompanhados de seus maridos ou esposas. Mas Cleópatra não era uma rainha qualquer, seu filho Cesário, é quem aparece ao seu lado.

– A volta de Marco Antônio
Marco Antônio voltou tempos depois e pediu um novo encontro com Cleópatra. Ele ainda precisava das riquezas do Egito para vencer Otaviano. A rainha estava com a mente confusa, mesmo com toda dedicação em preparar um futuro prospero para Cesário, Cleópatra tinha sentimentos. Ela fora abandonada prestes a dar vida a dois filhos gêmeos. Mas sua determinação política venceu seus ressentimentos, aceitando assim, um novo encontro com Marco Antônio. Desta vez Cleópatra condicionou as riquezas do Egito a um grande acordo nupcial. Para ela ficou a região de Arnúbia, Chipre, Sinai, Armênia, Norte da África e Fenícia.
Territórios conquistados com o sangue romano tinham sido entregues a uma rainha egípcia. Isto causou fúria em Roma, alimentando com raiva às tropas lideradas por Otaviano que estava preparando um confronto final contra Marco Antonio. Nesta batalha, Otaviano sagrou-se vitorioso. Cleópatra chegou a acompanhar de perto o confronto, mas quando percebeu a eminente derrota de Marco Antonio, fugiu em sua nau capitânia. A rainha seguiu para Alexandria. Marco Antonio não conseguiu acompanha-la e perdeu-se no caminho, caindo em desespero. Cleópatra planejou uma viajem até a Índia, onde fundaria um novo império com sua riqueza. Era sua última chance.
Em Petra, Cleópatra foi surpreendida e suas embarcações (carregadas e prontas para ganhar o mar) foram incendiadas. Marco Antônio, preservando o estilo romano, entregou-se a espada e fora morrer aos braços de sua amada. Já havia uma tumba preparada para Cleópatra. Porém, sua morte faz parte de uma discussão interminável.


– A morte de Cleópatra
Muitos textos antigos afirmam que ela tenha sido morta por meio de uma picada de cobra. (resta saber se por uma NAJA, ou uma VÍBORA). A Naja possui um veneno mais letal e sua picada é de difícil identificação. Já a Víbora provoca um inchaço grotesco, e, por esta razão, a morte por meio de uma víbora é descartada por estudiosos.
A morte por meio da picada da naja evitaria a exposição de Cleópatra num triunfo romano, conforme desejo de Otaviano. Cleópatra estava confinada num dos quartos do palácio e, tudo que era levado até ela era inspecionado para evitar seu suicídio. Mas de alguma forma, ela conseguira se matar conduzindo uma de suas mãos a uma “compota” onde uma naja estaria entre os frutos. Quando os soldados romanos de Otaviano entraram no quarto da rainha, ela já jazia morta e vestida com trajes reais. Otaviano nada pode fazer a não ser expor para seu poderio militar um retrato da rainha Cleópatra.
Os dois filhos gêmeos de Cleópatra perderam-se na história. Otaviano matou Cesário, impedindo definitivamente qualquer chance de prosperidade política para o filho da rainha. Alexandria deixou de ser um lugar dedicado ao saber, passando a ser uma mera província romana no Egito. Mas Cleópatra nunca fora esquecida. Ela era a rainha do antigo Egito.


Ankh

Conhecida como cruz ansata, era na escrita hieroglífica egípcia o símbolo da vida. Conhecido também como símbolo da vida eterna. Os egípcios a usavam para indicar a vida após a morte. Hoje, é usada como símbolo pelos neopagãos.
A forma do ankh assemelha-se a uma cruz, com a haste superior vertical substituída por uma alça ovalada. Em algumas representações primitivas, possui as suas extremidades superiores e inferiores bipartidas.

Há muitas especulações para o surgimento e para o significado do ankh, mas ao que tudo indica, surgiu na Quinta Dinastia. Quanto ao seu significado, há várias teorias. Muitas pessoas vêem o ankh como símbolo da ressureição.
A alça oval que compõe o ankh sugere um cordão entrelaçado com as duas pontas opostas que significam os princípios feminino e masculino, fundamentais para a criação da vida. Em outras interpretações, representa a união entre as divindades Osíris e Ísis, que proporcionava a cheia periódica do Nilo, fundamental para a sobrevivência da civilização. Neste caso, o ciclo previsível e inalterável das águas era atribuído ao conceito de reencarnação, uma das principais características da crença egípcia. A linha vertical que desce exatamente do centro do laço é o ponto de intersecção dos pólos, e representa o fruto da união entre os opostos.

Apesar de sua origem egípcia, ao longo da história o ankh foi adotado por diversas culturas. Manteve sua popularidade, mesmo após a cristianização do povo egípcio a partir do século III. Os egípcios convertidos ficaram conhecidos como Cristãos Cópticos, e o ankh (por sua semelhança com a cruz utilizada pelos cristãos) manteve-se como um de seus principais símbolos, chamado de Cruz Cóptica.

No final do século XIX, o ankh foi agregado pelos movimentos ocultistas que se propagavam, além de alguns grupos esotéricos e as tribos hippies do final da década de 60. É utilizado por bruxos contemporâneos em rituais que envolvem saúde, fertilidade e divinação; ou como um amuleto protetor de quem o carrega. O ankh também foi incluído na simbologia da Ordem Rosa-Cruz, representando a união entre o reino do céu e a terra. Em outras situações, está associado aos vampiros, em mais uma atribuição à longevidade e imortalidade. Ainda encontra-se como uma alusão ao nascente-poente do Sol, simbolizando novamente o ciclo vital da natureza.            (Wikipédia)

O Ankh é um símbolo que significa, entre outros, a imortalidade. É encontrado nas gravuras e hieróglifos a partir da 5ª Dinastia egípcia, principalmente nos Templos de Luxor, Medinet Habu, Hatshepsut, Karnak e Edfu. Além de obeliscos, túmulos e murais. No túmulo de Amenhotep II, vemos o Ankh sendo entregue ao faraó por Osíris, concedendo a ele o dom da imortalidade, ou o controle sobre os ciclos vitais da natureza, ou seja, o início e fim da vida. Em algumas situações, é encontrado próximo a boca das figuras dos deuses, neste caso significa um Sopro de Vida. Na tumba de Tutankhamon, foi encontrado um porta-espelho na forma de Ankh, já que a palavra egípcia para espelho também é Ankh. Sua presença também é marcante em objetos cotidianos, como colheres, espelhos e cetros utilizados pelo povo do Egito. No Ocidente, o Ankh é conhecido como Cruz Egípcia ou Cruz Ansata. Esta segunda denominação tem origem na palavra latina Ansa, que significa Asa. Além destas, o encontramos como Chave do Nilo (ou da vida), Cruz da Vida ou simplesmente Cruz Ankh.
Porém, a maioria dos conceitos ocidentais não é correto, pois os egípcios da Antigüidade desconheciam a fechadura. Portanto, não seria possível associá-lo a uma chave.      (Veja mais em: Ankh)

segunda-feira, 23 de março de 2009

As Coroas do Egito

As coroas egípcias eram símbolos do poder dos faraós, encontrando-se igualmente associadas aos deuses da mitologia egípcia, manifestando-se de diferentes formas. A palavra egípcia para designar coroa era khau.




  • Coroa branca ou hedjet
A coroa branca ou hedjet apresentava a forma de um longo cone, que terminava numa ponta arrendondada (uma espécide de bolbo). Antes de unificação do Egito, esta coroa era usada pelos reis do Alto Egito que se estendia para sul de Mênfis até Tebas. Era um dos emblemas da deusa abutre Nekhbet, a deusa tutelar do Alto Egito.

  • Coroa vermelha ou decheret
A coroa vermelha era chamada em egípcio decheret ou net, estando associada à coroa do rei do Baixo Egito (o norte do país, região que correspondia ao Delta do Nilo). Era a coroa de Uadjit, deusa tutelar do Baixo Egito. As deusas Amonet e Neit poderiam também usar esta coroa.

  • Coroa dupla
A coroa dupla resultava da combinação das duas coroas anteriores. Significava o domínio sobre as Duas Terras, ou seja, sobre o Alto Egito e o Baixo Egito. A coroa vermelha poderia sobrepor-se à branca ou vice-versa, conforme a região do Egito que se queria enfatizar.

Atef
Assemelhava-se à coroa branca, possuindo um disco solar e duas plumas de avestruz colocadas uma em cada lado. Esta coroa era usada pelos deuses Osíris, Sokar, Tot, entre outros. O deus Geb usava uma coroa atef sobre um coroa vermelha.

Kheprech
Esta coroa pode ser descrita como uma espécie de "capacete" azul, decorada com pequenos círculos dourados. É por vezes descrita como uma "coroa de guerra", mas esta designação é enganosa pois ela não era usada pelo faraó em batalhas, mas em cerimônias militares. Pensa-se que estava relacionada com a energia que seria necessária ao faraó para governar o país e que se acreditava pode ser conseguida se ele a usasse. Surge em inúmeras representações reais da época do Império Novo.

Hemhemet ou atefu
Era constituída por três coroas atef justapostas. Cada uma destas coroas tinha um disco solar, duas penas de avestruz laterais e dois uraeus.
(Fonte: Wikipédia)

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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